Marabá tem desafios para ampliar logística reversa em empresas

Prática consiste nos protocolos para a coleta e restituição de resíduos sólidos para seu reaproveitamento
Boa parte dos pneus é devolvida em lojas de revenda para posterior reciclagem

Continua depois da publicidade

Pilhas, baterias, pneus, aço, óleos lubrificantes e embalagens de agrotóxicos são produtos que, obrigatoriamente, precisam ser coletados e encaminhados à devida reciclagem após serem usados. Neste âmbito, a chamada logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social da Política Nacional de Resíduos Sólidos e, apesar de ainda ser uma prática tímida em Marabá, vem sendo bastante disseminada no país, se tornando cada vez mais conhecida dentro do ambiente empresarial.

“A logística reversa do pós-consumo é o tratamento pelo qual o material que já foi consumido passará. Este produto, então, sofrerá uma separação do que ainda pode ser utilizado, para, através do processo fabril, voltar a circular no meio ambiente e cumprindo mais um ciclo”, explica Rodrigo Rangel, professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e engenheiro de produção com mestrado na área de logística e transporte.

Muito do que vai parar no lixo poderia ser reutilizado, assim, ele observa que os estudos da prática visam a reduzir o impacto ambiental, buscando o desenvolvimento sustentável.

Conforme legislação estabelecida em 2010, quem gera resíduos sólidos é responsável pelo seu gerenciamento adequado. ‍Empresas fabricantes de produtos comercializados em embalagens, de uma maneira geral, costumam implementar este sistema, uma vez que criam uma grande quantidade de resíduos e o setor possui forte regulamentação.

Rangel conta que há inúmeras formas deste processo no nosso cotidiano. Um exemplo é a campanha Lixo Zero do Ministério do Meio Ambiente, que torna lei a existência de um recipiente em farmácias para a destinação de medicamentos vencidos, os quais voltarão para a indústria e, posteriormente, ao ciclo de consumo.

Em Marabá, a Associação do Comércio de Insumos Agropecuários de Marabá e Região, localizada no Km 09 do Distrito Industrial,  serve como posto de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Responsável pela coordenação do espaço, o engenheiro agrônomo Willen Carles Souza afirma que, mensalmente, 13 mil quilogramas de produtos – como tampas e outras sobras – são devolvidos pelos consumidores.

Willen Souza afirma que, mensalmente, 13 mil quilogramas de produtos como tampas e outras sobras são devolvidos por consumidores

Fundado em 2007, o prédio dispõe de instalações adequadas para seu recebimento e armazenamento, até o momento em que são recolhidos pelas empresas titulares do registro, produtoras e comercializadoras, responsáveis pela destinação final dessas embalagens. Trata-se de um galpão que separa cada produto por sessão.

Até mesmo o cuidado com os insumos agropecuários vencidos é tomado. Em um ambiente gradeado, os potes ficam dispostos, separados dos demais. Souza explica que, com o passar dos anos, a quantidade de materiais tem aumentado gradativamente, por isso, a construção de um novo galpão já está prevista para o ano que vem.

As pilhas e baterias podem ser classificadas de diversas formas, dependendo do formato, composição e sua finalidade. Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem disponibilizar-se aos consumidores locais para o recebimento das pilhas e baterias inservíveis. 

Aqueles que desejam descartá-las devem levá-las ao ponto de entrega mais próximo, onde serão armazenadas e, ao atingir determinada quantidade, encaminhadas para o sistema de coleta e triagem. Quando descartadas de maneira inadequada, essas pilhas e baterias podem, dependendo da composição, causar a contaminação do solo e da água com metais pesados, capazes de causar doenças renais, cânceres e problemas relacionados ao sistema nervoso central.

Posto de coleta de embalagens vazia de agrotóxicos em Marabá funciona no Distrito Industrial

O óleo lubrificante usado ou contaminado também é um resíduo de característica tóxica e persistente, portanto, perigoso para o meio ambiente e para a saúde humana se não for administrado de forma adequada. A prática recomendada para evitar a contaminação ambiental é o envio, após uso, para reciclagem e recuperação de seus componentes úteis, por meio de um processo industrial de refinação. Após o processo, a essência oleosa volta a sua cadeia produtiva. A responsabilidade pela regulação e fiscalização do mercado de óleo no país é da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Rodrigo Rangel informa que o órgão disponibiliza de forma interativa o Painel Dinâmico do Mercado Brasileiro de Lubrificantes, onde estão disponíveis os dados referentes à comercialização, produção, municípios com coleta, refinação de lubrificantes, agentes autorizados e/ou revogados e localização geográfica das instalações do setor. A ferramenta de análise é destinada a empresas, órgãos de governo, universidades, imprensa e à sociedade como um todo.