Inflação “arrocha” bolso dos paraenses em quase 1% em fevereiro

Enquanto isso, preço da cesta básica é de R$ 564, mas cerca de 3,1 milhões de pessoas têm dificuldade de ajuntar essa quantia durante o mês; escalada de preços assevera desigualdades

Continua depois da publicidade

O estado do Pará volta a assistir ao filme de horror da carestia, cujo enredo todos sentiram muito no bolso ao longo do ano passado. Na medição da prévia de inflação divulgada nesta quarta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com referência ao período compreendido entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro, a maior economia da Região Norte registrou índice de 0,94%, acima dos 0,82% da medição de janeiro.

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados da pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), levantamento mensal que traz o impacto da inflação paraense tendo como ponto de partida a Grande Belém. No acumulado deste ano, o IPCA-15 paraense está em 1,76% e, se mantiver nesse pique, passará de 10% facilmente em 2022.

É uma constatação ruim porque o Pará é um dos estados mais pobres do país, com população com baixo rendimento no comparativo com outras Unidades da Federação e alta taxa de informalidade, ou seja, com população ocupada sem renda certa e fixa. No estado onde o rendimento médio do trabalhador gira em torno de R$ 1.720, a cesta básica, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), custa em média R$ 564.

A questão é que, para cerca de 3,65 milhões de paraenses em situação de pobreza e que vivem com menos de um salário mínimo, a “facada” da cesta básica atinge todo o ganho mensal, não raramente faltando até dinheiro para passar o resto do mês — e isso quando há recursos para comprar os itens da cesta básica, já que no Pará 3,1 milhões de habitantes são considerados extremamente pobres, tendo de escolher entre o almoço e a janta.

O crescimento da inflação aprofunda ainda mais as desigualdades, uma vez que a população menos abastada tende a sentir e sofrer com maior intensidade as consequências da escalada dos preços, principalmente dos alimentos, sem os quais é impossível viver. Eles, os alimentos, foram os vilões da carestia, com destaque para frutas e legumes. O preço da cenoura, por exemplo, disparou 39% de um mês para outro, mais que o dobro do segundo colocado, o melão, que amargou inflação de 18,6%.

O reajuste nas matrículas escolares neste início de ano também contribuiu para empurrar a inflação para cima, enquanto no extremo oposto houve deflação — ou seja, o barateamento — mais acentuada no serviço de locação de carro (-16,2%), no abacate (-12%) e na compra da passagem aérea (9,1%). Nacionalmente, a situação da inflação é ainda mais drástica que no Pará, visto que o IPCA-15 alcançou 0,99% na média Brasil.

Confira os 20 itens que mais subiram de preço no estado em fevereiro!