Bolsonaro sanciona aumentos para policiais sob risco de greve geral de várias categorias

O reajuste será apenas para três categorias
Outras categorias do serviço público federal se articulam para deflagrar uma greve geral

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Brasília – Ao sancionar com vetos despesas de cerca de R$ 3,2 bilhões ao Orçamento de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve o aumento de três categorias do serviço público federal. Terão os salários aumentados os policiais federais, policiais rodoviários federais e funcionários do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). As demais categorias do serviço ficaram de fora do aumento e prometem mobilização para deflagrar uma greve geral.

Bolsonaro não considerou a recomendação da equipe econômica que aconselhou o cancelamento do aumento. “Se uma categoria receber o aumento as demais vão querer também”, resumiu a nota técnica enviada ao mandatário.

Embora o presidente acene com aumento salarial para três categorias da área da segurança, tecnicamente a verba de R$ 1,7 bilhão incluída no Orçamento não está “carimbada” para esses profissionais, e sua destinação exata pode ser definida ao longo do ano, justifica o governo em sua defesa.

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que o valor reservado para reajustes no Orçamento equivale a menos de 1% de todas as despesas de pessoal da União, de mais de R$ 300 bilhões por ano. “A gente pode fazer justiça com três categorias. Não vai fazer justiça com as demais, sei disso. Fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?”, disse o presidente em entrevista a uma rede de TV.

Na mesma entrevista, o presidente prometeu elevar os salários de todo o funcionalismo em 2023. Dois meses atrás, ele fez promessa semelhante para 2022 ao anunciar aumento para “todos os servidores federais, sem exceção”.

A situação está longe de ser pacificada. O anúncio de que apenas profissionais da segurança seriam contemplados neste ano irritou outras categorias do funcionalismo, inúmeras sem aumento salarial há pelo menos dez anos. São essas categorias que intensificaram a pressão por aumento salarial, com protestos e promessas de greve caso não sejam atendidas. Novas manifestações estão programadas para terça (25) e quarta-feira (26).

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.