Após trocar líder do governo, Bolsonaro convoca reunião extraordinária

Bolsonaro troca líder do governo na Câmara e convoca reunião com ministros e parlamentares no Palácio do Planalto após “debandada” na equipe econômica

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Brasília – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) trocou o líder do governo na Câmara dos Deputados e convocou reunião de última hora com ministros e parlamentares no Palácio do Planalto no final da tarde desta quarta-feira (12). Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também foram convidados. Antes da reunião, Bolsonaro fará um pronunciamento.

As mudanças ocorrem menos de 24 horas após “debandada” na equipe econômica. Ontem, dois diretores do Ministério da Economia pediram demissão. Deixaram o governo Salim Mattar, por conta da demora nas privatizações, e Paulo Uebel, que cuidava da reforma administrativa, que está travada e só deve ser retomada em 2021.

A reportagem apurou que a reunião de emergência tem como objetivo reafirmar o respeito do governo ao teto dos gastos e dar uma demonstração de força ao ministro da Economia Paulo Guedes.

Novo líder

Na próxima terça-feira (18), o governo terá um novo líder na Câmara dos Deputados. O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde de Michel Temer (MDB) e ocupando atualmente o cargo de vice-líder do governo no Congresso Nacional, assume no lugar do deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO).

“Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro pela confiança do convite para assumir a liderança do governo na Câmara dos Deputados com a responsabilidade de continuar o bom trabalho do Líder Vitor Hugo, de quem certamente terei colaboração”, escreveu Barros, agora há pouco em uma rede social.

Reunião de emergência

A pauta da reunião de emergência convocada pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada às 18h com o ministro da Economia, Paulo Guedes, integrantes da equipe econômica e alguns dos principais ministros governo, contará com a presença de parlamentares aliados e lideranças do governo no Congresso, deve discutir o teto de gastos. Essa regra está sob ataque de integrantes do governo, mas é defendida por Guedes.

Os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também foram chamados.

A debandada de auxiliares do ministro e a própria fala de Guedes de que furar o teto pode levar o impeachment do presidente Bolsonaro gerou uma enorme desconfiança sobre a permanência de Guedes do cargo.

Mais cedo, Bolsonaro afirmou que “é normal a saída de alguns” do governo.

Bolsonaro afirmou ser compreensível alguns ministros buscarem mais recursos para obras essenciais, mas ressaltou o compromisso do governo com “a responsabilidade fiscal e o teto de gastos”, além de defender a privatização de “empresas deficitárias”.

Sem citar nomes, Bolsonaro disse que: “Em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais” e acrescentou que os dois secretários “vão para uma outra atividade muito melhor”, passando um clima de normalidade.

Ao mesmo tempo, o presidente explicou as dificuldades na agenda econômica. Disse que “privatizar está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira” e ressaltou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a venda de “empresas-mãe” precisa ter um aval do Congresso.

Além disso, em referência à reforma administrativa, afirmou que “os desafios burocráticos do estado brasileiro são enormes e o tempo corre ao lado dos sindicatos e do corporativismo e partidos de esquerda”, justificando a dificuldade no avanço das reformas que seu governo quer implantar.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.