Governo de Parauapebas estuda aproveitar energia de lixo municipal

Capital do Minério produz hoje aproximadamente 13 mil toneladas por mês de resíduos sólidos, sendo 4.500 deles não inertes, como os orgânicos, e 8.500 inertes, como entulhos e as sucatas

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Uma medida da Prefeitura de Parauapebas vai abrir portas para que seja feito um estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental do potencial energético do lixo produzido na Capital do Minério. A administração de Darci Lermen vai conferir propostas comerciais no próximo dia 12 para contratar uma empresa especializada em tecnologia para apresentar estudo sobre os resíduos sólidos urbanos no valor estimado em R$ 515 mil. A informação foi levantada pelo Blog do Zé Dudu.

Em termos gerais, os resíduos sólidos urbanos têm como destinação final a deposição em aterros sanitários preparados para receber resíduos classe II-A (não perigosos e não inertes) e II-B (não perigosos e inertes), de acordo com a Norma Brasileira Regulamentara (NBR) 10.004, que dispõe sobre a classificação de resíduos

A Secretaria Especial de Governo (Segov), responsável pela licitação, diz que a ideia é analisar todo o processo da cadeia de geração dos resíduos, extrair o provável potencial energético do levantamento e munir o município de informações técnicas suficientes à análise da implantação de uma tecnologia de recuperação energética como destinação final ambientalmente adequada aos resíduos sólidos urbanos que produz. Se isso um dia vingar, será o começo do fim do aterro sanitário tal qual se conhece hoje.

Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu revelam que a cidade de Parauapebas produz hoje aproximadamente 13 mil toneladas por mês de resíduos sólidos, sendo 4.500 delas de resíduos não inertes, como os orgânicos (restos de comida e de madeira, por exemplo), e 8.500 de resíduos inertes, como entulhos e sucatas de ferro.

Mais energia, menos aterro

O estudo a ser contratado pela Segov visa apresentar alternativas cujos desempenhos ambientais e sociais sejam compensatórios. Isso porque é possível realizar aproveitamento energético dos resíduos sem necessariamente enviá-los para aterros sanitários, que apresentam complexidade quanto ao seu projeto e gestão.

Exemplos de que o lixo pode virar energia não faltam. Em 2015, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que a queima do biogás gerado pela biodigestão de resíduos orgânicos de um restaurante universitário da instituição seria capaz de produzir cerca de 178 quilowatt-hora de eletricidade, o que, em um mês, seria suficiente para iluminar e aparelhar 33 residências.

Guardadas as mesmas proporções, apenas os resíduos orgânicos produzidos pela população de Parauapebas podem ter potencial de gerar eletricidade suficiente para atender a 3.500 domicílios — ou mesmo uma estrutura do tamanho da prefeitura local, praticamente zerando a conta de energia do Poder Executivo.