E quem ganhou o debate?

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Olinto C VieiraPor Olinto Vieira ( * )

Não, eu não vi o debate. E não fiquei com a consciência pesada de estar sendo alienado.

Confesso que nem sabia do debate na Band e muito menos o da Globo. Acho que é porque eu não me ligo em televisão mesmo. Mas ouvi os comentários pela internet.

Me lembro sim de quanto algumas pessoas estavam decepcionadas ou mesmo aterrorizadas na primeira eleição após o golpe militar. Eu assisti os debates em 89, quando os candidatos que estavam na “ponta” eram Collor, um outsider, alçado como “caçador de marajás”, Lula, um candidato natural pelas lutas ideológicas (na época) e outras ‘figurinhas menos importantes’ como Ulysses Guimarães, Mario Covas, Leonel Brizola, Afif Domingos , Roberto Freire, Aureliano Chaves , Ronaldo Caiado , Affonso Camargo, Enéas Carneiro, Fernando Gabeira, Celso Brant.

Claro, não podemos enfiar todos no mesmo balaio, mas achávamos que tínhamos poucas opções. Eu votei no Roberto Freire, meio desiludido, e ele se mostrou mesmo uma decepção com o passar do tempo.

Mas hoje eu vejo o quanto nos diminuímos, nos sentimos incapazes em querer mais, nos contentamos com pouco, ainda nos iludimos com os salvadores da pátria, procuramos por um.

Nós somos um País Continental, temos várias pessoas de valor nos quatro cantos do Brasil. Pessoas fazendo coisas notáveis. Tudo bem, não são a maioria, mas são em bom número. Eu não sou um utópico mas também nunca quero ser um descrente.

Naquela primeira eleição havia nomes de pessoas de caráter duvidoso, mas havia pessoas que hoje não se vê mais por aí em termos de coragem e honra. Até hoje me arrepio quando vejo e ouço a nota que o Cid Moreira teve que ler a respeito de Brizola, em um direito de resposta contra a Globo. Respeito quem não gostava do caudilho mas a Globo esmiuçou a vida dele e seguiu seus passos durante todos os minutos de sua vida.

Ganhou a eleição um rapaz deslumbrado, que enganou toda uma nação com um mote populista e meia dúzia de bravatas sem sentindo, produzindo líderes como Renan Calheiros e Cláudio Humberto. Será que perdemos a chance de formar líderes corajosos, com o fracasso do Governo Collor? Para alcançar os postos de comando por quê será que há tanta apatia com os nossos líderes anônimos. Porque eles preferem ficar anônimos? Por quê preferem deixar as figurinhas já carimbadas e repetidas se agigantarem feito um anão subindo uma escada?

Não, eu não vi o debate, estava lendo uma revista e volta e meia vendo o meu Galo, o maior de Minas, ganhar do Palmeiras. No debate há ataques. Até a defesa é por meio de ataques, calúnias, golpes baixos. No futebol, há pelo menos estratégia, planejamento, visão antecipada. Há estudo, pesquisa, emoção quando as coisas dão certo, todos vibram. Trabalha-se por um resultado, que é conhecido a partir dos treinos, da repetição de jogadas, da força de vontade, como li outro dia em uma postagem do meu amigo Wander Jose Nepomuceno, um trabalhador de ideias e de como executá-las efetivamente.

Eu não sou descrente da política, dependemos dela para vivermos bem, para nossos filhos terem acesso a um futuro melhor, mas infelizmente vivemos uma safra sofrível de mandatários que antigamente se tinha um baixo clero e hoje o nível abaixou de vez mesmo para quase todos. Nostalgia, não. Realidade pura. “Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter, nessa terra de gigantes, que trocam vidas por diamantes.”

Mas eu vou lá. Vou votar sim, não desisto de fazer o jogo da eliminação. Melhor assim; melhor ainda se os poderes, todos eles, fossem assim , pois até a mais alta corte do poder judiciário está perdendo de 7 a 1. Nós todos estamos perdendo de sete a um.

