Reflexões do pós-eleição: quando a derrota é geral, o correto é rever os meios ou os fins?

Continua depois da publicidade

Terminado o primeiro turno das eleições 2014 ficou uma constatação: os políticos de Parauapebas precisam, urgentemente, rever seus conceitos.

Pesquisas apontam a alta rejeição da classe política Brasil afora, e aqui não podia ser diferente. A alta abstenção (22,6% dos eleitores sequer se deram ao trabalho de votar) ratifica essa posição.

Já os mais de 80 mil eleitores parauapebenses que cumpriram a obrigação de votar, o fizeram com um sentimento de revolta e desprezo pelos políticos locais.

Federal

Estadual

• Afonso Vidinha – PRTB
• Célia Oliveira – PEN
• Charles Borges – SDD
• Faisal Salmen – PPS
• Marcelo Catalão – DEM
• Milton Zimmer – PT
• Zé Roberto – PSC

• Adelson – PSC
• Ângela – PTB
• Chico das Cortinas – PHS
• Coutinho – PMDB
• Eliene Soares – PT
• Flávio Veras – PRB
• Gesmar Costa – PSD
• Irmã Luzinete – PV
• Zezinho – PSOL
• Zé Rinaldo – PSDB
• Cláudio Almeida – PR
• Sérgio da Anagráfica – PTB

De cara, mostrando o despreparo político e a falta de respeito com o que se propõe a fazer, quatro deles não conseguiram registrar a candidatura e foram barrados pela justiça eleitoral por deixarem de apresentar documentação necessária para tal. Ora, se me proponho a ser candidato, o mínimo que tenho que fazer antes de sair às ruas pra pedir voto é me preparar documentalmente para estar apto a receber esses votos.  Políticos profissionais como Claudio Almeida e Chico das Cortinas foram barrados por não cumprirem a legislação eleitoral e tiveram suas pretensões barradas logo de cara.

Os eleitores de Parauapebas deram quase 35 mil votos à candidatos de fora. Porque isso? A resposta, claro, é a insatisfação com os políticos locais. Somos 135 mil eleitores e teríamos a condição de eleger dois deputados estaduais e pelo menos um federal se nossos pseudos políticos não tivessem a ganância de se candidatar apenas pensando em si próprio. Sem demérito a qualquer um deles, mas é uma vergonha política para um candidato de um município de 135 mil eleitores não conseguir tirar sequer 10% desses votos. E olha que dentre eles tivemos um deputado estadual, dois vereadores, ex-prefeito, ex-deputado e presidentes de partido.

Será que a leitura política local era tão difícil de ser feita assim?

Marabá, com 151 mil eleitores elegeu três deputados estaduais (Chamon, Dirceu Caten e Tião Miranda) e um deputado federal (Beto Salame). Em Marabá, contrariando o que houve em Parauapebas, a disputa interna praticamente não existiu e o resultado foi excelente. O município, espero, terá quatro políticos brigando por investimentos nos próximos quatro anos.

Os céticos dirão que lá havia candidato apoiado pela máquina. Aqui não? O que há de errado nisso? Temos que acabar com essa hipocrisia e falso moralismo. O candidato da situação aqui não se elegeu por outros motivos que serão tratados em outro post. Este servirá apenas para reflexão dos nossos políticos. Que o resultado das urnas tragam aos empresários e aos profissionais liberais a sensibilidade de escolher a hora de optar por colocar seus nomes e a hora de apoiar. Parauapebas mostrou que dinheiro, principalmente quando é mal gasto, não é tudo em política.

Antes que me amaldiçoem, alguns candidatos, mesmo sem conseguir êxito, foram sim vitoriosos no pleito eleitoral de ontem. Mas isso também vai ficar para uma próxima.

15 comentários em “Reflexões do pós-eleição: quando a derrota é geral, o correto é rever os meios ou os fins?

