Projeto obriga bares e casas noturnas a alertar clientes sobre “boa noite, cinderela”

Matéria foi aprovada hoje (20) pela Alepa e deve ser sancionada pelo governador. No Pará, uma média de 300 casos são registrados por mês, segundo autor da proposta.

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Bares, boates, casas de shows e estabelecimentos similares de todo o Pará poderão ser obrigados a alertarem os clientes, por meio de cartazes, para um crime cada vez mais frequente nas capitais brasileiras, inclusive em Belém: o “boa noite, cinderela” aplicado tanto por homens quanto por mulheres, individualmente ou em grupo, para roubar, furtar e até estuprar a vítima depois de dopá-la.

A obrigação do alerta está prevista em projeto de lei aprovado hoje (20) pela Assembleia Legislativa, já em todos os turnos de votação, e só depende agora da sanção pelo governador Helder Barbalho para ser transformado em lei. Desde o início deste ano, os estabelecimentos de Belém já são obrigados a fazer o alerta sobre o “boa noite, cinderela”, mas agora, com a sanção do projeto, a lei valerá para todo o Pará.

De autoria do deputado e delegado Nilton Neves (PSL), o projeto determina que os cartazes devem ser afixados em locais bem visíveis, com quatro alertas: nunca aceite drinks, balas, guloseimas, entre outros, de estranhos; não utilize o copo de terceiros; fique atento a sua bebida e de seus amigos, principalmente quando ausentar-se; caso sinta-se mal ou prestes a perder a consciência, peça a nossa ajuda.

“Este tipo de golpe está aumentando em nosso Estado e temos que exigir que comerciantes coloquem um alerta”, enfatizou Nilton Neves, ao defender o projeto da tribuna da Alepa. Ele contou que fez um levantamento nas delegacias e constatou que uma média de 300 registros são feitos no Pará, por mês.

Em 90% dos casos, as vítimas são homens seduzidos por mulheres que, na realidade, são ladras. “São mulheres bem vestidas, bem trajadas, bem parecidas. Estão em vários clubes, em bares, e se aproveitam da situação para colocar essa droga na bebida das pessoas”, relatou Nilton Neves, que afirmou: “Temos várias imagens aqui em Belém de pessoas sendo levadas pelo braço, colocadas no carro e que só vão aparecer, na realidade, no outro dia”.

A droga usada geralmente é o Flunitrazepam, conhecido como Rohypnol, que logo ao ser ingerido deixa a vítima com a visão turva e pernas moles. E com lapsos de memória depois que acorda. Se aplicada em doses excessivas, a droga pode até matar. Segundo Nilton Neves, já há quadrilha em Belém praticando esse tipo de crime. “Vocês não sabem da seriedade desse projeto”, frisou o deputado.

Nos casos em que as mulheres são vítimas, a droga é usada para cometimento de estupro. No início deste mês em São Paulo, a Polícia deflagou a Operação Morfeus, para prender pelo menos oito integrantes de um grupo que aplicava o “boa noite, cinderela”.

Para o deputado Martinho Carmona (MDB), a iniciativa de Nilton Neves é aprovada num momento em que o “boa noite, cinderela” está em evidência nacional, com a imprensa chamando atenção de muitos casos Brasil afora. “Está uma onda muito grande da aplicação desse golpe”, observou o emedebista, para quem a iniciativa é simples, mas que pode trazer grandes resultados a partir do alerta sobre o crime.

“Creio que esse projeto vai alertar as pessoas antes que comecem as noitadas. O cara quando começa a beber pensa que é bonito, que ele é poderoso, que ele é tudo. E quando acorda está liso, leso e louco”, disse Carmona.

Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog em Belém