A famosa mina de manganês Azul, na Serra Norte de Carajás, pode estar com seus dias contados em Parauapebas. É que a mineradora multinacional Vale informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos Estados Unidos, onde mantém operações em bolsa, que a provável exaustão da reserva de manganês vai ocorrer em 2025, quatro décadas depois de sua abertura.
Uma das maiores evidências disso é o fato de que Parauapebas, historicamente maior produtor de minério de manganês do país, desde 2017 perdeu o posto para Marabá. No ano passado, a mina do Azul rendeu R$ 403,42 milhões em produção, enquanto a mina da Buritirama, em Marabá, faturou R$ 575,65 milhões. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
De acordo com informações declaradas pela Vale no Formulário 20-F, entregue às autoridades financeiras em Washington no último dia 3, a Mina do Azul reduziu sua reserva de manganês de 14,7 milhões de toneladas em 2018 para 13,1 milhões de toneladas. A produção do ano passado, obtida após o beneficiamento e a recuperação, foi de 1 milhão de toneladas.
Outra que também está prestes a pendurar as chuteiras é a mina de cobre Sossego, em Canaã dos Carajás, que, nos cálculos da Vale, finda a lavra em 2028. Segundo informou a empresa, a reserva de cobre de Sossego é estimada em 109,3 milhões de toneladas com teor médio de 0,67%. É dez vezes menos cobre que a reserva de cobre de Salobo, em Marabá, onde a Vale estima existir 1,148 bilhão de toneladas com teor médio de 0,6%. A Vale projeta a exaustão de Salobo para o ano de 2052.
Minério de ferro de Carajás
O principal produto da Vale no mundo, o minério de ferro, sai das operações industriais da empresa no complexo de Carajás, no Pará. Carajás é termo genérico para discriminar um conjunto de reservas que se distribuem por vários municípios, basicamente pelas serras Norte, dentro de Parauapebas; Sul, dentro de Canaã dos Carajás; e Leste, dentro de Curionópolis. Hoje, é a reserva dentro do município de Canaã que possui maior volume de minério de ferro, com 4,2 bilhões de toneladas, isso apenas nos blocos C e D do corpo S11.
Em Parauapebas, a produção de minério de ferro no ano passado totalizou 113,5 milhões de toneladas. É o menor volume desde 2013, quando foram produzidos 104,89 milhões de toneladas, segundo apurou o Blog do Zé Dudu. Em nova rodada de estimativa de vida útil, a Vale diz que o minério existente no subsolo de Parauapebas vai até 2047. Em 2018, a projeção era de até 2042.
De um ano para outro, a reserva de minério subiu de 2,02 bilhões de toneladas em 2018 para 2,82 bilhões em 2019, adição de 800 milhões de toneladas. A Vale diz que “as variações nas reservas de minério de ferro de 2018 a 2019 refletem o abatimento resultante da produção para todas as minas” e que essas reservas “foram afetadas positivamente por novas informações e estimativas geológicas”.
Ao cruzar as informações de diversos relatórios da Vale, entretanto, o Blog do Zé Dudu apurou que esse aumento se deve a incremento das reservas de N1, N2 e N3, que ainda não estão sendo exploradas, mas que a Vale corre para tocá-las, como anunciado em primeira mão por este Blog (relembre aqui). Quando a lavra dos corpos intactos se iniciar, a projeção de exaustão volta a cair bruscamente.
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Nas contas da mineradora, as reservas que estão na mira podem render por ano 40 milhões de toneladas em minério de ferro, praticamente um quarto da atual capacidade nominal das operações da Serra Norte. Sem que essas reservas entrem em processo de exploração, as atuais minas trabalhadas pela Vale — N4E, N4W e N5 — se esgotam em 2036. A empresa, todavia, abandonou a divulgação de informações por mina individual, no caso do Pará, e passou a divulgar por conjunto de operações, o que dispersa a realidade para as reservas lavradas.
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