Em Salinópolis, IDHAA lança projeto Moeda Verde Salinas

Mais de duas toneladas de materiais recicláveis foram arrecadados, em menos de três horas

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Aconteceu, neste sábado (18), no município de Salinópolis, nordeste paraense, o lançamento do projeto Moeda Verde Salinas. Idealizada pelo Instituto de Desenvolvimento Humano da Amazônia Atlântica (IDHAA), trata-se de uma iniciativa que visa a troca de materiais recicláveis pela moeda social, com poder de compra real no mercadinho montado para o evento.

Moradores de vários bairros do município participaram da ocasião, realizada na Escola Estadual Dr. Miguel de Santa Brígida, das 17h às 20h, na mesma data em que se comemora o Dia Mundial da Limpeza de Praias e Igarapés. Em menos de três horas, já haviam sido arrecadadas mais de duas toneladas de material; mais da metade composta somente por vidro, informou a coordenadora do IDHAA, Denise Monteiro.

“O final desse movimento de apresentação da Moeda Verde Salinas foi muito gratificante porque a população atendeu ao nosso chamado. A gente conseguiu cumprir com o objetivo do projeto e ajudar a melhorar a cidade,” disse ela.

Na ocasião, a população pôde fazer a troca dos seus materiais recicláveis pela moeda do Movimento Moeda Verde, grafada pelo Farol de Salinópolis e a data do evento. A cada 250g de metal ou alumínio, 1.2kg de plástico misturado ou 5kg de papel ou papelão, era recebido “1 SAL”, equivalente a R$1. 

A moeda circulou rápido, graças ao mercadinho do evento, que permitia aos interessados comprar alimentos da cesta básica por um valor promocional em relação ao que seria cobrado nos supermercados. Ao trocar 2 SAL, por exemplo, seria possível receber um quilo de arroz, açúcar, leite, bolacha ou macarrão; o café, óleo e feijão, cujos preços variam de R$4 a R$7, custavam 3 SAL, cada.

“A moeda social tem esse apelo social de mostrar para a comunidade que o resíduo dela vale dinheiro e pode ser trocado por um item da cesta básica que está tão caro nos supermercados,” enfatizou a deputada Paula Gomes, parceira do projeto e autora do projeto de lei que proíbe a venda de bebidas em garrafas de vidro nas praias do estado.

O evento contou também com apresentação do grupo de carimbó Raízes Coremar, venda de artesanato, comes e bebes. Para as crianças, havia pula pula, oficina de slime e distribuição de algodão doce. Aqueles que levaram vidros e eletrônicos para troca, receberam cartelas de bingo para o sorteio de uma moto.

A venda de bolos, doces e comidas típicas surpreendeu e garantiu uma renda a mais para comerciantes como Tamires do Santos: “No início fiquei com o pé atrás, mas depois vi a fila com o pessoal trocando os materiais recicláveis e realmente foi tão bom que precisei buscar mais insumos para continuar vendendo”. Ela acrescentou que o projeto irá contribuir na coleta seletiva, sobretudo com a população informada que é possível reciclar e trocar pela moeda social.

Foi o que fizeram as amigas Márcia, Luciana e Marcilene, que encontraram tempo para selecionar e limpar os recicláveis encontrados próximo de casa para trocar por produtos como açúcar, feijão, entre outros. “A gente tinha muito plástico em casa, saímos do trabalho uma hora e ficamos até quatro horas limpando esses materiais pra trazer,” explicou uma delas. “Gostamos muito da ideia porque a gente joga tudo pro lixo ou algumas vezes queima no fundo do quintal. Agora a gente vai guardar os recicláveis pro próximo evento”.

A estudante de Pedagogia, Aline Neves, já realizava a coleta seletiva, mas descobriu o evento pelo Instagram e, com isso, uma nova força de reutilizar seus recicláveis. “Eu já separava esses materiais há um tempo para ajudar os catadores de lixo, mas vi que eles agora podem ter outro destino”. Ela ainda elogiou a iniciativa do projeto: “É um projeto muito importante de preservação do meio ambiente, pois aqui temos praias e praças lindas, que merecem ser preservadas”.

Parceira do evento, a defensora pública Jaccqueline Loureiro enfatizou a importância da educação ambiental, e sua contribuição para o reconhecimento e valorização de toda a sociedade. “Sabemos que as pessoas mais humildes são as que mais sofrem com a degradação do meio ambiente, pois são atingidas pelos malefícios dessas irregularidades em relação ao tratamento dos resíduos sólidos e as consequências são muito grandes,” comentou.

Segundo a organização do Movimento Moeda Verde, o projeto deve se expandir para outros bairros, visando estimular a limpeza da cidade e o interesse da população pela educação ambiental, por meio da separação do lixo reciclável e o poder de compra possível com a Moeda Verde Salinas.