Valha-nos Deus, quantas vezes devemos perdoar quem escolhe errado seus governantes? Não sete, mas setenta vezes sete. É muito tempo! É muito tempo para levar lambada no lombo. E ainda criticam um candidato só porquê ele soltou um peidinho de nada em horário nobre na frente do Bonner. Ora vamos, foi quase uma “bufa”, eu vi no Youtube!! Todo mundo solta gases e isso é normal; afinal, o ar que entra precisa sair ( tomara que não fosse só o ar). Alguns hábitos podem dificultar a saída do pum, que se acumula. Respirar pela boca, comer rápido, falar muito durante a refeição e mascar chiclete aumentam a entrada de ar. Além disso, alguns alimentos podem deixá-lo mais fedido, como repolho, couve-flor, batata-doce, feijão, grão-de-bico, lentilha, ovo, carne e leite, coisas que o pessoal do Projac e da Globo deve gostar muito .E qual mal há em Everaldo peidar perto do Bonner? Do jeito que as coisas estão, foi o protesto mais espontâneo que aconteceu, mesmo que involuntariamente.

E que Deus nos Salve!

( * ) – Olinto Campos Vieira é advogado formado pela Faculdade de Direito de Teófilo Otoni, torcedor do Atlético Mineiro e Procurador concursado do Município de Parauapebas há onze anos. Texto originalmente publicado no jornal Regional, em Parauapebas.

11 comentários em “E quem ganhou o debate?

  1. Olinto Responder

    Por favor, não deixemos de nos informar, realmente. Não apenas nos debates, mas em tudo, com toda memória possível e não apenas pelo desempenho de um candidato em um mero debate televisivo. Vamos nos informar com coragem, expondo nossas idéias e nomes, quem sabe podemos expor as nossas descrenças, porque todos a temos, em todos os cargos, graus e postos. Um dos maiores males que a ditadura militar fez nos deixarmos levar pela omissão, medo e anonimato.Nos escondermos atrás de apelidos como Chico Buarque teve que fazer, o que é triste tanto quanto a corrupção que permeia, incrustada como uma ferida crônica. A coluna foi exatamente para estimular o bom debate.

  2. Alípio Responder

    “Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lá.”

    Dizem que esta frase é do Voltaire!

    Assiti aos dois debates. Debate? Que debate? Amigo Olinto: antes tivesse feito que nem você! Perdi meu tempo. Aliás, os “debates” proporcionaram à Band e ao SBT os piores índices de audiência do horário. A Globo agradece! O Ibope dela foi para arriba!

    Como você, já conheço de cor e salteado a oratória claudicante dos candidatos! Não há escolha. A submissão da maioria do povo é consequência do colonialismo e coronelismo, tanto quanto do militarismo.

    Há de se chegar o tempo de mudança. Mas não será agora. Olho para o João, para a Maria, vejo a desesperança, a abnegação à política e aos políticos. Vejo o Zé e o John Doe resignados à consciência de seus “eus”!

    Mas, vamos lá. Preparemos nossos filhos para a batalha.

    “Entre outras mil, és tu, Brasil, ó pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, BRASIL!”

    Alípio Ribeiro

    • Molotov Responder

      Alípio.
      não concordo com sua falta de argumento,colonialismo?coronelismo?militarismo?
      já passou da hora de nós entendermos que enquanto apontarmos para ações alheias pela falta de rumo do país,permaneceremos em estado letárgico para sempre.
      a culpa é nossa(povo)falta-nos coragem,falta-nos vontade de fazer o certo,falta-nos assumirmos as responsabilidades de povo,por aqui confunde-se política com futebol,por aqui só se une em torno de uma causa em época de copa do mundo(permita-me não gostar de futebol).isso aqui virou terra de ninguém,as políticas são voltadas para contemplar quem se desvia do caminho,e você ainda vem com essa de culpar fatos históricos por nossa ausência de povo?desculpe mas essa foi mais uma bola fora que você chutou,ou você já se esqueceu do comentário que fez defendendo a copa do mundo 2014?cadê o legado?é a recessão?são as obras que já estão caindo aos pedaços?falta nos povo,chega de torcer para um partido qual time de futebol,torçamos juntos para encontrarmos homens com vergonha na cara e que estes conduzam o povo para fazer desse grande país uma grande nação.

  3. Anônimo Responder

    Imperfeito que se admita um (des)crença de nosso procurador.

