Hacker da Vaza Jato é condenado a 20 anos de prisão

Sentença condenou outros cinco réus por invadirem conversas de mais de 173 autoridades da República
Walter Delgatti Neto em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro

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A vida de crimes impunes do hacker e estelionatário Walter Delgatti Neto, o Vermelho, sofreu um revés nesta segunda-feira (21). O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, condenou o criminoso a 20 anos e 1 mês de reclusão em regime fechado, e 736 dias-multa. Outros cinco réus também foram condenados, no âmbito da Operação Spoofing — apuração sobre a invasão de mensagens de autoridades como o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da antiga força-tarefa da Operação Lava Jato.

A decisão alcançou: Gustavo Henrique Elias Santos (13 anos e 9 meses de reclusão), Thiago Eliezer Martins Santos (18 anos e 11 meses de reclusão), Suelen Priscila de Oliveira (6 anos de reclusão), Danilo Cristiano Marques (10 anos e 5 meses de reclusão). Luiz Henrique Molição, que também foi alvo da Spoofing, também foi sentenciado, mas em razão de ele ter fechado acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, recebeu perdão judicial.

Com relação a Vermelho, o juiz apontou “comprovação de materialidade e autoria” do crime de invasão de dispositivo informático, “fato por ele confessado e que encontra respaldo probatório pela investigação realizada pela Polícia Federal”. Ele também foi enquadrado na lei que trata de interceptação de comunicações telefônicas e condenado por crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O juiz trata Delgatti Neto como “líder da organização criminosa” o que aumentou a dosimetria de sua pena. Segundo Leite, o hacker teria usado de facilidades que cada um dos outros réus poderia lhe proporcionar, “situação que contribuiu para o sucesso da atividade criminosa”.

Leite destacou que o próprio Walter relatou “ter obtido o código de acesso da conta de aplicativo do Telegram do então Ministro da Justiça Sérgio Moro”. O magistrado indicou ainda, como laudo da Polícia Federal comprovou, que “foi explorada uma brecha no sistema de telefonia móvel, aliado a um esforço de engenharia social para acessar, de maneira ilícita, o histórico de mensagens das vítimas”.

O juiz ainda narrou como os investigadores encontraram 176 atalhos no computador do hacker, relativos a interceptação de comunicações telefônicas. Segundo o magistrado, de tais links, 110 ainda estavam ativos, viabilizando até a criação de novas mensagens em nome da pessoa que teve o aplicativo invadido. “O próprio Walter admitiu a autoria tanto na fase judicial quanto extrajudicial. A condenação de Walter é medida que se impõe”, ressaltou.

A decisão do juiz cabe recursos.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.