Fazendeiro condenado pela morte de sindicalista ganha liberdade provisória

Delsão, como é conhecido o fazendeiro, foi condenado em 2014 pelo assassinato do sindicalista Dezinho, mas teve o júri anulado.

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Decisão da Justiça concede liberdade provisória com o direito de apelação em liberdade do fazendeiro Décio José Nunes, conhecido como ‘Delsão’. Ele é acusado de homicídio triplamente qualificado, condenado como mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, morto no ano de 2000. O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) recorreu da decisão. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (24).

Delsão foi condenado em 2014 a 12 anos de prisão pelo crime, porém o júri foi anulado. Em agosto deste ano, o fazendeiro foi condenado novamente a 12 anos de prisão.

De acordo com a promotoria do MPPA, a sentença conferida ao acusado foi legítima e se mostram presentes os requisitos de prisão preventiva. Ainda, os promotores sugeriram a cassação da decisão de concessão de liberdade provisória com direito de apelar em liberdade.

O caso

O sindicalista Dezinho foi morto em 2000, em Rondon do Pará — Foto: Cristino Martins / O Liberal

De acordo com o Ministério Público, os principais motivos do crime se referem a atuação de embate do sindicalista com os fazendeiros locais. Além da participação e da defesa de ocupações em terras improdutivas e griladas, a vítima denunciava os crimes cometidos por fazendeiros (dentre eles, trabalho escravo, assassinatos e desmatamento).

De acordo com as conclusões da investigação, inferidas principalmente pelos depoimentos das testemunhas, a vítima José Dutra da Costa, o “Dezinho”, participou da ocupação da fazenda “Tulipa Negra” em um contexto de ocupações de terras na região de Rondon do Pará pelo Movimento do Sem-terra (MST). A partir disso, a vítima José Dutra da Costa começou a ser ameaçada de morte por Décio José Barroso Nunes, o “Delsão’’.

Uma das referências contidas nos depoimentos das testemunhas apontam que um grupo de fazendeiros de Rondon do Pará, preocupados com a possível ocupação de terras pelo MST, decidiram pela morte do líder do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rodon do Pará.

Os depoimentos colocam Décio José como líder de um grupo de extermínio, formado principalmente por fazendeiros, que determinava quem poderia viver ou morrer na região.

Inicialmente, o denunciado ‘’Delsão’’ teria contratado um policial encostado na Delegacia de Rondon, que já trabalhava com ele, para matar a vítima. Segundo Francisco Martins, irmão do indicado como contratado para matar José Dutra, a vítima “Dezinho” descobriu os crimes cometidos pelo policial encostado e o denunciou. Ao ser intimado e prestar depoimento, o policial foi assassinado.

Fonte: G1