Professores anunciam greve na Unifesspa e mais de 4 mil alunos ficam sem aula

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá 

Os mais de 4.600 alunos da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) ficam sem aulas por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira, 24. É que na noite desta quarta-feira, 23, o corpo docente da universidade aprovou em assembleia realizada pelo sindicato da categoria (Sindunifesspa), greve por tempo indeterminado em decorrência da discussão em torno do Projeto de Emenda Constitucional 55/2016, que ficou conhecida como PEC do Teto de Gastos, que tramita atualmente no Senado e limita os gastos públicos à variação da inflação do ano anterior  pelos próximos 20 anos.

Dentre os professores que participaram da reunião – acompanhada ainda por técnicos e estudantes – foram contabilizados 55 votos a favor, 16 contra e 4 abstenções.  “O objetivo da assembleia é discutir se os professores vão engrossar o movimento de greve que está sendo articulado em nível nacional pelos sindicatos dos docentes das universidades federais, estaduais e privadas, no sentido de se contrapor ao projeto em curso, relacionado aos gastos públicos”, comentou o professor do Curso de História, Fabio Pessoa.

De acordo com ele, a avaliação geral é que se deve apoiar a ocupação por parte dos estudantes que ocorre no Campus I há quase um mês, desde a madrugada do dia 26 de outubro, pelo mesmo motivo. “A gente deve deflagrar a greve por tempo indeterminado até a votação da PEC porque acreditamos que a aprovação dela será danosa para o serviço público de forma geral, mas especialmente para a Educação, uma vez que ela irá limitar os investimentos públicos para o setor pela inflação do ano anterior”.

De acordo com Fábio Pessoa, isso significa que os investimentos serão congelados, o que deve trazer grandes dificuldades para as instituições. “Significa dizer que os cursos terão dificuldade para se manter, que as bolsas dos alunos serão cortadas, que a ampliação da Unifesspa, por exemplo, terá problema em ser concluída”, destacou, se referindo aos prédios que estão sendo construídos atualmente no Campus III. Ele garantiu que a greve nada tem a ver com a discussão salarial da classe. “Pelo menos nos últimos anos houve um aumento real do salário para todas as categorias. Hoje não fazemos um movimento que luta por salário e sim para impedir o que, para nós, é o desmonte do serviço público”, disse.

“Daqui a 20 anos a universidade vai ter o mesmo investimento, mas a demanda por cursos e vagas vai continuar. O curso de Medicina, que seria implantado agora, por exemplo, corre risco de não acontecer por falta de investimento”, finalizou. O plenário do Senado Federal debateu, durante sessão temática realizada na terça-feira (22), a PEC 55.