Produção da Vale cai bruscamente em Parauapebas e finanças estão ameaçadas

É o pior março na história recente da produção de ferro em Carajás. Dependente apenas do minério e sem alternativa econômica, município vai sentir impacto com redução dos royalties.

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O prefeito Darci Lermen precisa despertar para a vida e conter o exagero nas gastanças e andanças porque os sinais estão todos postos: a receita de royalties da Prefeitura de Parauapebas vai cair nos próximos meses, tendo em vista o fraco desempenho do município na extração de minério de ferro. O que já havia sido ruim em fevereiro acabou de piorar. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu nesta quarta-feira (3), a partir de números que acabam de ser divulgados pelo Ministério da Economia sobre a balança comercial nos municípios. Parauapebas, que foi por seguidos meses — entre 2013 e 2017 — líder nacional das exportações, despencou para o 7º lugar nacional.

A mineradora multinacional Vale extraiu e exportou do município 4,7 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro no mês passado. É o pior março desde 2008, quando a exportação municipal foi de 3,43 Mt da commodity. Para se ter ideia, em março de 2017 o município exportou 12,97 Mt enquanto no mesmo mês de 2018 os embarques totalizaram 9,27 Mt. A queda na produção exportada em março deste ano foi tão severa que encolheu mais de 2,5 Mt em relação a fevereiro, o mês mais curto.

Em termos financeiros, as exportações parauapebenses totalizaram 279,61 milhões de dólares, o pior valor em uma década. Em março do ano passado, foi quase o dobro: 505,01 milhões de dólares. E o recorde foi alcançado em março de 2017, com 806,88 milhões exportados em minério de ferro de uma tacada só.

Consequências para o município

Tudo isso, para além de números de produção física e de dólares alheios à população, tem efeitos práticos para toda a sociedade, notadamente em forma de serviços públicos. Isso porque é por meio das exportações de minério que a prefeitura municipal garante seu mais valioso ganha-pão, os royalties de mineração. Com a queda brusca da produção, como registrado em março, cai drasticamente a compensação financeira a ser recebida.

A produção de março gerará o royalty a ser pago em maio. Na atual conjuntura, a compensação recebida pela Prefeitura de Parauapebas pela extração mineral pode despencar de uma média aproximada de R$ 44 milhões por mês para R$ 30 milhões. Pode parecer pouco para uma administração bilionária, como a de Darci Lermen, mas fará falta sobretudo se durar meses seguidos.

Vale lembrar que nos últimos dois anos e quatro meses incompletos cerca de R$ 2,5 bilhões foram arrecadados, mas quase nada de vultoso fora realizado em prol da melhoria da qualidade de vida, geração de emprego e renda e redução da pobreza no município. E, para piorar, sem alternativa econômica que faça frente à redução das receitas provenientes da mineração, Parauapebas parece assistir a seu próprio fim, de maneira incólume e angustiante, com a prosperidade da vulnerabilidade social.

Canaã dos Carajás é o queridinho

Enquanto a produção de minério de ferro despenca em Parauapebas, Canaã dos Carajás, queridinho da mineradora Vale, nada tem a reclamar. Em março, a “Terra Prometida” exportou 3,77 milhões de toneladas do produto e, por isso, fez movimentar 223,17 milhões de dólares. Sua produção está se aproximando da de Parauapebas.

Em relação a 2018, a produção física de Canaã até caiu cerca de 300 mil toneladas. Ainda assim, a exportação deste ano foi mais de dois milhões de dólares superior. Isto se explica pelo fato de o preço da tonelada do minério estar maior no mercado internacional em comparação com o ano passado, o que favorece aumento nos ganhos sobre a comercialização da commodity, mesmo lavrando menos.

3 comentários em “Produção da Vale cai bruscamente em Parauapebas e finanças estão ameaçadas

  1. Eduardo Responder

    Nós, como população de Parauapebas, deveríamos nos mobilizar para exigir a prestação de contas do município, já que é um direito constitucional.

  2. Eduardo Responder

    O estado precisa desenvolver outras potencialidades, se preparando para crises, exaustões de reserva e outros problemas.

    Nessa linha, a verticalização mineral além de benefícios imediatos no tocante a empregos é ela que no longo prazo dará certa segurança ao estado e oportunidades às pessoas.

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