Pesquisadores da UFPA projetam pico do novo coronavírus no Pará em 12 de maio

Estimativa é de que 16 mil paraenses estejam contaminados até mês que vem. Total pode chegar a 590 mil em 18 de agosto

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Se as medidas de isolamento social não forem cumpridas à risca pela população paraense, em 28 dias o Pará chegará ao pico da pandemia da Covid-19, com 16 mil infectados pelo novo coronavírus, um exército de doentes que daria para montar uma cidade maior que Curionópolis. A previsão é de pesquisadores dos programas de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PPGEP) e em Engenharia de Recursos Naturais da Amazônia (Proderna), vinculados ao Instituto de Tecnologia (Itec) da Universidade Federal do Pará (UFPA). O estudo é assinado pelos pesquisadores Diego Estumano, Bruno Viegas, João Quaresma e Emanuel Macêdo.

O grupo assina um estudo intitulado “Simulação da Propagação da Covid-19 no Estado do Pará”, segundo o qual os paraenses vão conviver com o pico da pandemia em 12 de maio. Nesse dia, entre 12 mil e 23 mil paraenses já terão sido infectados pelo coronavírus, o que revela a rapidez da transmissão da doença nas próximas semanas. A pesquisa tem como princípio metodológico o consagrado modelo Suscetível-Exposto-Infeccioso-Recuperado (SEIR) para estudos epidemiológicos, que é uma forma simplificada de descrever a transmissão de doenças entre os indivíduos, a partir da abordagem matemática de equação diferencial.

No meio do arsenal de números, entre o pico mínimo (12 mil infectados) e o máximo (23 mil), os estudiosos preveem que o dado mais próximo do real são 16 mil paraenses com Covid-19. Esse contingente se dará 55 dias após a confirmação do primeiro caso da doença no estado, em 18 de março, quando um homem de 37 anos, morador de Belém, testou positivo para o coronavírus após ter sido provavelmente infectado no Rio de Janeiro, onde esteve a passeio.

A partir de 12 de maio, o ritmo de contágio deve desacelerar, caso as medidas de isolamento continuem a ser seguidas com mais rigor, mas o achatamento da curva e a estabilização para sumiço da doença só devem ocorrer em 16 de agosto. Até lá, 590 mil paraenses deverão ter sido infectados, o equivalente a duas cidades de Marabá e uma de Tucuruí, juntas. Os pesquisadores alertam, contudo, que, até 16 de agosto, esse contingente poderá ser menor (470 mil) ou muito maior (730 mil infectados).

A partir do período entre o pico, em 12 de maio com 16 mil infectados, e a estabilização do número de infecções com achatamento da curva, em 16 de agosto com 590 mil infectados, o Blog fez uma média simples de novas infecções nesse período de 95 dias e constatou que o Pará poderá ter um impressionante número de 6 mil casos por dia. Entretanto, como o cenário será de estabilização, o número certamente estará em decréscimo, em intervalo de 15.999 infectados a nenhum caso por dia.

Isolamento social ou 32 mil mortes?

Dados da consultoria de inteligência em geolocalização InLoco revelam que, no domingo (12) de Páscoa, 59,77% dos paraenses estavam em isolamento social. A taxa ideal, para controle e desaceleração acentuada da transmissão, é de ao menos 70%. Nesta terça-feira (14), a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) já contabilizava 313 casos confirmados de Covid-19 e 17 óbitos. O total de casos confirmados representa apenas 2% do volume previsto pelos pesquisadores da UFPA para o pico em maio.

Considerando-se a atual taxa de mortalidade no Pará (de 5,4 óbitos para cada 100 casos confirmados), se o prognóstico do estudo se confirmar, o Blog do Zé Dudu calcula que no dia 12 de maio o estado poderá atingir 869 mortes e absurdos 32.045 óbitos até 18 de agosto, número equivalente ao tamanho da atual população urbana de Tucumã.

No cenário mais pessimista, de 720 mil pessoas infectadas, as vítimas fatais chegariam a 39.100 na atual razão entre casos confirmados e falecimentos. Sendo o coronavírus um agente infeccioso de disseminação agressiva e rápido contágio, se não houver como baixar a curva de contaminação, o sistema de saúde paraense entrará em colapso e o principal paciente da UTI será o próprio sistema de saúde.

Vale ressaltar que o número de respiradores nas unidades de saúde do estado — cerca de 1.400, para utilização em casos graves da Covid-19 — é insuficiente para a demanda, conforme divulgou o Blog em recente levantamento (relembre aqui).