Roberto Jefferson resiste à prisão e fere dois agentes da PF

Federais tentam cumprir ordem de prisão de Alexandre de Moraes
Jefferson recebe PF à bala e granadas

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Brasília –Cumprindo prisão domiciliar desde janeiro quando deixou o regime fechado por questões de saúde, o ex-deputado Roberto Jefferson — presidente nacional licenciado do PTB —, resistiu na sua casa, a nova ordem de prisão disparando tiros e granadas a esmo neste domingo (23), ferindo dois agentes federais que cumpriam mandato expedido pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, após a veiculação de novos vídeos com ataques ao processo eleitoral e a ministros do tribunal, desobedecendo, portanto, medidas cautelares estabelecidas pela própria justiça.

A situação é tensa no local, os policiais feridos passam bem e o local está cercado. Muitos curiosos estão na área dificultando o trabalho policial.

Curiosos cercam a casa do ex-deputado 

No meio da tarde, o ministro da Justiça, Anderson Torres, chegou ao local e, segundo informações da Polícia Militar, que participa do cerco, Torres está negociando a rendição.

A PF reforçou a equipe e os policiais permanecem no local com o objetivo de cumprir a determinação judicial. Grupos da divisão antissequestro com negociadores, esquadrão antibombas e policiais com grupamento de operações com cães também estão no local, assim como agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Na decisão em que manda Jefferson de volta à prisão, Moraes também determina busca e apreensão em documentos, celulares, tablets e quaisquer outros dispositivos eletrônicos na residência do ex-deputado. O ministro o proíbe ainda de conceder entrevistas e receber visitas no presídio, inclusive de familiares, a não ser com autorização judicial.

Em nota distribuída há pouco, a Polícia Federal informou que dois de seus agentes ficaram feridos por estilhaços de granada arremessados por Jefferson quando chegaram à sua casa para cumprir o mandado de prisão expedido pelo STF. Após o episódio, a equipe da PF pediu reforço que já chegou no local. Os agentes feridos foram levados para o pronto-socorro e liberados após atendimento médico. Segundo fontes que acompanham o caso, uma agente foi alvejada de raspão na cabeça e na perna. Já o Delegado Marcelo Vilela foi atingido por estilhaços na cabeça.

O próprio Jefferson divulgou vídeos nos quais afirma ter trocado tiros com a PF durante a tentativa de prisão. Um amigo, não identificado, que está com Jefferson em casa divulgou um vídeo afirmando que o ferimento de um dos agentes foi provocado por estilhaços de uma granada atirada pelo ex-deputado. “Queremos tirá-lo daqui em segurança”, diz o amigo no vídeo.

Após a divulgação dos vídeos por Jefferson, curiosos começaram a se aglomerar diante de sua residência, que está cercada de viaturas da Polícia Militar e vans do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Um grupo de apoiadores do ex-presidente Lula (PT) também está no local. No meio da tarde, o padre Kelmon, ex-candidato do PTB à Presidência, chegou à residência.

Histórico

Roberto Jefferson foi preso em agosto do ano passado após propagar ameaças às instituições. Na decisão em que a detenção foi determinada, o ministro Alexandre de Moraes destacou que as publicações disseminadas tinham o “nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao seu ministro presidente. As manifestações, discursos de ódio e homofóbicos e a incitação à violência não se dirigiram somente a diversos ministros da Corte, chamados pelos mais absurdos nomes, ofendidos pelas mais abjetas declarações, mas também se destinaram a corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do Estado de Direito”.

Em janeiro deste ano, foi concedido ao político a substituição de regime para prisão domiciliar, com medidas impostas em contrapartida por Moraes, como a proibição de qualquer comunicação exterior, incluindo participação nas redes sociais. Na última sexta-feira (21), ele não só desrespeitou este tópico, como foi além: disparou ofensas misóginas contra a ministra do Supremo Cármen Lucia, por discordar de um voto dado por ela em sessão do TSE na quinta-feira (20). Com a prisão revertida em regime fechado, o ex-deputado declarou nas redes sociais que “só sai de casa morto”.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.