História: Saiba como foi a primeira eleição de Parauapebas, em 15 de novembro de 1988

Veja a ata da eleição, um documento inédito a que o Blog do Zé Dudu teve acesso com exclusividade.
Parauapebas, PA275 ao centro, com alças e cruzamentos, sem os ipês que se tornariam símbolos da cidade, c. 1980/1990

Continua depois da publicidade

Após a emancipação política do município de Parauapebas, em 10 de maio de 1988, quando aconteceu o desmembramento do município de Marabá, o médico Faisal Salmen (PTB) foi eleito primeiro prefeito de Parauapebas, com 4.086 votos válidos (35%), no dia 15 de novembro do mesmo ano. Renato de Souza Araújo foi eleito vice-prefeito em uma eleição que contou com outros quatro candidatos:

  • A chapa Wolnei Modesto/Cornélio Costa (PDT) ficou em segundo lugar com 2.295 votos;
  • Chico das Cortinas/Luiz Alencar (PMDB) foi a chapa terceira colocada, com 2.138 votos;
  • Carmelita Felix/Mnoel Vera Cruz (PT) foi a chapa quarta colocada com 585 votos;
  • A chapa Ernesto Almeida/Carmelo Mendes (PDC) foi a quinta colocada com 566 votos.

No total, 11.658 eleitores (9.670 votos nominais, 1545 votos em branco e 443 votos foram anulados) compareceram ao pleito.

Rua do Comércio, Parauapebas/PA

A primeira eleição da recém emancipada Parauapebas foi regulada pela Lei 7.664, de 29 de junho de 1988, que em seu artigo 2º determinava que as eleições para prefeito, vice-prefeito e vereadores dos municípios criados até 15 de julho de 1988 seriam realizadas em 15 de novembro daquele ano.

Faisal Salmen (in memoriam) seria afastado do cargo em 21 de maio de 1991, sob a acusação de corrupção. O vice Renato Araújo assumiu seu lugar por 45 dias, quando o prefeito retornou ao cargo, amparado por um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA).

Além do médico, nove vereadores eleitos formaram a 1ª Legislatura da Câmara Municipal de Parauapebas (CMP). Foram eles:

O primeiro presidente da Câmara Municipal de Parauapebas foi José Dionísio dos Santos (in memoriam). Popularmente conhecido por Zé do Galo (PTB), era empresário no ramo do turismo, proprietário do Gallos Hotel, e presidiu a CMP no biênio 1989/1990. Ele era uma figura simplória, semialfabetizada, e ficou conhecido durante a primeira campanha política no município após uma troca de tapas com o responsável pela Polícia Militar local na Rua do Comércio, uma das principais do município à época. O fato lhe trouxe popularidade, conseguindo 251 votos e ficando entre os eleitos naquele pleito.

O mais votado para a CMP em 1988, no entanto, foi Odílio Rosa da Hora, um funcionário da então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Carajás. Concorrendo pelo PT, Odílio obteve significantes 459 votos, mas seu partido não conseguiu obter o quociente eleitoral – 1.176 votos – para uma cadeira na Câmara, conquistando apenas 1.026 votos.

Primeira sede da Câmara Legislativa de Parauapebas

Na primeira legislatura, o salário de um vereador era o equivalente a três salários mínimos, que à época era de NCz$ 788,12.

O segundo presidente da 1ª Legislatura da CMP foi o empresário Milton Alves Martins (in memoriam), do PDT. Ele presidiu a casa entre 1991 e 1992.

Confira a ata da primeira eleição em Parauapebas. Agradecemos aos funcionários do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), em Belém, por disponibilizar o documento com exclusividade ao Blog do Zé Dudu.

Vereador assassinado

Em 19 de setembro de 1991, o vereador João Prudêncio de Brito (PDT) foi brutalmente assassinado nas proximidades de sua residência. A polícia nunca chegou aos autores ou mandantes de sua execução. Em seu lugar, assumiu Valdir da Usina, que havia obtido o mesmo número de votos de João (140), mas perdera a vaga por ser civilmente mais jovem.

Estatística da eleição

  • Sete partidos participaram da eleição (PTB, PSB, PMDB, PDT, PT, PFL e PDC);
  • A coligação com as legendas PTB/PSB obteve 2.870 votos, elegendo dois vereadores pelo quociente eleitoral e um pela sobra;
  • O então PMDB obteve 2.827 votos, elegendo dois vereadores pelo quociente eleitoral e um pela sobra;
  • O PDT obteve 2.314 votos, elegendo um vereador pelo quociente eleitoral e dois pela sobra;
  • O PT obteve 1.026 votos e não conseguiu o quociente eleitoral;
  • A coligação PFL/PDC obteve 441 votos e não conseguiu atingir o quociente eleitoral;
  • Um total de 114 candidatos se registraram no TRE-PA para concorrer a uma vaga na CMP;
  • Apenas 18 mulheres se candidataram a uma vaga na CMP na primeira eleição. Juntas, somaram 704 votos;
  • A candidata Maria Lúcia Figueiredo (PDT) foi a mulher mais votada, com 130 votos;
  • As candidatas Gizela Maria Santos, Rosalina Vieira e Ivonete P. Santos, da coligação PFL/PDC, não obtiveram nenhum voto, apesar de estarem concorrendo;
  • O candidato Adenor Oliveira de Andrade, do PT, teve o menor número de votos entre os candidatos, apenas 1 voto;
  • O vereador eleito mais votado foi Egno Geraldo Alves da Silva (Nei da Linguiça), com 294 votos;
  • O vereador eleito com menos votos foi João Prudêncio de Brito, com 140 votos. Ele empatou em número de votos com o candidato Valdir da Usina, mas foi aclamado eleito por ter idade superior;
  • O TRE-PA contabilizou 82 seções eleitorais no município para a eleição de 1998 em Parauapebas, sendo 79 na Zona Urbana e 3 na Zona Rural.