    Em que pese eu também ser indignado com esses debates – entrevistas inclusive – creio que temos por obrigação citadina “escarafuncharmos” tudo para procurar o melhor representante.

    Ocorre que a prevenção à projeção desses candidatos vem da origem dos mesmos, com algumas exceções (à exemplo do Lula de calças: Dilma). Eles começam em “berço esplêndido” e seguem em um crescimento demagogo projetando-se e vindo a ser o que são: espúrias lástimas sociais que entendem de tudo, até de política.

    Não pela retórica, mas pela república. Quem elegeremos nesse 5/10???

    Observando que os candidatos majoritários em geral são figuras repetidas em campanhas eleitorais pregressas custeadas por desavisados caixas (exemplos: Jatene e Helder, Darci e Valmir, etc) o necessários é rever o que faremos de nossos voto.

    É simples. Para começar a moralizar temos de ver (entender, de fato) como funciona o sistema eleitoral e assim não permitirmos que nossos votos sejam um trampolim para um incauto “desavisado” que nada conhece por aqui.

    Para fins didáticos vou utilizar apenas um exemplo para me fazer entender: O candidato do atual governo municipal de Parauapebas à cadeira da Assembléia Legislativa – o qual poderia nos explicar como consegue caixa para manter sua campanha (saberemos disso apenas 30 dias após as eleições, outro furo de nossa Lei!!!) – concorre em um mesmo partido de três outros “exponenciais políticos”, que de certo, lhe tomarão qualquer pretensão eleitoreira (ao menos as pesquisas assim indicam): 1. Um candidato tradicional, ex-vereador em Belém, Ex-Deputado Estadual e com “bagagem política”; 2. Um Tenente Coronel da Polícia Militar, que só por isso já deveria ser impedido de concorrer visto que utiliza a função como propaganda – que é sua por concurso mas tem obrigações que são vinculadas e obrigatórias (ou seja, não fez mais que sua obrigação), e; 3. O filho de um Ex-Governador, que como tal faz de tudo para o emplacar.

    Como dito as pesquisas colocam em números absolutos o candidato do governo bem atrás dos 03 (três) primeiros colocados, fazendo com que toda a dinheirama que vem sendo gasta no mesmo seja utilizada para eleger (sim, isso é quociente eleitoral) um forasteiros para o Sul do Pará, que em geral é avesso às idéias separatistas e descrente em qualquer investimento necessário nessa região (peguem o histórico e propaganda dos 3 acima citados e conclua por si).

    Não podemos permanecer alheios aos entendimentos políticos, locais, regionais ou nacionais. Não podemos permitir que estejamos sujeitos às mazelas dos grandes partidos que sabiamente permitiram que Parauapebas tivesse essa enxurrada de candidatos à Deputado Estadual. Esfacelanda está a concentração dos votos e, praticamente, impedido um representante de nossa cidade na assembléia.

    Que eu esteja errado! Consigamos nós eleger – ao menos um – representante de nossa região. Mas, por favor, não deixemos de nos informar e impedir o acesso à “nossa vaga” de um candidato que nos despreza!!!

  4. Anonimatoso Responder

    A entrevista que Marina deu ao JN permite perceber que ela é ditatorial. Não ouve ninguém. Não admite ser interpelada. Tem pouco controle emocional e acha que sozinha é a solução para o País.
    O Brasil de Marina não permite a produção de alimentos em grande escala como é hoje. Seja vegetal ou animal. Temos sim que termos consciência quanto ao meio ambiente, mas sem radicalismo. O Brasil de Marinha não terá modernização industrial. Não teremos competitividade internacional. É só perceber bem o pensamento de Brasil que ela deixa se mostrar nas entrelinhas. Porém, a opção é tão pouca que muitos dizem que antes Marina do que Dilma. Onde nós chegamos?

    • pirilampo Responder

      a encruzilhada está aí,país sem um líder natural para pleitear o posto,estamos na mão de partidos sem programa de governo,o povo parece esperar o “messias”uma espécie de redentor e,é sob essa ótica que arrisco dizer,se as tendências continuarem apontando para a eminente derrota de Dilma,seu eu fosse ela,colocaria as”barbas”de molho,o PT não medirá consequências para afasta-la da disputa,reinventando o câncer ou ainda pior atentando contra sua própria vida,abrindo caminho para o retorno “triunfal”do seu criador,lula molusco.
      por mais absurdo que possa parecer é bom que guardem esse meu comentário.

