Marabá e mais 11 municípios contabilizam mais de 167 mil pessoas negativadas no SPC

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Por Eleutério Gomes – de Marabá   

O último relatório divulgado pelo SPC-Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) aponta que 59 milhões de pessoas físicas no País estão negativados. Ou seja, não estão pagando as compras feitas a crédito. Esse número, relativo ao mês de abril, indica que 39,19% da população com idade entre 18 e 95 anos está inadimplente.

Nesse contexto, Marabá e outros 11 municípios, da área de abrangência do SPC local – Breu Branco, Eldorado do Carajás, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Pacajá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Tucuruí – que somam 801.626 habitantes, conforma dados do IBGE, apresentam 167.505 pessoas inadimplentes com seus credores, até o último dia 10 de maio, o que representa 20,9% da população.

De acordo com o empresário Pedro Lopes de Brito, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Marabá, os setores do comércio mais atingidos pela inadimplência são de móveis e eletrodomésticos e o de materiais para construção, seguidos pelo de confecções e outros.

E o motivo de tanta inadimplência, segundo Lopes não poderia ser outro, se não “o desemprego que atinge o País de ponta a ponta, com 30 mil desempregados só em Marabá”. “Hoje não temos fontes de emprego e isso começou em 2013 e 2014, quando tivemos promessas mirabolantes, não cumpridas, de grandes empreendimentos, como Alpa, derrocagem do Pedral do Lourenção, corredor de exportação, entre outros, que não vieram e para os quais o comércio de preparou com grande investimento”, conta o presidente da CDL.

Segundo ele, sem os empreendimentos, o comércio amargou grande prejuízo, pois não viu o retorno dos gastos que teve ao se preparar para o progresso que não veio, e teve de “encolher, cortar gastos e dispensar funcionários”.

Hoje, afirma Pedro Lopes, nem mesmo os profissionais autônomos, como pedreiros, encanadores, eletricistas, pintores, entre outros, estão encontrando trabalho. “Ninguém está construindo, no máximo fazendo um reparo aqui e outro ali. Ninguém está comprando móveis nem eletrodomésticos, no máximo mandando recuperar um sofá, mandando consertar uma geladeira”, lembra ele.

“Com o desemprego, as pessoas não têm como pagar suas dívidas, pois as prioridades são outras. Você vê em grupos de vendas nas redes sociais as pessoas vendendo as alianças de casamento para comprar alimento”, lamenta Pedro.

Ele afirma que hoje as lojas estão evitando vender no crediário próprio ou com cheque pré-datado, não por desconfiarem do cliente, mas temendo que, de uma para outra hora esse cliente fique desempregado diante da crise financeira que se agrava a cada dia. “O cliente sumiu do comércio, o comerciante tem de se ajustar”, afirma Lopes.

Para tentar recuperar algum dinheiro, pois os prejuízos causados pela alta inadimplência são enormes, Pedro Lopes diz que as lojas estão fazendo “promoções” para os devedores. “Estão anistiando juros e até anistiando multas. Basta que o cliente tenha o interesse de pagar e os comerciantes mesmo estão ajudando”, afirma, o presidente da CDL, para quem não há luz no fim do túnel. “Estamos sem saída. Marabá perdeu tudo o que tinha”, conclui Lopes.