População do Pará tem maior aumento de renda do Brasil

Ainda assim, rendimento domiciliar médio por pessoa foi 15% inferior ao salário mínimo e 36% abaixo do rendimento médio do país. Lamentavelmente, população paraense é 5ª mais pobre.

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De 2019 para 2020, o rendimento domiciliar médio por pessoa no Pará passou de R$ 807 para R$ 883. Pode parecer pouca coisa, e é, mas no ano marcado pela pandemia de coronavírus e pelo fechamento de diversos setores da economia como medida para enfrentar a doença causada pelo vírus, a Covid-19, a notícia é um alento. Além disso, a população paraense foi a que, no Brasil, apresentou o maior crescimento relativo da renda per capita: 9,45%.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que cruzou dados de um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último final de semana com estatísticas do próprio órgão referentes a 2019. O Blog apurou que, das 27 Unidades da Federação, 14 viram a população perder rendimento em 2020 no confronto com 2019, com as piores situações verificadas no Espírito Santo (-8,77%) e Rio de Janeiro (-8,43%).

No Brasil, o rendimento encolheu de R$ 1.439 para R$ 1.380, recuo de 4,08%. No estado de São Paulo, o mais rico e desenvolvido do país, a baixa foi de 6,77%, uma vez que o rendimento domiciliar médio por pessoa caiu de R$ 1.946 em 2019 para R$ 1.814 em 2020. No entanto, foi no Distrito Federal onde os brasileiros mais perderam renda em termos nominais: cerca de R$ 211 — lá o rendimento despencou de R$ 2.686 para R$ 2.475.

Em contrapartida, o Ceará, com aumento nominal de R$ 86 e o Pará, de R$ 76, registraram as maiores altas de um ano para outro.

5ª mais pobre do país

Mas nem tudo são flores no muito desigual Pará. A mesma pesquisa do IBGE revela que o a população paraense foi a 5ª mais pobre do país no ano passado. Para piorar, o rendimento domiciliar médio de R$ 883 ficou 15,5% abaixo do salário mínimo vigente em 2020, de R$ 1.045. Perante a média nacional de rendimento, de R$ 1.380, a distância do Pará é ainda mais abissal: 36% abaixo.

E essas questões nada têm a ver diretamente com outros indicadores tão abordados aqui no Blog, como arrecadação do Pará (que é o dinheiro concreto que entra nos cofres do Governo do Estado) e o Produto Interno Bruto, ou PIB (que é o dinheiro teórico em cuja quantia se contabiliza as riquezas potenciais geradas pelo estado no período de um ano).

A “magreza” da renda do paraense está ligado a fatores historicamente ignorados pelo poder público, um dos quais a informalidade elevadíssima e os subempregos registrados no Pará. Além disso, o Pará tem um dos maiores índices nacionais de trabalhadores empregados e não formalizados nas empresas. Outras questões também sustentam a precariedade da distribuição de renda e o baixo rendimento no estado. O acesso à educação pública de qualidade talvez seja um dos fatores mais marcantes, tendo em vista que o ensino básico paraense é reconhecidamente um dos mais ruins do Brasil. Deficiências no acesso à saúde e a falta de saneamento básico também pesam. 

Vale destacar que o rendimento per capita de 2020, calculado com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), serve de base para que o Tribunal de Contas da União (TCU) estabeleça os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE). No ano passado, o rendimento do paraense ficou

Fonte: IBGE (2021) | Elaborado pelo Blog do Zé Dudu.