Pesquisadores registram nascimento de primeira búfala de proveta no Marajó

O Pará é o maior criador de búfalo do Brasil, com 38,13% da produção nacional.

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Japonesa é o nome da primeira búfala gerada pela técnica de fertilização in vitro na região do Marajó, no Pará. Foram mais de três décadas de estudos até o nascimento da bezerra bubalina, em dezembro de 2021. O projeto “Biotecnologia da Produção de Bubalinos” é uma iniciativa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), com apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudo e Pesquisa (Fapespa), com investimento do Governo do Estado do Pará que busca melhorar a produtividade do rebanho bubalino.

“Esse trabalho busca achar soluções viáveis e inovadoras para as problemáticas locais relacionadas a essa produção, fortalecer os vínculos regionais e implementar práticas sustentáveis do manejo. Devido aos esforços dos pesquisadores, o projeto rendeu os primeiros frutos: o nascimento da primeira búfala de proveta. Essa iniciativa representa como o incentivo do Governo do Estado e da Fapespa em levar ciência, tecnologia e inovação por todo o Pará produziu um marco para a ciência regional e nacional”, ressalta Marcelo Botelho, presidente da Fapespa.

O médico veterinário e doutor em ciência animal, Sebastião Rolim, um dos pesquisadores que coordenam a pesquisa, explica que devido aos avanços biotecnológicos é possível utilizar de maneira mais abrangente indivíduos de alto valor produtivo. O pesquisador afirma que o nome da búfala é uma homenagem ao legado do professor Otávio Ohashi, descendente de japoneses, que participou desde o início do estudo e morreu no início de 2021, vítima da Covid-19.

“Nossa pesquisa busca tentar aumentar a produção de leite e de carne, através da difusão mais rápida e eficiente de material genético de alto valor zootécnico, além de difundir entre pequenos produtores material genético que estes não poderiam ter acesso devido ao elevado custo. Esse trabalho tem uma importância econômica gigantesca para região do Marajó. Precisamos levar a tecnologia aos produtores para que essa produtividade aumente, melhore a renda, a qualidade de vida e a sustentabilidade, seja ela ambiental, econômica, social, geração de emprego e muito mais”, pontuou Sebastião Rolim.

Resultados

O sêmen e os embriões produzidos serão distribuídos entre os produtores da região, com o intuito de melhorar a produtividade do rebanho bubalino. Para minimizar as dificuldades na questão logística de transporte na região, que envolve períodos de cheias e problemas de acesso a fazendas, e avançar nas pesquisas, foi implantado um laboratório de produção in vitro na Ilha do Marajó, localizado na Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (EETEPA) de Salvaterra.

A médica veterinária da Sedap Anelise Ramos, que também presta serviço à Fapespa e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), fez uma visita técnica à fazenda com a Japonesa e ressaltou que o projeto já apresentou diversos resultados, como inseminações, os primeiros congelamentos de sêmen no Marajó, as primeiras experiências que resultaram no nascimento oriundo de sêmen sexado e o primeiro nascimento por produção in vitro na região.

“A participação das instituições e dos produtores rurais foi, e continua sendo, imprescindível para propiciar o crescimento das biotécnicas reprodutivas na Ilha do Marajó, pois fornece incentivos que fazem, de fato, projetos como esse terem base para atender proprietários e disseminar conhecimentos descritos apenas na literatura científica, fazendo com que, desse modo, a produção da região cresça e se desenvolva cada vez mais”, destaca Anelise Ramos.

O próximo passo, de acordo com Sebastião Rolim, é ampliar a quantidade de produtores atendidos pelo projeto. “Hoje a gente pode dizer que temos uma parceria e um projeto aprovado pela Fapespa. Com esse recurso, a gente vai poder ampliar o projeto e conseguir alcançar mais produtores. Isso tem uma relevância muito grande para essa questão de melhoramento genético na ilha do Marajó”, disse o doutor em ciência animal.

Rebanho bubalino

O Pará, segundo série divulgada pelo Núcleo de Planejamento e o setor de Estatísticas da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), em março de 2021, lidera na produção bubalina. É o maior criador de búfalo do Brasil, com 38,13% da produção nacional.

Os dados mostram que das 1.434.141 cabeças produzidas no Brasil, 546.777 são oriundas do Pará (ganho de 5,34% em relação ao ano de 2018), sendo a região do Marajó responsável pela maior quantidade do rebanho bubalino. Os municípios de Chaves (32,09%), Soure (15,41%) e Cachoeira do Arari (8,15%) são os que mais se destacam no segmento.

Fonte: Agência Pará de Notícias