Marina nega ter aceitado conversar com PT

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Dutra tinha dito que, em telefonema à senadora, ela teria afirmado que aceitaria sentar para discutir apoio

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, disse ontem, após reunião do conselho político da campanha de Dilma Rousseff, que já fez um primeiro contato com a candidata derrotada do PV, Marina Silva, para conversarem sobre um eventual apoio da verde no segundo turno. Na conversa, ele disse que aproveitou para parabenizá-la pela expressiva votação.

Dutra disse que Marina aceitou sentar para conversar, mas a data ainda não foi marcada: Ela aceitou sentar para conversar. Mas estamos respeitando o timing da Marina. Ela vai estabelecer procedimentos de consulta nas instâncias do partido. Lógico que, se a decisão for pela neutralidade, vamos respeitar também.

À noite, porém, Marina divulgou nota negando que já tenha aceitado conversar com o PT sobre eventual apoio a Dilma. Ela disse que agradeceu a ligação de Dutra, mas não aceitou conversar sobre apoio. Disse ter repetido o que já afirmara anteontem a Dilma e José Serra: que por considerar que sua candidatura é maior do que o próprio PV, nos próximos dias, estará envolvida em processo decisório baseado na escuta às parcelas da sociedade civil que se integraram ao seu projeto e às instâncias do próprio partido.

Tião Viana também telefona para Marina A nota lembra ainda que uma convenção nacional do PV será convocada para decidir o que o partido fará no segundo turno.

Você sabe que sou uma mulher de processo, teria dito Marina a Dutra, diz a nota, para impedir que surgisse qualquer dúvida sobre o método escolhido para a tomada de decisão.
Enquanto os verdes não decidem o assunto, tucanos e petistas continuam em busca de uma aproximação com a candidata.

Ontem, Marina também recebeu um telefonema do governador eleito do Acre, Tião Viana (PT), seu aliado histórico. O petista não teria tratado de apoio, apenas a cumprimentou pelo desempenho nas urnas. Viana é tido como o provável principal interlocutor junto a Marina. Dutra também procurou Bazileu Margarido, presidente do Ibama na gestão de Marina no Ministério do Meio Ambiente. Ele queria a indicação de uma pessoa que pudesse falar pelos verdes.

Em discurso na tribuna, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez um apelo pelo apoio de Marina. Ele lembrou que a verde participou da fundação do PT, em 1980. Lembrou ainda da solidariedade do presidente Lula na época da morte de Chico Mendes, líder seringueiro acreano.

Do lado tucano, a verde recebeu ligação do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. Eles também não teriam falado sobre apoios. Alckmin ainda procurou o candidato do PV derrotado ao governo em SP, Fábio Feldmann, ex-tucano.

Caso queiram contar com o apoio de Marina, Dilma e Serra terão de trabalhar pela rejeição do projeto de reforma do Código Florestal, que tramita no Congresso, e assumir compromisso com a liberdade de imprensa. Os dois pontos devem constar do programa mínimo que será apresentado pelos verdes aos dois candidatos. A adesão a esse programa será pré-condição para abrir negociação. Caso nenhum dos lados aceite, o caminho dos verdes será a neutralidade.

Durante a campanha, Marina criticou duramente a aprovação do relatório de reforma do código, chamado por ela de estelionato ambiental. O texto é do deputado federal Aldo Rebello, do PCdoB, partido da coligação de Dilma. Mas Serra conta com apoio da bancada ruralista, favorável à reforma do código.

Temos que ver o apetite dos candidatos em assumir o compromisso de implantação da lei de resíduos sólidos e de trabalhar pela não aprovação da reforma do Código. Só depois é que tomaremos uma decisão diz Ricardo Young, candidato derrotado ao Senado por SP.

Apesar de conter questões ambientais, o programa não ficará restrito ao tema. Não será um programa ambientalista afirma o presidente do PV do Rio, o deputado eleito Alfredo Sirkis. Ontem, os aliados de Marina e a direção do PV chegaram a um acordo sobre como será a definição do apoio no segundo turno.
O processo começará amanhã e deve terminar com uma espécie de convenção, em São Paulo, daqui a duas semanas, quando haverá votação para escolher o rumo a ser seguido pelo partido. Devem participar da votação cerca de 150 filiados ao PV, os intelectuais que contribuíram com o programa de governo e representantes do Movimento Marina.

Em Brasília, o conselho político com representantes dos partidos da aliança de Dilma mapeou os pontos fracos da campanha nos estados e meios de comunicação. Ao lado de Dutra, os representantes dos partidos saíram com tarefas de ampliar a mobilização em todas as regiões.

Mas o tema boatos de caráter religioso continua sendo a grande preocupação. Ligado à ala carismática da Igreja Católica, o senador Gim Argelo (PTB-DF) foi encarregado de agendar eventos e entrevistas nos canais religiosos para desfazer os boatos.

Esse boato pegou e estamos tentando mostrar que não é verdade. Essas correntes de internet são piores do que fofoca antiga. Estamos em contato com as redes de comunicação da Igreja para que a Dilma vá e diga que é temente a Deus e nunca defendeu aborto ou casamento gay disse Gim Argelo.

Dutra nega que Dilma esteja provando do mesmo veneno de 2006, quando a campanha de Lula espalhou que Alckmin iria privatizar a Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica. Aquilo não era boato, era fato. Quem privatiza um privatiza mais. Eles tinham planos.

Michel Temer terá participação mais efetiva nessa etapa. O PMDB procurando contornar problemas nos estados, para evitar debandadas. A cúpula já conversa, por exemplo, com o baiano Geddel Vieira Lima, que está descontente com Dilma

Fonte: O Globo

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