Parauapebas: Associação de Autistas busca parcerias para continuar trabalho de apoio às famílias e a quem tem TEA

A Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Parauapebas (Apaut) ainda não tem sede própria e funciona em uma casa alugada, precisando custear despesas como do aluguel, água, luz e Internet. Quem quiser ajudar, pode entrar em contato com a Associação

Continua depois da publicidade

Entender melhor e apoiar quem enfrenta a mesma a situação. Com esse objetivo, nasceu a Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Parauapebas (Apaut).

Idealizada pelo pedagogo Nélio de Sousa Mol, a Associação vem se estruturando aos poucos e busca parceiros que abrace a causa, para melhorar e ampliar a rede de apoio às famílias e pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nélio explica que se envolveu na causa e buscou meios para criar a Associação após descobrir que seu filho Vinicius, com 14 anos, era portador de autismo. “Eu entrei no mundo do autismo em 2012, ao descobrir o autismo do meu filho. Por conta disso, eu e minha família nos mudamos de Parauapebas para Belém e lá encontramos pessoas e profissionais que nos ajudaram muito e com quem aprendemos a lidar com nosso filho. Em 2013 eu voltei para Parauapebas e em 2015 o resto da família. Desde que cheguei, comecei a trabalhar essa questão, com a ideia de criar uma associação, porque vi que sozinho eu não conseguiria e também porque descobri que tinham outras famílias na cidade com pessoas com autismo”, detalha Nélio.

Pedagogo Nélio de Sousa

No começo, ele enfatiza que a Associação recebeu o nome de AMA, porque foi inspirada na Associação dos Amigos dos Autistas existente em São Paulo. No entanto, após conversas e ideias de outros membros, foi mudada a nomenclatura para Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Parauapebas.

Desde 2015, frisa Nélio, que vem se trabalhando para estruturar a Associação e também unir famílias em torno da causa. “Não é uma tarefa fácil, mas já conseguimos constituir a Apaut enquanto instituição, com registrado e CNPJ. Hoje já temos conta bancária, site e estamos em todas as redes sociais”, frisa.

Nesse trabalho de apoio e de mostrar como lidar com quem tem TEA, porque cada caso é um caso, todos os anos a Apaut realiza um evento, para debater o assunto. O ano passado, devido à pandemia, o evento não foi realizado, mas este ano está previsto para abril e será de forma virtual.

Sobre a rede de atendimento ao autista no município, Nélio acrescenta que Parauapebas, diferente de quando descobriu o diagnóstico do seu filho, hoje conta com uma gama de profissionais competentes e de boa vontade, que procuram fazer o melhor por quem tem TEA. Alguns, inclusive são parceiros da Apaut.

Ela observa que há autistas com várias comorbidades, como deficiência visual, auditiva, física e mental. “Então, cada caso, é um caso único”, enfatiza.

Segundo ele, atualmente, pelas estatísticas da Educação, Parauapebas tem mais de 300 autistas, mas ele salienta que há outros que estão diagnosticados só como deficiente visual ou outra deficiência, mas também é autista. Dentro dessa rede de atendimento e inclusão social, ele destaca o trabalho feito pela Unidade Jonas Pereira de Melo, que é de excelência nessa área.

“Na rede municipal de ensino nós temos excelentes professores que trabalham com autistas desde a educação infantil até o ensino fundamental. Já no ensino médio, o desfaio é maior, porque já se trabalha com mais de 10 disciplinas e o professor quase não conhece o aluno. Não é culpa do professor. É uma dinâmica da educação, que torna essa inclusão mais complicada para os pais e para os autistas”, pontua.

Na rede particular de ensino, ele acrescenta que há mais de 100 autistas atualmente em Parauapebas. Por conta da atenção especial que quem tem TEA precisa, por cada um ter um comportamento diferente, ele pede aos pais que, ao ir matricular os filhos, os apresente para a escola. “Peça uma reunião com o diretor, com o coordenador pedagógico e professores, para apresentar o seu filho. Dizer o que ele tem de facilidade e dificuldade. Isso vai ajudar o professor a entendê-los”, aconselha Nélio, que tem experiência própria nessa área.

Na rede de apoio, ele diz que toda pessoa que já tiver ou descobrir que tem um membro da família com autismo pode procurar a Apaut. “Nos procure, porque você não está sozinho. No momento, devido a pandemia, não estamos realizando reuniões presenciais, mas temos um grupo de apoio pelo WhatsApp. Se junte a nós, não sofra sozinho”, orienta.

Quanto à situação da Apaut, ele diz que a Associação está funcionando em uma casa alugada na Rua H, nº 330, Bairro União, que tem custos, como do aluguel, telefone, água, luz e Internet. Por isso, quem quiser ser parceiro, será bem vindo. “Quem quiser abraçar essa causa e nos ajudar, é só entrar em contato conosco. Temos conta bancária e qualquer ajuda será muito bem vinda. Nós não temos funcionário, porque não temos condições pagar. Por isso, se alguma empresa quiser nos ceder ou custear um funcionário para nós, nós agradeceremos. Da mesma forma que os pais, que quiserem se voluntariar para um dia, por quatro horas, por exemplo, fazer o atendimento na Associação, serão bem vindos”, ressalta Nélio.

O atendimento pelo WhatsApp é através do número  94-98155-0177. Esse mesmo número também pode ser usado para quem quiser ajudar financeiramente a Associação, que precisa de ajuda, para continuar fazendo o seu trabalho de apoio às famílias de autistas e aos autistas.

Ele lembra que a Apaut nasceu de uma visão de vida baseada nos seguintes princípios: conhecer para compreender aceitar e estimular. “Onde a busca pelo conhecimento do modo de ser de nossos filhos, produza a compreensão do diagnostico dos TEA e da necessidade das terapias, trocas de experiências e informações entre pais, familiares e profissionais, promovendo a aceitação do individuo com o transtorno, sua inclusão na família e na sociedade, ampliando e melhorando a estimulação, assim como criando condições para a melhoria dos relacionamentos familiares e principalmente no desenvolvimento de entes queridos”, destaca Nélio na sua apresentação da Apaut.

Ele pontua que, no decorrer do tempo, foram vendo e acrescentando outros preceitos, com base nas experiências de cada um.  “No decorrer de nossa caminhada percebemos que nossa ação ampliou nossa visão e passamos a seguir a seguinte orientação, onde as palavras chaves na Apaut são ‘acolhimento, compartilhamento, conhecimento, compreensão, aceitação e estimulação’. Ao acolhermos uma família que possui alguém com TEA queremos compartilhar com ela os conhecimentos adquiridos por profissionais e principalmente pelas famílias, promovendo a compreensão das facilidades e dificuldades, potencialidades e restrições de nossos familiares amados, esclarecendo o que aceitar e o que mudar através das diversas terapias, métodos e meios de estimulação, pois cada indivíduo é um universo particular que necessita de diversos acompanhamentos que o ajudem a superarem as limitações impostas pelos TEA”, exemplifica.

Para as famílias dos autistas, Nélio lembra que o autismo é “um universo particular, que precisa de uma constelação. “Não sofra sozinho, porque no diálogo e na convivência a gente aprende muito. Uma coisa que eu fiz e deu certo com meu filho, pode não dá certo com o seu filho, assim como o que você fez que deu certo, pode não funcionar para meu filho. Por isso, é importante sempre trocarmos experiências, porque o que não deu certo para você, pode dá certo para mim e vice e versa”, finaliza.

(Tina DeBord)