  5. Olinto Vieira Responder

    Concordo com o seu ponto de vista, Carla, é uma boa atitude mesmo. Quem sabe a crônica tenha sido para despertar para isso? As vezes há coisas que de tão aparentes, parecem ocultas. Como disse Millôr Fernandes, um dos arautos do livre pensamento, “livre pensar é só pensar!”

  6. Carla Marina Responder

    Assisti o debate e sempre que posso acompanho entrevistas, comentários, seja lá que for dos candidatos. O que não dá é ficar indiferente a tudo que está acontecendo, preciso acompanhar de perto, mesmo que acredite que vou trocar seis por meia dúzia, mas consciente que estou fazendo minha parte como cidadã, como povo, que mesmo não acreditando nas propostas indecentes dos candidatos, não estou alheia ao que está acontecendo, pois é o que temos, só me resta escolher o menos pior.

  7. Molotov Responder

    caro Olinto.
    aí eu te pergunto:qual a diferença dos que hoje postulam o cargo de presidente para o Collor?
    até mesmo o lula que outrora se apresentou como salvador da pátria, se perdeu na sua própria história,se meteu nas maiores maracutaias em nome da governabilidade,se aliou aqueles que ele mesmo demonizava.
    o maior problema ao meu ver não são os políticos,falta-nos povo,dos bons,aquele consciente,que não troca voto por bolsas esmolas,aquele que não espera de seus governantes benesses e sim compromissos com o bem comum,o político fala aquilo que o seu povo quer ouvir afim de tomar de assalta por meu do voto o poder.
    não vi nenhum candidato falar em endurecer o jogo contra a bandidagem,vi sim,falarem em melhorar condições de cadeias,distribuírem seringas para drogados,camisinhas para a “galerinha que quiser sexo seguro,liberar as drogas,reduzir penas de condenados,indulto disso e daquilo,enfim políticas públicas para contemplar quem se desviou do caminho.
    eu ao contrário do senhor,assistir o debate,não perdi um lance se quer,não vi nenhuma novidade,são os mesmas aves de rapina e cada vez mais vorazes,estou temeroso quanto ao futuro,não temos opção,sabe aquela estória de sair do espeto e cair na brasa?é meu caro! é por aí que segue a procissão.
    talvez um dia quando tivermos povo,povo de verdade,aquele que não troca voto por esmolas,que não troca um debate por uma partida de futebol nem muito menos por briga de galo,quem sabe aí sim faremos desse país uma grande nação.
    detalhe,ainda vivemos em um país que,ao se aprender um helicóptero cheio de pó,prende-se a aeronave,culpa-se o piloto empregado de um senador,meses depois sob a penumbra de outros escândalos devolve aos verdadeiros culpados o helicóptero “criminoso”,não sem antes as devidas desculpas a quem de “direito”.com a palavra o senhor e os Perrelas,os donos do seu glorioso galo mineiro,digno representante da lavanderia de dinheiro sujo chamada de FUTEBOL.

  8. Superar Nônimo Responder

    Poderia comentar cada parágrafo. Do pleito ao peido. Ou seja, do pleito de 89 ao escape gaseificado do presidenciável. Mas vamos direto à SAFRA SOFRÍVEL. Vejamos quem está com maior volume de campanha na cidade. É justamente quem tem o comitê com um dinheiroduto ligado direto ao erário. Analisemos o personagem. Pensemos em quão complexo é representar de verdade um município em todas as esferas do sistema brasileiro, e em todas as demandas. Pensemos agora em âmbito regional, porque é o que se propõe. Safra Sofrível em nível federal e pior ainda aqui. Nossa Parauapebas que tanto orgulhamos de adjetiva-la superlativamente. Nossa região que acreditamos ter tudo para ser um grande Estado, e depararmos pelas ruas com candidatos apoucados (com raríssimas exceções). Nós não teremos tão cedo R E P R E S E N T A N T E S capazes, se continuarmos a pensar grande e agir pequeno.

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