Os jovens e o desafio de ingressar no mercado de trabalho

Num país com um mercado de trabalho fragilizado, uma parcela significativa dos jovens brasileiros já empreende ou espera ter o próprio negócio
Com carteira assinada em alta, o mercado de trabalho manteve a queda do desemprego observada desde o período de maio a junho de 2021. Imagem: Reprodução

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Os últimos anos foram de adaptações e muitos precisaram inovar, principalmente no mercado de trabalho. Com todas as questões econômicas que impactam a realidade brasileira, o desemprego cresce ainda mais entre os jovens e os dados são desanimadores. Segundo o Ministério da Economia, em 2022, por exemplo, enquanto a taxa geral de desemprego estava em 9,3% no segundo trimestre, entre jovens, cerca de 19,3% no total à procura de trabalho.

Esses dados se devem a diversos fatores, um deles é a falta de experiência e conhecimento. E, apesar um jovem não ter desenvolvido habilidades para alguma área específica, tendo em vista que é o primeiro emprego, o mercado ainda exige isso dele. Entretanto, isso precisa mudar e inserir os jovens no seu primeiro emprego, em vez de deixá-los sem oportunidades.

Para inserir esse público no mercado de trabalho e mudar a realidade dos dados, é importante criar mecanismos que possibilitem unir o ensino médio ao programa Jovem Aprendiz, onde, por lei, médias e grandes empresas devem contratar jovens entre 14 e 24 anos como aprendizes conforme a especialidade.

No entanto, nem todos os alunos estão cientes disso e têm acesso a essas oportunidades. Com o programa Jovem Aprendiz eles têm a oportunidade de inclusão social com o primeiro emprego e de desenvolver aptidões para o mundo do trabalho, o que desenvolve uma série de habilidades que só se aprende na prática.

Outra forma de apoiar os jovens que estão entrando no mercado de trabalho é por meio da capacitação em tecnologias, como programação, robótica, software, cursos de desenvolvimento de games e inglês, conforme explica Tayara Lyra, administradora, especialista em Gestão de Empresas e mentora de mulheres empreendedoras.

“Além de oferecer treinamento técnico, aprendizado prático e experiência, é importante apoiar e ajudar os jovens a entenderem as ferramentas que hoje são grandes aliadas de suas carreiras, tal como a importância de usar a internet para aprender cursos online gratuitos”, frisa.

Para ela, adquirir conhecimento é uma busca constante no meio social, já que tudo muda e o conhecimento é o único meio capaz de manter ativos e preparados para lidar com um mundo cada vez mais complexo, dinâmico e competitivo.

Jovens empreendedores

Num país com um mercado de trabalho fragilizado, uma parcela significativa dos jovens brasileiros já empreende ou espera ter o próprio negócio. E o que leva boa parte dos mais novos para esse caminho é o desejo de independência financeira para fugir do desemprego e autonomia no trabalho.

Em Parauapebas, o adolescente Felipe Lima, de 14 anos, é um desses jovens que buscou na autonomia a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho, como empreendedor, ele tirou do papel o sonho de ser confeiteiro.

Felipe está entre a estatística de jovens com visão empreendedora no município. Segundo o adolescente, tudo iniciou há um ano, quando apostou na venda de pipocas gourmet. A intenção era contribuir na renda da família, mas foi o desejo de ser confeiteiro que levou o jovem a investir em cursos para aperfeiçoar suas técnicas com doces. Com a dificuldade de conseguir emprego, foi no período da pandemia que aperfeiçoou suas técnicas, realizando a venda do primeiro bolo preparado por ele.

Hoje, ele está entre os jovens que atuam no mercado como empreendedores, com a venda de bolos confeitados. “São muitos pedidos e é preciso redobrar a atenção para dar conta de tudo, inclusive dos estudos”, diz o garoto, que conta com a ajuda da família para dar continuidade a seu empreendimento. Com apenas 14 anos, Felipe correu atrás de seu sonho, e apesar do mercado de trabalho não lhe proporcionar oportunidade, ele acabou optando por seguir no meio empreendedor, o que deu certo.

De fato, os números do mercado de trabalho apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua mostram que os jovens são os mais castigados pela fraqueza da economia, o que ajuda a entender a necessidade desse grupo buscar uma atividade própria.