Parauapebas vai ganhar curso de graduação para indígenas

Anseio antigo da comunidade escolar indígena, graduação será ofertada pela Uepa, por meio do Programa Forma Pará, da Sectet. Município terá de garantir suporte à realização das aulas.

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A Capital do Minério deu esta semana mais um passo importante para ampliar a oferta de ensino superior público na comunidade. Em parceria com o Governo do Estado, a administração de Darci Lermen vai ofertar em Parauapebas, em breve, o curso de graduação em Licenciatura Intercultural Indígena, um desejo antigo de dezenas de educadores que atuam na educação indígena e, também, de estudantes indígenas que concluíram o ensino médio e não tiveram oportunidade de cursar faculdade.

Ontem (29), o prefeito em exercício João do Verdurão e o titular da Secretaria Municipal de Educação (Semed), José Leal Nunes, participaram em Belém da assinatura do convênio da chamada 2021 do Programa Forma Pará, encabeçado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet).

No programa, Parauapebas foi contemplado com a graduação específica aos indígenas e que será ministrada pela Universidade do Estado do Pará (Uepa). De acordo com o prefeito em exercício João do Verdurão, “graças ao empenho do governo do prefeito Darci e à estrutura da Semed, será possível ampliar a oferta de ensino superior público no município”.

Dados do Censo da Educação Superior de 2019 mostram que Parauapebas tem os piores indicadores de oferta de vagas de ensino superior entre os municípios com mais de 200 mil habitantes. São apenas 6 mil estudantes de graduação na segunda mais rica praça financeira do Pará, enquanto em Marabá são cerca de 18 mil. Em Altamira, Paragominas e Tucuruí, que têm metade do tamanho de Parauapebas, a população que cursa faculdade é do mesmo tamanho da Capital do Minério.

Hoje, Parauapebas tem cerca de 10 mil ex-alunos cursando universidade em cidades como Marabá, Belém, Castanhal, Santarém, Araguaína, Imperatriz, São Luís, Goiânia e Anápolis por falta de opções de cursos em sua terra natal. Essa diáspora faz escorrer, anualmente, R$ 60 milhões do município rumo a outros lugares, gastos lá fora em aluguéis, transportes, materiais escolares, alimentação, entre outros.

Segundo o secretário José Leal, o Forma Pará tem em vista reduzir o déficit de acesso à formação superior, principalmente entre os jovens, além de mobilizar esforços para aumentar o número de cursos ofertados por instituições de ensino públicas no estado. Ele lembra que atualmente está em construção o campus da Uepa em Parauapebas, o qual vai criar mais possibilidades para que a comunidade ingresse em cursos de qualidade.

“Quitamos a primeira parcela do convênio com a Uepa no final de fevereiro, no valor aproximado de R$ 2,5 milhões, e a universidade abriu vagas para três cursos de graduação: Matemática, Biologia e Engenharia de Software”, destaca o secretário de Educação, lembrando ainda que a instituição também ofertou vagas de especialização (em Saúde Coletiva, Gestão Pública, Educação Ambiental e Metodologias da Educação) voltadas exclusivamente a servidores públicos.

Indicações cumpridas

Outra personagem que contribuiu para o avanço da política de ensino superior protagonizada pela gestão do prefeito Darci Lermen é a vereadora Eliene Soares. Junto com o prefeito, Eliene participou de todas as tratativas para assentar a Uepa no município, tendo, inclusive, criado a proposta de destinar 60% das vagas de novos cursos de graduação da universidade para estudantes que comprovadamente tenham cursado o ensino médio em Parauapebas.

Eliene também foi a responsável por orientar a indicação do governo municipal ao convênio com o Forma Pará, da Sectet, na sessão de 1º de junho. Na ocasião, ela sugeriu ao Executivo que tomasse as providências necessárias para formalizar Acordo de Cooperação Técnica com o Governo do Estado, no sentido de proporcionar a logística necessária para realização do curso de Licenciatura Intercultural Indígena; garantir transporte, hospedagem e alimentação dos professores da Uepa; responsabilizar-se pela infraestrutura e pelos materiais necessários à execução das aulas, inclusive os tecnológicos; e destacar pessoal próprio para dar apoio à atuação dos docentes do curso. “A medida proposta não mexe nos recursos do programa municipal de atendimento às comunidades indígenas, que tem orçamento autorizado este ano em R$ 2,995 milhões. A Administração investirá apenas para garantir a estadia de professores e a logística das aulas, questões nas quais a Semed tem expertise”, informou.