Prefeitura de Parauapebas ficou quase R$ 330 milhões mais pobre em 2022

Arrecadação da Capital do Minério encerrou abaixo do apurado em 2021 e, na reta final, virou motivo de preocupação, devido ao desafio de pagar as contas em dia, sobretudo funcionalismo

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O governo do município mais rico do interior amazônico não via a hora de 2022 acabar. A frustração de receitas tornou a reta final do ano passado muito difícil e caro para a Prefeitura de Parauapebas, particularmente para honrar compromissos financeiros com fornecedores, mantendo, ao mesmo tempo, a folha de pagamento em dia. E a razão foi uma só: a arrecadação líquida, livre de descontos legais, caiu vertiginosamente ao longo do ano. A informação foi levantada pelo Blog do Zé Dudu.

O Blog fez balanço preliminar sobre o faturamento da administração de Darci Lermen e concluiu que em 2022 a receita líquida foi R$ 330 milhões menor que em 2021. Enquanto a arrecadação do ano passado encerrou 31 de dezembro em R$ 2,467 bilhões, em 2021 o valor total havia ficado em R$ 2,798 bilhões, um recorde. Em termos comparativos, é como se de um ano para outro Parauapebas tivesse visto desaparecer um caminhão de dinheiro público suficiente para sustentar por um ano inteiro o município de Redenção, principal praça financeira do sul do Pará.

No último bimestre de 2022, o governo da Capital do Minério faturou R$ 452,23 milhões líquidos, enquanto a arrecadação somada de novembro e dezembro de 2021 ficou em R$ 528,29 milhões. Nem mesmo no final do ano, quando tradicionalmente a receita se eleva, as contas de Parauapebas em 2022 superaram o resultado do ano anterior.

Royalties derrubaram

A queda geral na receita foi arrastada pela baixa acima do previsto no recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), principal fonte de renda da prefeitura. Em 2021, o município surfou na onda da alta descomunal da tonelada de minério de ferro, que chegou a romper a casa de 230 dólares. No entanto, o valor patinou em 100 dólares em 2022 e em vários momentos chegou a ficar abaixo disso. Como efeito, a receita dos royalties pagos pela extração do ferro caiu praticamente no mesmo ritmo.

De forma otimista e ambiciosa, a Prefeitura de Parauapebas previu, no orçamento para 2022, uma receita de royalties de mineração do tamanho de R$ 1,198 bilhão. É como se esperasse de braços abertos uma caçamba de dinheiro do porte da arrecadação de Marabá só em Cfem. Mas deu ruim: o faturamento com a compensação somou R$ 864,54 milhões — praticamente os mesmos R$ 330 milhões que “faltaram” na comparação com 2021.

O cenário só não foi mais grave porque a receita do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cresceu acima do esperado e amorteceu a queda na ponta, causada pela Cfem. Com previsão inicial de receber R$ 557,07 milhões em ICMS, a Prefeitura de Parauapebas embolsou ao longo de 2022 um total de R$ 800,13 milhões.

A receita do Imposto Sobre Serviços (ISS), prevista em R$ 181,15 milhões, também veio melhor que o esperado: R$ 223,9 milhões, assim como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), orçado em R$ 106 milhões, mas que na realidade fechou o ano em R$ 122,25 milhões.

O recolhimento de receitas que compõem o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), para custeio, entre outras coisas, dos salários dos profissionais da educação, também veio acima do previsto. No orçamento para 2022, a percepção era de R$ 217,67 milhões, porém ingressaram nas contas do município R$ 269,2 milhões.

No frigir dos ovos, a meta de 2022, cuja expectativa de receita bruta era de R$ 2,571 bilhões, a Prefeitura de Parauapebas conseguiu alcançar, com valor total de R$ 2,627 bilhões. Porém, teve de pedalar muitos de seus compromissos empenhados no ano passado para pagar em 2023 porque a fonte, que parecia inesgotável, secou antes do raiar do ano novo.