Privatização leva Centrais Elétricas do Pará ao processo de falência

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Para Sindicato dos Urbanitários apenas federalização da distribuidora pode contornar situação.

À beira da falência, sem pagar os trabalhadores e com pedido de recuperação judicial em andamento. Este é o cenário caótico deixado pelo Grupo Rede responsável pela administração das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), a distribuidora de energia do Estado.

Fruto da privatização sacramentada em 1998, a má gestão e o descaso geraram uma dívida que chega a R$ 2 bilhões. Ao assumir o controle da Cepal, o Grupo Rede apostou na lógica de que o mercado seria a solução na busca pelos lucros. E quem pagou a conta foram a população e os trabalhadores.

“Logo no início da privatização mais de dois mil trabalhadores foram demitidos criando um processo de sucateamento da Celpa, precarização das relações de trabalho que geraram diversos acidentes. O Grupo Rede repassou mais de R$600 milhões para outras regiões enquanto que o Pará continua amargando anos sem investimentos”, denuncia Ronaldo Romeiro, presidente do Sindicato dos Urbanitários do Pará.

Segundo Romeiro, dados de 2010 mostram que a Cepal é hoje a pior distribuidora de energia entre as 64 existentes no Brasil quando o assunto é qualidade de serviço. “É inaceitável que o Pará, sendo um estado produtor e exportador de energia, chegue a este patamar. Aproveitam o que interessa e deixam o bagaço aqui”, rechaça.

Diante da situação, os eletricitários realizaram uma paralisação de 48 horas nos dias 5 e 6 de março para protestar contra a má gestão do Grupo Rede, a falta do pagamento da 38ª parcela do acordo judicial do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e pela federalização da Celpa.

Junto com Franklin Moreira, presidente da FNU (Federação Nacional dos Urbanitários), Romeiro esteve em Brasília nesta terça (6) em reunião com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Escutaram dele que o governo só irá acompanhar o processo, sem intervir. “Muito cômodo o governo ficar parado vendo a banda passar enquanto o povo paraense continua sofrendo. O governo precisa tomar uma posição efetiva que busque o controle da Celpa”, declara.

“A solução mais viável e o que nos reivindicamos é que a haja um processo de federalização, com o controle passando para a Eletrobrás que é detentora de 34,5% de suas ações”, complementa.

Segundo Romeiro, os trabalhadores entraram em estado de greve e uma paralisação geral não está descartada. Uma nova assembleia será realizada na sexta (9) para definir as próximas ações.

População: vítima do descaso

Fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) detectou que, em 2011, os consumidores da Celpa ficaram, em média, 106 horas sem energia por falhas da distribuidora.

Um prazo de 60 dias foi estipulado para que a distribuidora apresente um plano buscando a correção de falhas na qualidade dos serviços prestados. “Tudo isso poderia ser resolvido caso o controle da distribuidora fosse repassado para a Eletrobras”, reflete Romeiro.

Por William Pedreira – CUT Brasil

3 comentários em “Privatização leva Centrais Elétricas do Pará ao processo de falência

  1. Parauapebas Júnior Responder

    Colocar a culpa da situação da Celpa na privatização é uma arrematada tolice e desonestidade intelectual. O caso da Celpa é incompetência mesmo, para deixar barato. É largamente sabido que a mesma é vítima constante de roubo de energia – os famosos gatos – e de uma corrupção interna ainda não medida. Dentre as mais de 100 a empresas privatizadas não encontrei registro de falência. O caso da Celpa talvez fosse melhor analizado por outros especialistas que não os economicos ou administrativos. No caso, os policiais.

  2. VITOR Responder

    Isto também é resultado dos inúmeros “gatos” ou seja ligações clandestinas, principalmente em invasões mas também de muitos bacanas, que não pagam pelo uso e ainda detonam os aparelhos domésticos de quem paga honestamente! Muitos destes trabalhadores serão aproveitados, falta mão de obra especializada no país, principalmente no setor elétrico, a privatização é salutar!!

  3. Susy Responder

    Quer saber, quero mais que ela vá a falência mesmo, quem sabe assim ganhamos uma prestadora de serviços competente. Cobra caríssimo, faz descaso com os clientes e ainda passamos por transtornos impagáveis. Nossa fico com muito dó de alguns funcionários minoria que trabalham dignamente.

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