Marabá: Bairro Liberdade pede socorro. Bandidos estão aterrorizando moradores e comerciantes em qualquer local e à luz do dia

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Por Eleutério Gomes – de Marabá

Em reunião ocorrida na noite de ontem, segunda-feira (10), pr0vocada pelo (Sindicom) Sindicato do Comércio de Marabá, cerca de 30 comerciantes do Bairro Liberdade, que faz parte do Núcleo Cidade Nova, apelaram pela ajuda das autoridades da Segurança Pública. Eles estão apavorados com o número de arrombamentos, assaltos e furtos que vêm acontecendo, nos últimos meses, naquela área da cidade, que concentra perto de 35 mil habitantes e tem sua atividade econômica baseada no comércio.

Além dos ataques dos bandidos, geralmente duplas de moto, o bairro sofreu mais um grande baque na semana passada, a agência dos Correios foi assaltada pela segunda vez em menos de 40 dias e está fechada por dois motivos: aguarda a perícia criminal, que tem prazo de 10 dias para acontecer; e quase todos os funcionários estão de licença médica por problemas psicológicos.

Maria do Livramento Sá de Almeida – a Lia da Liberdade –, uma das diretoras do Sindicom, que solicitou a reunião, disse ao Blog que vários comércios já foram assaltados à luz do dia, por bandidos que chegam, apontam armas, ameaçam, tiram tudo o que podem levar e saem em disparada. O mesmo, ainda segundo ela, acontece com transeuntes que não podem mais carregar celulares, joias nem valores, pois perdem tudo para a bandidagem que não teme ninguém. “Eles atacam em qualquer lugar e a qualquer hora, nas avenidas, nas ruas, na praça do bairro. Aqui estamos todos inseguros”.

Raimundo Gomes Neto, presidente do Sindicom, disse que quem perde com isso é o comércio do Bairro Liberdade que, além dos prejuízos financeiros, assiste à fuga da clientela para outros locais da cidade. “Por exemplo, nesse caso dos Correios, aposentados, pensionistas e outras pessoas que fazem saques em dinheiro agora estão tendo de se deslocar para a Velha Marabá ou para a Nova Marabá e por lá mesmo já fazem suas compras”, argumentou.

Indagado pelo Blog se há estatísticas de roubos, furtos e arrombamentos cometidos, Raimundo Neto disse que não e justificou: “As pessoas não vão mais às delegacias por vários motivos, demora no atendimento, o sujeito, na maioria das vezes, leva quase um dia para fazer um Boletim de Ocorrência; deslocamento para outros bairros a fim de fazer o BO; e muitos, apesar de conhecerem o esforço das polícias no combate à criminalidade, não acreditam mais nos resultados. Por isso, qualquer estatística neste momento não vai retratar a realidade”. Neto sugeriu que a Polícia Civil descentralize seus órgãos e, instale em cada núcleo residencial ou em cada área de grande concentração de bairros, pelo menos uma central de recebimento de ocorrências.

Lia da Liberdade, por seu turno, afirma que faltam programas sociais voltados à juventude a fim de tirar os jovens das ruas e, consequentemente, das garras do crime. “É necessária a presença do estado junto à juventude. Aqui não temos um programa social, uma escola profissionalizante, nada com que o jovem ocupe seu tempo em ações  edificantes”, reclama.

Ouvido na manhã desta terça-feira (11), pelo Blog, o coronel Franklin Roosevelt Wanzler Fayal, que assumiu recentemente o comando do 4º BPM (4º Batalhão de Polícia Militar), disse que ainda está tomando pé da situação da segurança no município, mas anunciou que, a partir de hoje, a PM, em parceria com os demais órgãos municipais iniciou no Bairro Liberdade e adjacências uma Operação Saturação.

Além da Polícia Militar, estarão envolvidos na ação para combater em peso a criminalidade naquela área da cidade, a GMM (Guarda Municipal de Marabá) e os agentes do DMTU (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano).

O secretário municipal de Segurança Institucional, Jair Barata Guimarães, a quem estão subordinados a GMM e o DMTU, também ouvido pelo Blog, disse que a Operação Saturação segue até o fim deste mês a fim de tentar manter os marginais longe das ruas e adiantou que, assim que a Guarda estiver portado armas letais, pretende instalar pontos de apoio em vários locais críticos da cidade, inclusive no Bairro Liberdade. “Serão três ônibus com policiais militares, guardas municipais e agentes do DMTU”, antecipou ele.

A Polícia Civil, embora tenha sido convidada, não enviou representante para a reunião. Segundo Lia da Liberdade, ela foi informada pela direção da 21ª Seccional Urbana de que ontem havia uma sobrecarga de trabalho naquele órgão, mas que um delegado da Cidade Nova compareceria, porém ninguém apareceu para falar pela PC.