  1. Eleitor 30 anos de peba Responder

    Claudio Almeida é um Cancer. não tá nem ai para eleitores, negocio dele é ganhar deinheiro na eleição e sugar governo

  2. Pers Picácio Responder

    Meu caro analista político local, parabéns. Gostaria de saber onde encaixa na boa política personagens como Veras, Luzinete, Charles, Eliene,Sergio, Chico das Cortinas?
    Em um ponto todos concordam que se candidatam apenas pra colocar seu nome na mídia, não tendo compromisso coletivo nenhum, somente pessoal.
    Mas empresários financiando campanha de uma tresloucada com o único argumento de que, ela se elegendo, daria a vaga de vereadora para o suplente. E o pior é que o suplente acreditou na eleição da indigitada. Isso sim, não se vê em cidade como Marabá que tem famílias e grupos tradicionais.

  3. Rai Responder

    Zé Dudu, Muito bem e parabéns pelas suas colocações.

    Que na próxima eleição as organizações como ACIP e CDL, mais os presidentes de associações de bairros se reúnam e tracem uma meta, junto aos presidentes dos partidos:

    QUE DE 12 CANDIDATOS ESTADUAIS FIQUEM 3 E DE 7 FEDERAIS FIQUEM NO MÁXIMO 2.

    Assim Parauapebas vai ficar bem representada. O POVO TEM QUE SABER QUE: Os representantes ESTADUAIS e FEDERAIS é que ajudam e muito nos benefícios do próprio povo.

    Mas, para dar certo um movimento deste acima tem que ser iniciado e discutido no mínimo com 2 anos de antecedência das eleições.

    Já participei do descrito acima e a experiência em uma cidade com 60 mil votos, elegemos 1 estadual e um federal.

    • Zé Dudu Autor do postResponder

      Justiceiro, ou sei lá quem seja. Na realidade é “Tudo como dantes no quartel de Abrantes” – permanecer tudo no status quo (ironicamente).
      Origem: Em 1805, o general Jean-Andoche Junot foi enviado por Napoleão Bonaparte para invadir Portugal. Chegando a Abrantes, conquista o castelo, lugar militarmente estratégico, e lá se instala, para preparar a tomada de Lisboa. Durante essa espera, por cinco dias, um emissário de Dom João VI lhe relata dia após dia “Tudo como dantes, no quartel-general de Abrantes”, indicando não haver novidades. Mais tarde, pela bem sucedida campanha, Napoleão concedeu a Junot o título de duque de Abrantes.

      Volte sempre!

  4. vitor Responder

    Com certeza o dia a dia dos nossos vereadores sempre narrados aqui no blog, aliado ‘a informações paralelas, serviu para desprezar lamentavelmente os nossos futuros candidatos ‘as câmaras estadual e federal! Que aprendam esta lição a muito tempo estamos precisando de representantes nas duas câmaras,quando isto ocorrerá?

  5. Analista político local ! Responder

    Parauapebas 26 anos de emancipação político administrativa ainda jovem mais cheia de vícios e ao mesmo tempo muita ingênuidade , esperteza e oportunista sendo está visão individualismo a pior prática do processo político local
    Não devemos copiar o que existe de pior na política e sim refletir sobre o processo político de nossos vizinhos e outros municípios como Paragominas e Maraba .
    Então vejamos :
    Maraba – Municipio maduro com uma formação étnico social já consolidado com lideranças política com tradição e representatividade desde a década de 70 na câmara federal com histórico e mandatos consecutivos e experiência de legislativo e executivo .
    Isto faz diferença e madurecímento política com alguns escorregão mas sobrevivendo com presentantes em Belém e Brasília !
    Pontos fortes
    Grupos políticos identificados com liderança definida .
    Rotatividade de governo executivo e alternância de comando.
    Político identificas com o município e sucesso relativo na transferência de votos .
    Escolhas de candidatos / lideranças com representatividade na sociedade local !
    Experiência adquira com rotatividade entre pleitos majoritários do executivo e legislativo .
    Apoio amplo de chapa local sem intrusos e oportunista .

