Fachin nega pedido de filiado e MDB vai rachado à convenção que oficializa Simone Tebet candidata ao Planalto

Outra ala divergente, no PSDB, quer que o partido retire apoio à candidatura da senadora do MS e saia da chapa
Senadora Simone Tebet é uma das tentativas de emplacar um nome da terceira via para concorrer ao pleito deste ano

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Brasília – O ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, negou na terça-feira (26) pedido de filiado do MDB de Alagoas e manteve a realização da convenção do partido que deve confirmar a candidatura de Simone Tebet à presidência da República. O partido realiza nesta quarta-feira (27) convenção partidária e o evento será realizado às 10h, de maneira virtual.

A convenção ocorre diante do racha de uma ala do MDB para que o partido não lance Tebet ao Planalto e apoie Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar das ofensivas dos últimos dias, que incluem apoio de líderes emedebista de 11 estados, dentre eles o Pará, ao ex-presidente petista e até uma tentativa frustrada de judicialização da disputa, a tendência é que Tebet tenha seu nome referendado nesta quarta-feira, já que tem apoio da cúpula da legenda e da maioria dos diretórios estaduais.

Na segunda-feira (25), parlamentares apresentaram uma ação ao Tribunal Superior Eleitoral pedindo que a convenção fosse suspensa, argumentando que ela não poderia ocorrer de forma virtual.

O ministro Luiz Edson Fachin negou o requerimento e manteve a realização do evento.

Simone Tebet é senadora pelo Mato Grosso do Sul. Seu mandato chega ao fim neste ano. É a primeira vez que ela concorre ao Palácio do Planalto. Na disputa, ela terá o apoio do PSDB e do Cidadania.

Em seu despacho, Fachin afirma que mesmo online, a convenção “contempla regra expressa que assegura o sigilo dos votos, por meio de sistema a ser utilizado para a realização da reunião”.

A ação anulatória de convenção foi protocolada no tribunal pelo prefeito de Cacimbinhas (AL), Hugo Wanderley, que também é delegado do diretório estadual do partido. Ele alega que o modelo remoto de convenção não é capaz de garantir o sigilo do voto. A plataforma escolhida é o Zoom.

Em defesa da convenção, advogados do MDB se reuniram com o ministro e argumentaram que o partido contratou uma empresa que se responsabiliza pelo sigilo do voto.

Além disso, Fachin observa que o sistema oferece etapas de confirmação de quem vota, o que daria mais legitimidade ao escrutínio. O ministro destaca que a “solução de votação possui mecanismos de segurança, como a confirmação por mensagem SMS e o registro de uma foto do parlamentar no momento do voto, a fim de evitar a votação indevida por terceiros”.

Ala do PSDB insatisfeita
Com 2% das intenções de votos à presidência da República, a senadora Simone Tebet também “rachou” o PSDB. Lideranças nacionais da legenda acham que o partido deve desembarcar da chapa. O nome apontado pelo partido é o do também senador Tasso Jereissati (CE).

“Temos que admitir que não tivemos entendimento para lançar candidatura própria. Coma. desistência do ex-governador João Dória Jr. o melhor caminho ao partido é trabalhar o fortalecimento das candidaturas de deputados e senadores para consolidar a importância da legenda no Congresso Nacional. Com essa candidatura a bancada do PSDB está sob risco de se tornar um partido nanico”, resumiu uma fonte do partido, que expos a insatisfação dentro da agremiação.

O adiamento da indicação de Tasso Jereissati para a posição de vice na chapa presidencial reflete esse impasse nos estados. Em 15 unidades da federação, onde ao menos uma das siglas tem candidato ao governo local, somente em Alagoas e no Pará o PSDB e o MDB já definiram que estarão juntos na disputa estadual, mas nenhum deles garante palanque exclusivo à Simone Tebet na corrida nacional.

Tucanos agora dizem que a definição sobre o vice vai ocorrer até sexta-feira (29). O nome da senadora Eliziane Gama (MA), do Cidadania, legenda federada ao PSDB, começou a ser citado como alternativa por aliados da emedebista caso Jereissati desista de compor a chapa na vaga de vice.

PP apoiará Bolsonaro
Além de PSDB e MDB, o PP, um dos pilares do Centrão e base de sustentação do governo Bolsonaro, vai se reunir em convenção hoje na Câmara dos Deputados, em Brasília. Diferentemente das siglas que compõem a terceira via, a legenda não convive com conflitos internos para decidir o caminho que seguirá no plano nacional.  A sigla deverá aprovar por ampla maioria o apoio à candidatura de Bolsonaro.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.