EXCLUSIVO: Reunião em Brasília define pauta do MST e libera Ferrovia Carajás

Participaram do encontro o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; o presidente nacional do Incra, César Aldrigh; o diretor da Vale, Kennedy Alencar; o gerente da Vale Carajás, Elísio; e representantes da Comissão Nacional do MST

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Uma reunião de mais de cinco horas realizada nesta sexta-feira (23), em Brasília, reacendeu as esperanças em torno da reforma agrária no estado do Pará, especialmente nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no sudeste paraense.

Participaram do encontro o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; o presidente nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Aldrigh; o diretor da Vale, Kennedy Alencar; o gerente da Vale Carajás, Elísio; e representantes da Comissão Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Durante a reunião, foi analisada uma extensa pauta apresentada pelo MST, e novas reuniões foram agendadas para dar seguimento às demandas. Como resultado imediato, foi liberada a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que vinha sendo ocupada pelos manifestantes. Embora tenham deixado de obstruir a linha férrea, os acampamentos continuam às margens da ferrovia.

Pauta apresentada pelo MST:

  1. Assentamento de todas as famílias cadastradas pelo Incra na região de Carajás, com prioridade para as áreas indicadas pelo movimento (complexo dos Miranda, Umuarama e Marambaia), incluindo as já vistoriadas. A pauta também propõe a arrecadação e compra de terras pela Vale e o investimento em infraestrutura (estradas, escolas, habitação, eletrificação, unidades de saúde e crédito de implantação) para as 13 mil famílias acampadas na região.
  2. Compra imediata da fazenda Aquidauana para garantir a permanência do Acampamento Terra e Liberdade.
  3. Liberação de recursos para o programa Fomento de Quintais Produtivos do MDA, beneficiando 1.500 mulheres do Acampamento Terra e Liberdade e 500 do Acampamento Oziel Alves.
  4. Construção de uma escola de ensino médio no Assentamento Palmares II.
  5. Elaboração de um Acordo de Cooperação Técnica entre Vale e Incra para ações de desenvolvimento nos assentamentos, incluindo programas de recuperação ambiental, aquisição de máquinas, produção de bioinsumos, agroindústrias, entre outros.
  6. Atendimento das demandas relacionadas à agroecologia e agroindústria via o programa “Mais Gestão”, executado em parceria com a IFPA.
  7. Aquisição das áreas do complexo Cedro/Fortaleza, em Marabá; cancelamento da matrícula da Fazenda Rio Pardo, em Eldorado do Carajás; e pagamento da Fazenda Maria Bonita, no mesmo município.
  8. Criação do assentamento Dina Teixeira (Fazenda Santa Marta), em Água Azul do Norte; além de vistoria e desapropriação dos acampamentos Carlos Marighella (Irituia), Terra Cabana e Chico Mendes (Benevides).
  9. Retomada de área de reserva dos assentamentos Lamarca (Capitão Poço) e Luís Carlos Prestes (Irituia), já denunciadas por irregularidades.
  10. Reforma e ampliação do Instituto IALA-Amazônico, localizado em Parauapebas.
  11. Visita do presidente Lula ao Pará, com presença de ministros, para anunciar oficialmente as entregas relacionadas à pauta do MST.
  12. Desapropriação imediata da Fazenda Mutamba, em Marabá.
  13. Oposição ao PL 2159/21 – chamado pelo movimento de “PL da Devastação” – que, segundo o MST, amplia a destruição ambiental promovida por grandes empresas, como a Vale, e representa um ataque à soberania nacional.

Ao final da reunião, o ministro Paulo Teixeira destacou a importância do diálogo e reafirmou o compromisso do governo federal com a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura familiar no país.

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