    Paragominas – Município com estrutura orgânica e administrativa moderna relativamente jovem sem vícios e continuidade do projeto político .
    Grupo político coeso e continuidade administrativo.
    Apoio e foco na qualidade de gestão e compromissos sócias
    Governabilidade administrativa e liderança
    Projeção e ampliação de quadros político a nível estadual e regional
    Visão do grupo político de meio e longo prazo .
    Bons gestores com bons currículos e experiência .
    Legislativo identificado com a região e lealdade político .
    Capacitação das lideranças e funcionários públicos na prestação de serviços a população

    Em ambos município seus representantes obtiveram sucesso e estarão representando seus municípios .

    Parauapebas tem muito que aprender seus pretendentes e aspirantes a política devem deixar de lado a esperteza , a visão oportunista e lembrar que política se faz com liderança forte , bons currículos , ser um legítimo representante da sociedade e que esta sociedade orgulha de seu representante !
    Primeiro lugar se imbuir de espírito público comportamento repúblicano e servir a populaça e não se sevir da população em prol de seus interesses pessoais .
    A falta de grupo político e continuidade mostra esta fraqueza política e falta de representatividade .
    Quadros político de baixa qualidade e visão de curto prazo todos se julgam capaz e que basta ter um pouco de mídia e destaque para se achar capaz e menosprezar a maturidade e experiência .
    Aqui leva – se em conta a esperteza !
    Os formadores de opinião são financiados e forçam a barra de lideranças fracas e despreparadas .
    Para mudar esta cenário leva tempo !
    Parauapebas encontrará seu caminho porque a ganância por maior que seja um dia da basta nos espertos e oportunistas !
    Todos querem levar vantagens e encurtar caminho pena que esta lógica não funciona na política !

  6. Alípio Responder

    Seria, este fato, o resultado do “Vem para rua” deflagrado em julho de 2013? Os políticos ficaram meio temerosos com tanta gente nas ruas. Depois, perceberam que tudo aquilo era “fogo de palha”!Os jovens foram para as ruas pedir o fim da corrupção, para cancelarem a copa, pedindo saúde, segurança! E aí? A copa aconteceu, nenhuma conta foi prestada sobre os bilhões gastos, os corruptos foram eleitos, a saúde está doente e a segurança foi mostrada nos vários ataques, feitos por bandidos, em Santa Catarina e Rio de Janeiro!

    E agora, Brasil?

    Vai pra rua mais não??

  7. Fernando Responder

    Zé Dudu,

    Gostaria de compartilhar uma outra visão, a qual deve ser levada em consideração também. É certo o que você diz a respeito do egoísmo e da falta de articulação dos políticos de Parauapebas. Concordo! Mas vamos chamar à responsabilidade também do eleitor de Parauapebas: UM PERFIL DE GENTE AVENTUREIRA E QUE NÃO TEM VÍNCULO OU RESPONSABILIDADE PARA COM ESSA TERRA!!! Pergunte para o cidadão de Marabá quem foi Dr. Veloso, Haroldo Bezerra, família Mutran e Miranda e uma boa parte saberá contar um pouco da história política desses personagens em Marabá! Agora, pergunte para o cidadão de Parauapebas sobre governo Faisal, Chico das Cortinas, sobre o governo da então Bel Salmen, ou sobre personagens marcantes na política da época como Ney e Meire Vaz, e veja quantos habitantes de Parauapebas saberão dizer quem foram esses; acredito que uma minoria. Duvido muito recordarem sequer, da euforia que tomou conta da cidade na primeira eleição do ex-prefeito Darci. Por que o povo não recorda essas memórias, não fazem reflexão, não protestam de maneira correta, não fazem o comparativo e ponderação da política e dos políticos de Parauapebas??? Simplesmente em razão de serem forasteiros!!! Basta analisar as estatísticas do número de eleitores e constatar o aumento absurdo a cada 2 anos. A consequência, é isso que vimos acontecer no domingo; é o eleitor parauapebense (se é que posso chamar assim) votar em candidato de fora por não conhecer a história política de Parauapebas – ou às vezes até pelo fato do eleitor conhecer o candidato ainda na sua terra de origem, no caso dos imigrantes de outras cidades do Pará.
    Assim, há de convir que Parauapebas é um verdadeiro garimpo ou acampamento repleto de pessoas sem vínculo com esse chão, sem interação histórica com a nossa comunidade. Não podemos esperar muito que essa gente eleja deputados representando Parauapebas. Pelo menos por enquanto, até que um dia possamos dizer que temos identidade própria ou a tradicional família parauapebense. Vai demorar ainda…

