Ministro da Justiça aciona Força Nacional contra bolsonaristas e Brasília amanhece sob tensão

Flávio Dino quer desmontar acampamentos na marra e proibir protestos em frente ao Congresso Nacional
Veículos da polícia bloqueiam entrada da Esplanada dos Ministérios por ordem do Ministro Flávio Dino

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Brasília – O que já era esperado se confirmou na manhã deste domingo (8). Brasília amanheceu sob tensão com a chegada de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), convocados pelas redes sociais com ameaças de invadir e tomar o Congresso Nacional para paralisar o funcionamento de ambas as Casas de Lei, que estão em recesso. Em resposta, o ministro da Justiça, Flávio Dino, decidiu convocar a Força Nacional para desmontar, “com o uso de todos os recursos”, o acampamento em frente ao quartel-general do Exército, no setor militar da capital federal, e isolar o trecho entre a rodoviária e a Esplanada dos Ministérios.

A capital já está apreensiva desde ontem (7), em razão dos desdobramentos que podem acontecer a partir do rumo que as manifestações dos bolsonaristas mais radicais irão tomar. Eles se recusam a desmontar o espaço de protestos e comparam o direito aos acampamentos em frentes aos quartéis de várias cidades em todo o país ao que permitiu lulistas radicais a protestarem durante os 580 dias em que o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve preso e não serem incomodados pela Justiça.

“Quer dizer que os marginais que apoiaram esse corrupto [Lula] têm direito de protestarem o quanto quiserem e nós não podemos fazer o mesmo contra a vergonha que foram essas eleições, é isso?“, perguntou um dos manifestantes. Junto a outras dezenas de pessoas, ele entoava um coro com palavras de ordem pedindo a destituição de Lula, o fechamento do Congresso e a prisão de vários Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), acusados por eles de traidores da nação.

Escalada da tensão pode gerar violência e prisões

Neste sábado (7), cerca de 80 ônibus com manifestantes contrários ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegaram em Brasília e o ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou o uso da Força Nacional para bloquear o acesso à Esplanada dos Ministérios.

O maior objetivo dos manifestantes é ficar em frente ao Congresso cantando palavras de ordem contra o governo Lula, contra o STF, pedindo intervenção militar para uma troca da administração federal.

Na capital do país, há um acampamento que já dura mais de dois meses em frente ao QG do Exército. Ali, faixas pedindo intervenção federal e palavras de ordem contra Lula são constantes. Dezenas de pessoas desembarcaram dos ônibus interestaduais perfilados no Eixo Monumental, perto de um dos acessos ao prédio, com barracas e grande quantidade de mantimentos. Aos gritos de “agora é tudo ou nada”, integrantes do movimento incentivavam a entrada de carros particulares para engrossar o acampamento montado no local.

Entrada da Esplanada dos Ministérios bloqueada no sábado (7) à noite para impedir entrada de bolsonaristas radicais

Os protestos aumentaram significativamente nas últimas 48 horas. Em São Paulo, no centro da cidade, bolsonaristas buzinando e gritando “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” ocuparam as ruas do centro de São Paulo no final da tarde de sexta-feira (6). No começo da noite, os manifestantes conseguiram bloquear por algum tempo a principal via de acesso ao aeroporto de Congonhas. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, ordenou ontem a desobstrução da área ocupada por apoiadores do ex-presidente em frente ao batalhão do Exército em Belo Horizonte (MG), e multou um dos líderes do movimento em R$ 100 mil.

Também neste sábado, chegaram informações para as autoridades nacionais de segurança de que bolsonaristas radicais tinham a intenção de bloquear refinarias em São Paulo e no Rio de Janeiro, com o objetivo de causar uma disrupção no abastecimento de combustíveis no país. Esses movimentos foram contidos, mas, na semana que vem, medidas mais drásticas podem, eventualmente, ser tomadas para garantir a segurança de áreas consideradas vitais para o funcionamento do país.

Por volta das 19h de ontem, o ministro da Justiça Flávio Dino publicou uma portaria em que autorizou o uso da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF). Segundo o documento, a atuação da corporação se dará até a segunda-feira (9). A Força Nacional terá cerca de 400 homens disponíveis neste fim de semana. Leia aqui a Portaria do ministro.

A Esplanada dos Ministérios foi fechada “para garantia da segurança e atuação das forças de segurança” durante atos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), previstos para este domingo (8).

O governo Lula preferiu até agora ir reduzindo o limite de circulação desses manifestantes, na expectativa de que os acampamentos fossem se esvaindo naturalmente. Não foi o que aconteceu, por isso, a Força Nacional foi acionada. Na semana que vem, os Ministérios da Justiça e da Defesa devem avaliar a situação para desenhar a estratégia a ser seguida.

A Esplanada dos Ministérios foi fechada “para garantia da segurança e atuação das forças de segurança” durante atos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), previstos para este domingo (8)

Há semanas, grupos de manifestantes utilizam as redes sociais para discutir qual a melhor estratégia para a continuação dos protestos em todo o país. Um dos objetivos principais é “ocupar”, de forma permanente, o gramado em frente ao Congresso Nacional e pressionar os deputados e senadores que tomarão posse em 1º de fevereiro para o exercício de seus mandatos.

No mesmo dia, ocorrerão as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senador Federal, cujos vencedores darão o tom da força política que cada antagonista da política nacional detém hoje no país. 

Abin

Oficialmente o governo não confirma, mas teria acionado arapongas da Agência Nacional de Inteligência para identificar supostos financiadores dos protestos.

O material produzido pelos espiões seria a substância legal para o braço jurídico do governo enviar as denúncias ao Procurador-Geral da Justiça e ao Supremo Tribunal Federal e para o Tribunal Superior Eleitoral processar, multar e prender os supostos financiadores do chamados “atos antidemocráticos”.

Por Val-André Mutran – de Brasília

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