Depois do “Caldeirão do Bonner”, apresentador sugere censura a nanicos

O último debate promovido antes do primeiro turno foi um “mico” ao vivo, em rede nacional
O debate mediado pelo apresentador William Bonner, da Rede Globo, foi apelidado de “Caldeirão do Bonner”, tal foi a esculhambação do evento

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Brasília – Após o último debate com os presidenciáveis na quinta-feira (29), promovido pela Rede Globo e transmitido pelas afiliadas da emissora, ao vivo, em rede nacional, o “mico” ou “Caldeirão do Bonner”, como tem sido chamado nas redes sociais, resultou numa declaração surpreendente do apresentador do Jornal Nacional: a possibilidade de censurar partidos nanicos nos próximos embates, o que é ilegal, segundo a Justiça Eleitoral. A fala de William Bonner foi publicada na edição deste sábado (1º), na Coluna do jornalista Ancelmo Gois, no jornal O Globo, que pertence ao Grupo Globo.

O apresentador William Bonner comentou sobre os debates presidenciais: “O mediador tem mais o perfil de um árbitro. O sujeito que faz todo mundo cumprir regras de conhecimento geral e com a concordância de todos. Faço isso há 20 anos — o que me assegura algum grau de tranquilidade”.

“Mas a é verdade que o nível de tensão desses debates presidenciais tem aumentado a cada eleição. E não é uma coincidência que isso se dê simultaneamente com o surgimento e o crescimento das redes sociais. A intolerância belicista que elas alimentam se dissemina pra fora do universo digital, virtual. E é claro que a política é o ambiente para a tempestade perfeita. Mas nós estamos aprendendo todos os anos. Todos os dias. E eu acho que o debate de ontem [quinta-feira] inaugurou um novo tempo, em que candidatos sem nada a perder podem se dedicar a sabotar a dinâmica previamente combinada. E não importa com qual propósito. Isso é novo e acho que exige uma abordagem nova”, avalia o âncora do JN.

“Da mesma forma que, 21 anos atrás, ninguém precisava ficar descalço antes de embarcar num avião, não havia necessidade nenhuma de as regras de um debate preverem punição para quem as desrespeitasse.

Pessoalmente, acho que esta questão terá que ser abordada de agora em diante, no sentido de preservar o valor de um debate entre candidatos para o esclarecimento dos eleitores”, opina Bonner.

“Hoje, a lei eleitoral obriga as emissoras a convidar candidatos de partidos que tenham ao menos meia dúzia de parlamentares. Isso aumenta muito o número de participantes. Talvez seja o caso de estabelecer uma regra que aumente a exigência de representatividade política para que um candidato participe dos debates”, sugere Bonner.

Para que a “sugestão” de William Bonner possa ser levada em consideração, ele tem que combinar com os “russos”, uma vez que a legislação eleitoral que regulamenta os debates nas emissoras de TV e demais veículos de comunicação é clara: se o partido tiver acima de 6 representantes no Congresso Nacional, sua vaga está garantida nos debates e ponto final.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.