  8. Ivan Oliveira Responder

    Zé,

    Creio que existam também outros fatores, muitos mais profundos, nos últimos anos muitas pessoas vieram da zona metropolitana, principalmente de Belém para Parauapebas, professores, profissionais liberais e outros, 99% deles nutrem um amor pelo Pará que só existe em Belém, muitos votam em candidatos de lá.
    Também a grande maioria dos novos eleitores de Parauapebas não dão a miníma para a política local. Nossos jovens são manipulados por militantes fiéis de políticos de fora.
    Os atuais políticos locais só colaboram para o descrédito da política na nossa cidade.
    Mas o que acho mesmo, é que Parauapebas sofre de uma política de anulamento, candidatos saem para prejudicar aquele que tem mais chance. Um velho senhor da política local cobrou pra não sair candidato, e isso é praxe na política local desde épocas remotas.
    Mas é o povo, o grande vilão disso tudo, grande parte da população não possui o sentimento de pertencimento a esta cidade, não se sentem cidadãos de Parauapebas, pra muita gente tanto faz como tanto fez, desde que a cidade continue lhe dando o sustento.
    Acredito que em mais uma década nossos filhos possam fazer mais pela nossa cidade que nós mesmos.
    As 135 mil pessoas são responsáveis por isso, enquanto o povo não valorizar a própria cidade, por sinal mais importante do Pará, continuaremos a sofre do mal do século, a solidão.
    Continuaremos sendo um lugar solitário no final da estrada.

  9. Anônimo Responder

    Ze Dudu, quer dizer que usar indevidamente a maquina pública em proveito pessoal é correto é hipocrisia?

      • ANDRE FERNANDES DA LUZ Responder

        Bom dia ZÉ DUDU, você poderia encaminhar para o meu e-mail a relação dos locais de votação em planilha excel. conversei com você no pequeno principe e você me falou desta lista.. achei muito bem feita e gostaria de repassa-la para os demais colegas que vão trabalhar novamente nas eleições de 2º turno..
        um forte abraço. ótimo trabalho.. parabéns

  10. Senna Responder

    A lógica de dividir para que todos ganhem, não vale em política. Como também não vale ‘achar’ que é melhor do que os outros…
    Concordo Zé Dudu, o interesse individual venceu o coletivo; o interesse do povo parauapebense não foi considerado prioritário. Mais uma vez Parauapebas vai ficar penduricalho de Marabá. Hão de dizer que o fracasso é culpa do governador.
    Já é tempo de aprender a lição.

  11. evandro Responder

    Parabéns pela leitura, concordo integralmente com teu comentário. Não se faz política comprando votos, pagando pessoas para empunharem bandeiras, ou atirando panfletos nas ruas. Parabéns à população de Parauapebas, ficou sem deputados, mas mostrou dignidade e atitude, eu não vi em nenhum panfleto que recebi durante toda a campanha um projeto/programa de governo. Apenas fotos de candidatos sorrindo e musiquinhas estúpidas.

Deixe seu comentário

Posts relacionados