Prefeituras do Pará dizem ter usado R$ 130 mi para “urbanizar” cidades em 2 meses

Governo de Parauapebas indica em balanço que gastou R$ 15,5 milhões no começo deste ano em urbanismo, valor maior que Belém. Resta saber mesmo em que “urbanismo” foi usado.

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As cidades paraenses são famosas por sua desorganização e, não raramente, pelo aspecto visual “feio” com que se apresentam. Enquanto falta responsabilidade por parte dos gestores públicos, sobretudo no trato com o dinheiro público, sobram poeira no verão, lama no inverno, buraco, matagal, esgoto a céu aberto e acessos urbanos sofríveis. Durante o rigoroso inverno amazônico, geralmente entre novembro e abril, a situação piora e muitas áreas urbanas acabam reféns do descaso de suas prefeituras.

É uma espécie de efeito cascata que se arrasta por anos ou séculos e que, para piorar, ainda traz adoecimento à população, com moléstias e chagas já erradicadas há décadas nos lugares que realmente investem em urbanismo.

O Blog do Zé Dudu visitou o banco de dados do Tesouro Nacional para checar quanto as prefeituras paraenses gastaram em urbanismo, precisamente em infraestrutura urbana ou serviços urbanos neste início de ano — tudo, ressalte-se, dito por elas mesmas na prestação de contas dispersa no Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO).

E acredite quem quiser: nos primeiros dois meses do ano, 62 prefeituras que declararam informações à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) alegam investimento que totaliza R$ 133,65 milhões. O que ninguém sabe é onde mesmo foi aplicada a dinheirama, uma vez que as cidades do Pará são campeãs de exibição em telejornais nacionais por se apresentarem, algumas delas, encharcadas ou submersas ao menor sinal de chuva.

Um listão com os recursos aplicados, por prefeitura, foi preparado pelo Blog para dar dimensão dos investimentos. Com os R$ 133 milhões alegados daria para praticamente criar uma cidade modelo em infraestrutura urbana no Pará.

Parauapebas lidera gastos

Quatro prefeituras indicam ter usado mais de R$ 10 milhões nos dois primeiros meses deste ano em ações de urbanismo. A de Parauapebas, com seus R$ 15,53 milhões liquidados e informados, é a campeã e conseguiu bater até a Prefeitura de Belém em gastos, tendo em vista que o governo do município da capital informou ter aplicado R$ 14,1 milhões, praticamente R$ 1,5 milhão a menos que a terra do minério.

Parauapebas, na verdade, empenhou em apenas dois meses despesas com urbanismo que somam R$ 45,93 milhões, mais da metade de seu orçamento para o ano, estimado em R$ 74,19 milhões. No entanto, só teve capacidade de pagar no primeiro bimestre um terço do valor empenhado. E do valor liquidado, R$ 10,26 milhões foram consumidos em “serviços urbanos”.

Em Marabá, a administração local acusa investimento de R$ 14,02 milhões na cidade mais polinucleada do estado. Atrás vem a Prefeitura de Ananindeua, que diz ter aplicado R$ 10,82 milhões no primeiro bimestre em ações de infraestrutura urbana. Além dessas, outras 23 prefeituras apontaram ter usado ao menos R$ 1 milhão no bem-estar urbano dos municípios que comandam,

Na ponta do ranking, o pequeno Abel Figueiredo alega gasto de apenas R$ 700. Com 6.500 habitantes, a área urbana daquele município próximo a Marabá e que faz divisa com o estado do Maranhão é uma das 30 menores do Pará.

Veja o ranking de gastos das prefeituras paraenses com urbanismo ou infraestrutura urbana indicados por elas mesmas!