Luciano Bivar lança nesta terça-feira (31) candidatura à Presidência da República

Deputado entra no páreo sem chances de crescimento na disputa. A pré-candidatura é vista apenas como um jogo de cena. Ele entra no páreo somente para negociar a retirada da disputa mais adiante.
Saída do União Brasil da “terceira via”, implodiu a aliança para enfrentar Lula e Bolsonaro no 1º turno

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Brasília – O deputado federal Luciano Bivar (União-PE), presidente nacional do União Brasil, partido que nasceu da fusão entre DEM e PSL, marcou um ato de lançamento da sua pré-candidatura à Presidência nesta terça-feira (31), em um centro de convenções em Brasília. A pré-candidatura do deputado é vista como um jogo de cena. Ele entra no páreo apenas para negociar a retirada da disputa mais adiante.

O partido negociava com PSDB, MDB e Cidadania o lançamento de uma candidatura única à Presidência para tentar fazer frente as campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas acabou deixando esse grupo e decidindo por uma candidatura solo.

O lançamento da pré-candidatura de Bivar, que é presidente do partido, ocorre justamente num período em que o grupo da “terceira via” está afunilando para um nome só, o da senadora Simone Tebet (MDB-MS), após a desistência do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB).

Integrantes do União Brasil dizem que receberam aval do partido para apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL) logo no primeiro turno. Afirmam, ainda, que a ofensiva para ter Bivar como candidato reflete uma estratégia que tem como objetivo rachar a terceira via e auxiliar na tentativa de reeleição de Bolsonaro.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, que trocou o PSC pelo União Brasil e vai tentar a reeleição disse: “Meu apoio ao Bolsonaro permanece. O acordo que fiz com o partido foi para que ele me deixasse livre para apoiá-lo”, garantiu.

Na prática, o União Brasil já abriga muitos apoiadores de Bolsonaro. A deputada Clarissa Garotinho (União-RJ), por exemplo, é uma delas. Em diversas postagens nas redes sociais, ela elogia o atual governo.

Assim como o governador do Amazonas, Clarissa afirmou que Bivar não proibiu o apoio a Bolsonaro. “O Bivar tem deixado a bancada muito à vontade. Ele entende que todo mundo tem uma posição construída até aqui”, disse a deputada. “Se o Bivar for candidato, o partido no Rio, enquanto instituição, vai apoiar a candidatura oficial do partido, mas o Bivar tem deixado a bancada liberada, explicou”.

Inicialmente o União Brasil fazia parte do grupo da terceira via, composto pelo MDB, PSDB e Cidadania – legendas que se autointitularam como “centro democrático” – e dizia estar interessado em construir uma candidatura única para se contrapor a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No início deste mês, no entanto, o União decidiu sair do grupo e anunciou que lançaria a pré-candidatura de Bivar, mesmo sem acordo com os outros partidos. O MDB e o Cidadania já anunciaram apoio à pré-candidatura de Simone Tebet e a tendência é que a cúpula do PSDB siga o mesmo caminho.

Uma aliança formal com o PL de Bolsonaro, porém, é considerada muito difícil pela cúpula do União Brasil por causa de arranjos estaduais. O ex-prefeito de Salvador ACM Neto é um dos que mais tentam se descolar da imagem de bolsonarista. Pré-candidato a governador da Bahia, onde Lula tem altos índices de popularidade, e rival histórico do PT no Estado, ACM Neto adotou outra estratégia. Disse que não dará palanque a nenhum candidato a presidente.

“Essa pré-candidatura não conflita com a posição de independência de cada Estado”, afirmou o ex-prefeito de Salvador, que é secretário-geral do União Brasil. “No nosso caso aqui na Bahia, (a decisão) é de não ter candidatura à Presidência oficial. É deixar o palanque aberto.”

Na prática, a ideia de lançar Bivar à sucessão de Bolsonaro atende aos interesses de diferentes alas da legenda. Com uma candidatura própria, líderes do partido não ficam obrigados a dar palanque para candidatos da terceira via e nem para Bolsonaro no Nordeste, região que é majoritariamente petista. Mesmo assim, os parlamentares e candidatos a governos estaduais têm aval da cúpula da legenda para apoiar Bolsonaro logo no primeiro turno.

Oficialmente, no entanto, há os que rejeitam o rótulo de candidatura de fachada do partido. “Bivar será o presidente de todos os brasileiros, não só dos filiados do União Brasil. Nós, inclusive, vamos contar com o apoio de simpatizantes de outros partidos, nesta construção de uma alternativa viável para o Brasil”, disse o deputado Celso Sabino (PA), líder do partido no Pará.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.