Doze bilhões de dólares, limpo e seco. Essa é a montanha de dinheiro que Parauapebas produziu e exportou, já descontado o valor das importações, e que foi parar no caixa de empresas como a mineradora multinacional Vale e o Governo Federal. Em valor exato, o chamado superávit comercial originário de Parauapebas foi de 12,088 bilhões de dólares, decorrentes de 12,353 bilhões de exportações e 265 milhões de importações.

Com esse fenomenal resultado, Parauapebas se consagrou no balanço final do ano passado o segundo município que mais trouxe lucro real à nação brasileira. E tem mais: numa tradução livre para moeda nacional, todo esse superávit de Parauapebas ao Brasil é de R$ 66,49 bilhões, cerca de 24 vezes mais do que entrou, de fato, nos cofres do município.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que examinou os microdados da balança comercial por município lançados pelo Ministério da Economia nesta sexta-feira (7). A Capital do Minério só ficou atrás do município fluminense de Duque de Caxias, líder nacional da produção de petróleo. Caxias, aliás, registrou exportações de 15,231 bilhões de dólares, mas superávit de 12,608 bilhões.

Já a cidade do Rio de Janeiro, que foi a segunda maior exportadora do país, superando Parauapebas, ficou muito atrás do município paraense no assunto lucro ao Brasil, devido às compras que fez de produtos do exterior. O saldo comercial do Rio de Janeiro foi de 4,708 bilhões de dólares, cerca de três vezes menos que o resultado parauapebense.

Canaã dos Carajás em 3º

A Terra Prometida é outro lugar que rende muito dinheiro ao Brasil. No ano passado, Canaã dos Carajás registrou superávit de 9,702 bilhões de dólares, o terceiro maior do país em decorrência do excelente volume de exportações (9,8 bilhões) e da baixa importação (97,8 milhões). Em moeda nacional, Canaã dos Carajás jogou nos cofres tupiniquins R$ 53,36 bilhões, algo como 31 vezes a receita de sua prefeitura.

Enquanto isso, São Paulo, maior cidade das Américas, deu prejuízo ao país de 5,076 bilhões de dólares porque importou muito mais que exportou. Em moeda nacional, o rombo na balança do coração financeiro do país foi de R$ 27,92 bilhões

Vale destacar que Parauapebas e Canaã dos Carajás gozam de valores expressivos porque são os maiores produtores nacionais de minério de ferro, uma das três commodities mais valiosas do país em 2021 — ao lado de soja e petróleo. Apesar disso, tanto Parauapebas quanto Canaã dos Carajás são considerados municípios exportadores fechados porque, além de terem praticamente um único produto no portfólio (Canaã, ressalte-se, também tem cobre), possuem um comprador majoritário que consome mais da metade de tudo o que eles produzem: a China.

Mesmo em municípios com rombo na balança, como São Paulo, há larga vantagem econômica por conta da diversificação de parceiros comerciais. A metrópole paulista faz negócios de forma autônoma com o mundo inteiro, vendendo muito e comprando muito mais também, para abastecer a si e ao resto do Brasil, diferentemente dos municípios paraenses mineradores, que não têm a chamada “corrente de comércio” expressiva por estarem reféns de uma só empresa (a Vale) e praticamente um só país (a China). Nem tudo o que reluz é ouro.