Minério de ferro de Parauapebas tem pior outubro em 15 anos

Produção física exportada da Vale não era tão pequena desde 2007. Em 2017, com o preço do minério lá em baixo, tonelagem ao exterior foi o dobro de 2022. Maior faturamento foi em 2010.

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A produção física do minério de ferro exportável de Parauapebas caiu assustadoramente em outubro para o menor nível desde 2007. O cenário é delicado e traz preocupação porque a commodity é a principal — e única — fonte de renda do município, que se notabilizou nacional e até internacionalmente por possuir uma porção significativa da lendária Serra dos Carajás. A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.

De acordo com dados do Ministério da Economia, foram exportados de Parauapebas no mês passado 7,152 milhões de toneladas de minério de ferro, que renderam 485,21 milhões de dólares. O valor exportado é o mais baixo desde 2016, quando a movimentação financeira pelas transações do produto totalizou 376,19 milhões de dólares. Porém, a produção física apurada só viu um volume tão tacanho em 2007, quando, naquele ano, foram computados 5,805 milhões de toneladas.

Os dados da produção física de minério em Parauapebas refletem uma situação já contada em verso e prosa pelo Blog e em relação à qual se acham muitos céticos: a exaustão das minas na Serra Norte de Carajás, assunto duro demais para enfrentar, mas que, daqui para frente, não deixará a Capital do Minério em paz.

Na porção de Carajás situada dentro dos limites de Parauapebas, as reservas mais abundantes em minério de ferro e que vêm sendo exploradas desde os anos de 1980 encontram-se em estado avançado de exaustão, com durabilidade prevista para, se muito, duas décadas. A mineradora multinacional Vale, titular da exploração na região, faz o possível para otimizar a produção, ainda assim precisa de novas frentes de lavra porque as atuais minas não estão conseguindo mais responder à produção de outrora.

Em seu relatório anual publicado este ano, a mineradora informou que o complexo Serra Norte, em Parauapebas, inclui as minas N3, N4W, N4E e N5 e os projetos N1 e N2, que ela peleja para colocar em operação a fim de compensar o esgotamento das reservas de N4 e N5.

Outubros inesquecíveis

O melhor outubro, do ponto de vista físico, que a Vale obteve em Parauapebas foi em 2017, quando ela registrou 14,28 milhões de toneladas de minério, o dobro deste ano. Em 2018, o volume foi expressivo: 12,23 milhões de toneladas. Em 2012 (11,84 milhões de t), 2016 (11,2 milhões de t) e 2019 (11,03 milhões de t), os volumes também foram excelentes, assim como em outubro de 2013, 2014 e 2015, quando passou de 10 milhões de toneladas.

Em termos de valor colhido por exportações, a Vale alcançou seu pico de faturamento em outubro de 2010, com 1,005 bilhão de dólares movimentado. Outros resultados igualmente importantes foram registrados em outubro de 2011 (972,2 milhões de dólares), 2013 (967,9 milhões), 2021 (939,5 milhões), 2012 (916,3 milhões) e 2020 (901,9 milhões).

Do combo de volume exportado e valor de faturamento bruto da Vale se nutre a Prefeitura de Parauapebas. Logo, qualquer que seja a queda em algum desses fatores faz as finanças do município desabarem. Numa retrospectiva a partir do momento atual, é possível afirmar que o boom financeiro de royalties — com apogeu em 2011 e remake em 2021 — ficou para trás. A menos que a produção da Vale dê a volta por cima ou um novo Carajás dentro de Parauapebas seja descoberto, o curso natural da história não mudará.