Inflação massacrou bolso dos paraenses em 2022; veja o que começa o ano mais caro

Por causa da inflação desenfreada, até mesmo merenda dos alunos ficou prejudicada ao longo do ano passado, com escolas de educação básica tendo de dividir ovo para garantir refeições

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A cebola fez muita gente chorar de ódio da inflação em 2022. A hortaliça viu o preço disparar 171,5% em feiras e supermercados aqui no Pará e entra 2023 literalmente custando o olho da cara. Ninguém jamais imaginou que o ingrediente que sempre faz dupla com o alho para refogar, dourar e saborizar pratos do dia a dia fosse causar tamanha indigestão.

A informação foi levantada pelo Blog do Zé Dudu, que nesta quarta-feira (11) analisou microdados da pesquisa consolidada de inflação, divulgada ontem (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação oficial vem expressa pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e, no Pará, tem a medição feita na Grande Belém como referência. Por isso, quem mora em municípios situados no entorno de grandes projetos — como Parauapebas, Canaã dos Carajás, Altamira e Vitória do Xingu — podem ter sentido até mais o efeito da alta nos preços de produtos básicos.

No geral, praticamente tudo o que é relacionado ao consumo alimentar das famílias paraenses subiu de preço no ano passado e, portanto, entra 2023 nas alturas. Além da cebola, a maçã disparou 61,8%, seguida de perto da batatinha, que aumentou 59,6%, e da farinha de mandioca, com absurdos 53,9%.

Dos dez itens que mais subiram no Pará, o único que não é encontrado em supermercado é a tarifa de serviços de água e esgoto, que avançou 33,1%.

Impacto para os alunos

E não é só a população, principalmente a de baixa renda, quem sente os efeitos de produtos alimentícios mais caros. Nas escolas também. É que os contratos públicos de aquisição de merenda escolar nunca se viram pressionados como em 2022, uma vez que, devido à escalada inesperada dos preços, muitos fornecedores se negaram a fazer a entrega de itens previamente negociados em licitação, sob alegação de prejuízos graves.

Com isso, vários municípios brasileiros ficaram prejudicados e as notícias nacionais de várias escolas dividindo ovo passaram a ser comuns. Em Parauapebas, por exemplo, a inflação galopante também repercutiu na merenda escolar dos alunos em 2022, causando embaraços para a gestão municipal, que, mesmo com dinheiro para suportar o aumento dos itens, não podia atropelar contratos previamente firmados a partir de licitação, aditando valores inadvertidamente. Fornecedores reclamavam de perda de capacidade financeira para entregar produtos devido à subida sem precedentes dos preços de mercado.

Por outro lado, o governo federal não reajusta o valor mínimo por aluno para custeio da merenda escolar desde 2017. No ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro vetou o reajuste da merenda escolar de 34%, acumulado desde 2017, sob alegação de que a medida não era de interesse público e comprometeria o orçamento.

O atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, já discute um percentual de reajuste com efeito já para o início deste ano letivo, a fim de gradativamente promover a recomposição do valor da alimentação escolar.

O Blog preparou o ranking dos 25 itens que mais subiram de preço no Pará ao longo do ano passado. Boa parte dos produtos que integram a cesta básica está no pacote, então prepare o bolso porque 2023 já chega com tudo e mais um pouco muito mais salgado!

ISTO CHEGA MAIS CARO AO PARÁ EM 2023

1º  Cebola  171,45%

2º  Maçã     61,78%

3º  Batata inglesa    59,62%

4º  Farinha de mandioca     53,91%

5º  Leite condensado     47,36%

6º  Brócolis    42,22%

7º  Alimento infantil    42,14%

8º  Peixe (filhote)   38,04%

9º  Taxa de água e esgoto   33,11%

10º  Melancia   32,62%

11º  Autoescola    32,01%

12º  Sabão em pó   31,60%

13º  Ônibus interestadual     30,90%

14º  Uva        30,79%

15º  Feijão carioca     30,16%

16º  Leite longa vida 28,65%

17º  Maionese        27,87%

18º  Achocolatado em pó      26,97%

19º  Seguro de carro        26,37%

20º  Bolo    26,23%

21º Banana prata     24,89%

22º Café moído       24,20%

23º Pão francês      23,96%

24º Perfume       23,73%

25º Manteiga      23,55%

Fonte: IBGE (2023) | Organizado e elaborado pelo Blog do Zé Dudu.