Brasília – Alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal em cumprimento a mandato expedido pelo ministro Alexandre de Moraes a pedido da Procuradoria Geral da República na semana passada, o cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis está sendo investigado pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) desde 2019, após ter criado uma cooperativa para viabilizar a exploração mineral da Terra Kaiapó, no sul do Pará.
Sérgio Reis admitiu a participação na criação da cooperativa, mas negou que tenha alguma participação atualmente. Ele disse que não sabia da investigação do MPF-PA.
Ao defender a cooperativa, Sérgio citou o apoio do presidente. “Ele falou ‘Excelente trabalho. Vamos cuidar disso com carinho. O índio não merece viver assim. Eles vivem em cima de milhões’”.
A Coiab (Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) informou que os responsáveis pela cooperativa são os empresários João Gesse e Sérgio Reis. Gesse também falou ao O Globo, negou participação neste momento e disse que a cooperativa atualmente é “100% indígena”.
Indígenas já divulgaram um manifesto contra a cooperativa. “Cada aldeia já tem sua própria instituição ou associação e não precisamos que brancos falem por nós”.
Sérgio Reis, que recentemente ganhou notoriedade por apoiar o presidente Jair Bolsonaro, diz que a cooperativa foi criada para beneficiar os índios, para que eles vivam da exploração de recursos mineiras. É uma ideia que Bolsonaro repete com frequência e é defendida por uma minoria indígena.
A cooperativa foi criada justamente durante o avanço dos garimpos ilegais no Pará e em Roraima. Por isso o MPF-PA quer avaliar se a cooperativa participa dessas ilegalidades.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.