Dona da Alunorte e Albras é condenada a pagar R$ 50 milhões para comunidades atingidas por gases tóxicos

Na sentença, o juiz do caso condenou as empresas do grupo norueguês por provocarem intensa emissão de substâncias poluentes na atmosfera

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Brasília – O juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas, Raimundo Santana, da Justiça Estadual do Pará, condenou o grupo norueguês Norsk Hydro, controlador das mineradoras Alunorte Alumina, Mineração Paragominas, com sede no município de Paragominas, e a Albras Alumínio, com sede em Barcarena, a pagar R$ 50 milhões por danos morais coletivos às comunidades ribeirinhas afetadas pela emissão de gases poluentes na atmosfera.

Localização da Alunorte, parte da Norsk Hydro, próxima da cidade de Barcarena, no Pará.
Mapas: The Intercept Brasil; Google Earth

O magistrado considerou que as “atividades (…) das empresas rés provocam intensa emissão de substâncias poluentes na atmosfera, notadamente GEE (Gases de Efeito Estufa), como o dióxido de carbono (CO²) e o dióxido de enxofre (SO²)”, em “volume (…) tão grande que supera em muito — podendo ser até mais que o dobro — do que é produzido por uma cidade com mais 1.300.000 milhões de habitantes, como é o caso Belém, a capital do Pará”.

Na sentença, o juiz Raimundo Santana determinou que as empresas rés apresentem, em 30 dias, a comprovação de mudança na matriz energética com utilização de gás como principal fonte, em substituição ao uso de óleo.

A decisão alcança o governo do estado do Pará, também alvo da ação, arrolado no processo, sendo condenado a exigir que as empresas cumpram um acordo para obtenção de benefícios fiscais, sob pena de ser obrigado a suspender as concessões do estado às empresas feitas há nove anos.

Em caso de descumprimento, tanto por parte das empresas quanto do estado, a multa estabelecida é de R$ 200 mil por dia, até o limite de R$ 5 milhões. Não é a primeira vez que as duas empresas são condenadas por crimes ambientais. O fundo soberano do governo norueguês, por sua vez dono da Norsk Hydro, avalia a situação com preocupação, uma vez que a condenação escala suas preocupações ambientais e possibilidade de desinvestimentos no setor. Confira a reportagem do Blog do Zé Dudu aqui.

O outro lado

A Procuradoria Geral do Pará ainda não se manifestou sobre a condenação, mas a Hydro divulgou nota informando que vai recorrer da decisão. Confira, na íntegra:

A Hydro discorda veementemente da decisão do tribunal sobre a acusação de não cumprimento do acordo de ICMS e vai recorrer da decisão. A Hydro Alunorte possui todas as autorizações e licenças necessárias para operar, e todas as emissões são devidamente comunicadas às autoridades ambientais.

O acordo de ICMS de longo prazo, pactuado em 2015 com o Estado do Pará, incluiu um projeto de mudança de matriz energética na refinaria de alumina Alunorte. O projeto de troca de combustível envolve a substituição de óleo por gás natural no processo de refino, e exigiu uma quantidade significativa de investimentos, incluindo a chegada do gás no estado do Pará. A Hydro Alunorte está implementando com sucesso a mudança de combustível após a entrega do terminal de gás pela Gás do Pará em Barcarena, no início de 2024.

Ao implementar o projeto de mudança de combustível e fazer a transição do óleo para o gás natural, a Hydro Alunorte reforçará a sua atual posição de liderança como um dos produtores de alumina com menor teor de carbono. Além disso, ao trazer gás para o Estado do Pará, o projeto de mudança de combustível atuará como um facilitador para um maior desenvolvimento da infraestrutura de gás na região.

Por Val-André Mutran – de Brasília

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