Marabá: Vale e Sinobras assinam termo para a implantação de nova aciaria

É o primeiro passo para a tão sonhada verticalização do mineral extraído na região, com a promessa de que agora vai gerar muito mais emprego e renda para Marabá e o sudeste do Pará
Vilmar Ferreira, presidente do Grupo Aço Cearense, e Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale, assinam o Termo de Compromisso

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A Vale e a Siderúrgica Norte Brasil S.A. (Sinobras), empresa do Grupo Aço Cearense, assinaram, nesta segunda-feira (9), um termo de compromisso para o desenvolvimento de planta de uma nova aciaria para produção de tarugos de aço a partir do ferro gusa, em Marabá.

O acordo prevê que o fornecimento da matéria-prima (ferro gusa) para a nova aciaria seja feito pela empresa Tecnored, subsidiária da Vale, em fase de implantação no município. Já a operação da aciaria será feita pela Sinobras.

 O tarugo é usado como matéria-prima pelas siderúrgicas no processo de laminação a quente, podendo resultar em vários tipos de produtos como barras, perfis, fio máquina, vergalhão CA50, entre outros.

Pelo acordo assinado, a Vale apoiará o projeto com a emissão de garantias, após a conclusão da engenharia, que viabilizem o financiamento a ser contratado pela Sinobras para instalação da nova aciaria. Já a Sinobras, empreendedor que possui atuação há mais de 15 anos em Marabá, será a responsável, além dos estudos de engenharia, pela implantação e operação da planta.

A partir da assinatura do termo, a Sinobras irá desenvolver o projeto de engenharia, que deve ser concluído até o fim de 2023. O cronograma de obras detalhado será apresentado a partir da fase de estudos de engenharia.

O evento de assinatura contou com a presença do governador do Estado do Pará, Helder Barbalho; do prefeito de Marabá, Tião Miranda; do presidente do Grupo Aço Cearense, Vilmar Ferreira; do vice-presidente de operações do Grupo Aço Cearense, Ian Corrêa; e do diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.

Discursos falaram de viabilidade econômica e mais empregos e renda 

Ian Correa abriu a cerimônia anunciando que a Sinobras se prepara para expandir sua produção, com a instalação de uma nova laminação dentro da Sinobras, Laminação II, com capacidade de produção de 500 mil toneladas por ano, de fio-máquina e vergalhão em bobina e spooler.

“A capacidade total da Sinobras, que hoje é de 350 mil toneladas/ano, vai mais que dobrar, vai expandir para 850 mil toneladas/ano”, destacou Ian, informando que o investimento nesse projeto é da ordem de R$ 850 milhões, de capital próprio, e vai gerar em Marabá mais de 2.500 empregos diretos e mais de 25 mil postos de trabalho indiretos.

A primeira fase da laminação inicia em agosto de 2023 e a última fase, em novembro também do ano que vem. A energia para movimentar o projeto virá da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, da qual a Sinobras é sócia. “Estamos construindo uma linha de transmissão para podermos receber, em nossa subestação, energia de 230KV. Vamos estar ligados diretamente ao sistema nacional de geração de energia”, anunciou Ian Correa.

O ex-ministro da Reforma Agrária e da Defesa, Raul Jungman, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), convidado ao evento, lembrou que agora, em 2022, se comemora os 80 anos da Vale e nada melhor “para iniciar essa celebração, nada mais tocante para significar e simbolizar tudo isso” do que estar realizando um sonho do Pará, do governador e de todos os paraenses, que é a verticalização mineral.

Vilmar Ferreira, presidente da Sinobras, iniciou sua fala fazendo uma breve retrospectiva de sua vida, de origem humilde, no interior do Ceará. Depois, falou do novo empreendimento que ali estava nascendo e disse que está muito feliz e muito seguro que vai dar certo, destacando o papel da Vale, que garante suporte ao empreendimento.

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeu, disse a iniciativa faz parte de um conjunto de investimentos e compromissos que a Vale assumiu com os paraenses. Explicou que a nova aciaria tem conexão com outros projetos da empresa, gerando uma sinergia estratégica para o mercado e todos os negócios envolvidos, como a Tecnored, que anunciamos recentemente em Marabá. “Ao todo, estamos investindo R$ 12,2 bilhões em projetos no sudeste do Pará, gerando cerca de 14 mil empregos no pico das obras”, afirmou Bartolomeo.

Em sua fala, o prefeito Tião Miranda destacou a viabilidade econômica do projeto. “Vai começar com 250 mil toneladas de ferro gusa, usando uma nova tecnologia mais sustentável, que é o Tecnored, e vão transformar em aço, chegando a 500 mil toneladas, já com um comprador que vai industrializar e que tem expertise nisso, que é a Sinobras”, disse ele.

Para Tião, esse é um passo importante para a industrialização do minério. “Mineração sem verticalização não traz desenvolvimento para a região, por isso nós precisamos verticalizar o nosso minério para trazer desenvolvimento e emprego de qualidade”.

Já o governador Helder Barbalho destacou que nesta segunda-feira foi dado um passo importante para a consolidação da verticalização da mineração no Pará, afirmando que o Estado é a maior província de minério de ferro do País e não se pode admitir a continuidade de um processo meramente extrativo.

“Precisamos garantir com que a siderurgia, a mineração, a verticalização mineral possam acontecer em nosso Estado, para gerar emprego, garantir oportunidades para que as pessoas possam trabalhar e mais do que isso, quando se verticaliza, se abre oportunidades para que outras atividades possam se agregar a esta operação”, enfatizou

 “Então hoje, assistimos aqui, a partir de uma articulação feita pelo Governo do Estado junto com a prefeitura de Marabá, o acordo sendo firmado entre a Sinobras e Vale, garantindo o processo de verticalização e, a partir daí, com o apoio da Associação Comercial e Industrial de Marabá, a busca de novas operações, novas empresas que queiram vir para cá, para que a geração de emprego possa acontecer”, afirmou o governador.

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), João Tatagiba, o que se vê agora é a realização de um sonho, a verticalização do mineral extraído na região, onde a sociedade ganha, todo o Pará ganha e “Marabá ganha muito mais”.

“Posso dizer que estamos muito felizes em participar desse processo. A Associação Comercial junto com o Estado, com a prefeitura, com a Vale e com a Sinobras, que é a empresa da qual temos orgulho de sediar. É um momento ímpar nas nossas vidas. Podemos agora vislumbrar um passo bem à frente, com a verticalização, a agregação de valor e com o polo metalmecânico com o qual nós sempre sonhamos. 

Por Eleuterio Gomes- de Marabá, com informações da Ascom Vale