Salto no preço do minério manterá acesa chama da fartura dos royalties no Pará

Produto com entrega em janeiro está com tonelada acima de 130 dólares e deve garantir início de ano farto às riquíssimas prefeituras de Parauapebas e Canaã dos Carajás; confira projeções

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As duas maiores potências minerais do país, Parauapebas e Canaã dos Carajás, vão iniciar 2021 com o pé direito, do ponto de vista financeiro, recebendo excelentes quantias de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). A razão é uma só: subida rápida do preço da tonelada do minério de ferro no mercado internacional. Nesta quinta-feira (19), o preço para o produto de referência, com teor médio de pureza de 62%, aproximou-se de 135 dólares a tonelada, considerando-se a entrega da commodity para janeiro. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.

O preço está disparando por questões que fogem à lógica de Carajás. É que a Austrália, grande produtora de minério assim como o Brasil, está com produção e estoques em baixa, o que pressiona a demanda na China, maior consumidora global de ferro dedicado a alimentar sua insaciável indústria de aço. Com menor oferta e grande procura, a valorização aumenta.

Na China, o produto do Pará larga na frente na preferência devido ao seu elevado teor, que chega a 67% de pureza e que, por isso, contribui positivamente com as políticas antipoluição do país. O governo chinês impôs restrições à indústria siderúrgica doméstica, que usa altos fornos alimentados por carvão para derreter minério de ferro. Por essa razão, houve aumento da demanda do produto saído de Parauapebas e Canaã dos Carajás, de maior qualidade e capaz de produzir mais aço com menos emissão de poluentes.

Expectativas

Com o preço na casa dos 130 dólares a tonelada (embora a média para o mês de novembro esteja em 123 dólares) e mantido o ritmo da produção física atual (10 milhões de toneladas em Parauapebas e 8 milhões de toneladas em Canaã), a previsão é de que os royalties de janeiro venham em cerca de R$ 100 milhões para a conta da Prefeitura de Parauapebas e R$ 70 milhões para a Prefeitura de Canaã dos Carajás.

Os valores são colossais quando comparados com os que foram recebidos no início deste ano — R$ 60,5 milhões por Parauapebas e R$ 33 milhões por Canaã. E, se mantiverem o ritmo ao longo do ano que vem, poderão cobrir as previsões da Lei Orçamentária Anual (LOA). A Prefeitura de Parauapebas espera R$ 750 milhões em Cfem nos cofres em 2021, enquanto a de Canaã confabula R$ 614,1 milhões.

Ao que tudo indica, 2021 deve ser mais um ano daqueles: daqueles municípios que produzem muito recurso mineral e daquelas prefeituras que, atrás da produção desses recursos, são muito bem compensadas financeiramente, posicionando-se como as mais ricas do país. Na balança comercial, Parauapebas e Canaã seguem líderes.