Petrobras confirma segunda descoberta de petróleo na Bacia Potiguar na Margem Equatorial brasileira

Com greve do Ibama, navio-sonda retornará para a bacia de Campos
Navio-sonda da Petrobras em Alto Mar

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A Petrobras confirmou na terça-feira (9) que a missão de prospecção de pesquisa resultou na segunda descoberta de petróleo na Margem Equatorial brasileira, na bacia de Potiguar, e o navio- sonda empregado vai voltar à bacia de Campos, como já havia sido informado pelo diretor de Exploração e Produção da companhia, Joelson Mendes.

Essa não foi a primeira descoberta da empresa na região. Conforme noticiamos em dezembro do ano passado, a Petrobrás já havia anunciado a presença de hidrocarbonetos no poço Pitu Oeste, que fica a cerca de 24 km de Anhangá. A Petrobrás é a operadora de ambos os ativos, com 100% de participação. Segundo a companhia, as duas descobertas ainda merecem avaliações complementares.

A petroleira detalhou ainda que o novo feito na Bacia Potiguar é inédito. Essa foi a primeira vez que foram constatados reservatórios turbidíticos de idade Albiana. A empresa acrescentou que dará continuidade às atividades exploratórias na região, visando avaliar a qualidade dos reservatórios, as características do óleo e a viabilidade técnico-comercial da acumulação.

Além disso, a perfuração desse segundo poço exploratório foi concluída com total segurança. Isso dá mais argumentos para a Petrobrás na batalha para a obtenção da licença ambiental na Bacia da Foz do Amazonas, também na Margem Equatorial, onde a companhia pretende perfurar um poço no bloco FZA-M-59. O Ibama negou a licença e agora analisa um pedido de reconsideração apresentado pela petroleira.

A perfuração deste segundo poço exploratório foi igualmente concluída com total segurança, dentro dos mais rigorosos protocolos de operação em águas profundas, o que reafirma que a Petrobrás está preparada para realizar com total responsabilidade atividades na Margem Equatorial.

“A companhia possui um histórico de quase 3 mil poços perfurados em ambiente de águas profundas e ultraprofundas, sem qualquer tipo de intercorrência ou impacto ao meio ambiente, o que, associado à capacidade técnica e experiência acumulada em quase 70 anos, habilitam a companhia a abrir novas fronteiras e lidar com total segurança suas operações na Margem Equatorial” afirma o presidente da petroleira Jean Paul Prates.

A companhia pretende investir US$ 7,5 bilhões em exploração até 2028, sendo US$ 3,1 bilhões na Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte. Está prevista a perfuração de 50 novos poços exploratórios no período, sendo 16 na região da Margem Equatorial.

Localização do poço onde após a perfuração foi descoberta a existência de petróleo

O anúncio chega em um momento no qual servidores da área de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), permanecem em greve, desde outubro do ano passado, sem o qual o governo federal tome qualquer providência para solucionar a situação, que está afetando toda a rede de licenciamento ambiental federal do país. Milhares de projetos, empregos ameaçados nos mais diversos setores econômicos, esperam licenças para começaram a operar, e o prejuízo financeiro bilionário segue em curso prejudicando uma diversificada gama de empreendimentos.

Custos

Segundo a Petrobras, manter a unidade — um navio-sonda — no local, à espera da licença ambiental para perfurar o principal objetivo da companhia, na bacia Foz do Amazonas, resultaria em custos incalculáveis, já que não há prazo para a concessão do documento.

A descoberta, divulgada na noite de terça-feira, agradou o mercado financeiro, que mantém as ações da companhia em alta no pregão desta quarta-feira, (10), a despeito da queda do preço do petróleo e as especulações sobre a substituição do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que também estão se arrefecendo.

Por volta das 12h20, tanto as ações preferenciais como as ordinárias da companhia subiam mais de 2% na B3 — a Bolsa de Valores do Brasil e as ADRs negociadas em dólar na NYSE, a bolsa de Valores de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Além de dar pistas sobre as possibilidades de produção nas águas ultraprofundas da bacia Potiguar, a descoberta no poço exploratório Anhangá, na costa do Rio Grande do Norte, garante maior credibilidade sobre o aumento de reservas da companhia.

Segundo a Ativa Investimentos, a bacia Potiguar está localizada a alguns quilômetros de distância da bacia da Foz do Amazonas, alvo principal da petroleira, e mesmo assim possui características geológicas parecidas, “o que é ótimo”, avalia a corretora.

A Ativa destaca que a nova fronteira tem potencial, sobretudo por se tratar ainda de exploração em águas ultraprofundas, onde a Petrobras é destaque global, tendo desenvolvido tecnologia própria para esse tipo de exploração.

“A descoberta coloca uma pulga na orelha do Ibama. Se existem condições parecidas com a Foz do Amazonas e a bacia Potiguar, fica a impressão que o que existe na Foz do Amazonas pode ter grandes proporções. Em suma, a descoberta ajuda a Petrobras a colocar pressão no órgão para agilizar a licença solicitada pela empresa e que segue parada por mais de um ano no órgão”, afirmou em nota.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.