De coitado a autuado

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suicida sabido

Homem aplica golpe, tumultua a cidade e vai parar no xadrez

Francisco Sousa, 20 anos, cearense, chegou a Parauapebas há cerca de 15 dias, segundo ele para morar com a irmã. A vida de Francisco começou a desandar, pois sua irmã vendeu a casa onde morava e se mudou para Fortaleza. Francisco, sem lugar para ficar, dormiu na rua, onde foi assaltado. Bateram no Francisco. Ele então, liso financeiramente, começou a procurar ajuda. Primeiro para se alimentar, depois para retornar ao Ceará.

Francisco procurou um vereador para que o mesmo lhe arrumasse uma passagem de volta ao Ceará. Recebeu como resposta um sonoro não, sob a alegação de que o mesmo não era eleitor do município.

Francisco, perambulando pela cidade, com fome, com sede, bateu na porta de um cidadão no bairro Rio Verde. Pediu um prato de comida, contou a sua história. O dono da casa, depois de ouvi-lo, disse que ele estava enrolado, mas que não lhe ajudaria. Propôs a Francisco que, como solução para todos os seus problemas, subisse na torre da operadora de telefonia celular TIM, indicando-a com a mão.

Francisco olhou para a torre e decidiu que iria escalá-la e de lá se jogar. Seria, na ocasião, a melhor atitude a ser tomada. De pronto, o cearense subia na torre de oitenta metros. Já lá em cima, decidido a se jogar e a acabar de vez com a sua miserável vida, Francisco foi interpelado por centenas de populares que ali foram se aglutinando, esperançosos para ver o sofrido homem se jogar. Com os gritos de “pula,pula, pula”, Francisco se assusta e ameaça pular. A população continua incentivando.

Chega o Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, PM, Defesa Civil, psicóloga experiente na área de suicídio. Estava formada a operação que tentaria fazer com que o agora relutante Francisco mudasse de idéia. Francisco explica que quer dinheiro para voltar ao Ceará. A rádio Arara Azul transmite o evento ao vivo O sempre antenado Laércio de Castro confere tudo em loco. Tensão. Francisco começa a descer. Muda de ideia. O dinheiro lhe é mostrado por agentes da operação. Curiosos aumentam em número rapidamente.

Um agente sobe até onde Francisco está e lá lhe repassa a verba. Francisco desce.

Um suculento marmitex espera por ele que o devora rapidamente. Bebe água, dá entrevista. É encaminhado à DEPOL onde é autuado por perturbação da ordem pública e estelionato. É, estelionato. O infeliz Francisco já havia cometido esse “golpe” diversas vezes no Maranhão. Confessou tudo assim que chegou à delegacia e tomou umas duras.

Esse golpe é comum, confira aqui, e nos leva a pensar aonde chegaremos. O homem, lamentavelmente, faz qualquer tipo de coisa para arrumar uns trocados. Francisco, se é que esse é mesmo o nome do cara, vai passar uma temporada vendo o sol nascer quadrado. Merecidamente. Caboclo bom de uma taca daquelas de ir parar na água de sal pra curar!

Foto de Bariloche Silva