Diesel: Petrobras aumenta em 8,87% diesel combustível a partir desta terça nas refinarias

Nova alta alimenta a inflação. Nas bombas, o consumidor vem encontrando o litro do diesel cada vez mais caro. Neste ano, o preço médio já subiu quase 24% no Brasil
A Petrobras registrou, em dólares, o maior lucro líquido no primeiro trimestre no mundo e aos olhos dos brasileiros é a "máquina de moer" a economia

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Brasília – Os postos de combustíveis dos estados do Norte e Nordeste, amanhecem nesta terça-feira (10), com o preço do litro do óleo diesel combustível custando, em média, R$ 7,20, ao consumidor final. A Petrobras, anunciou na manhã da segunda-feira (9), o terceiro aumento do diesel neste ano. O percentual de acréscimo é de 8,87%, válido para as distribuidoras de todo o Brasil. A alta do ano atinge 47% acima da inflação.

“Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil, que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado”, disse a estatal em nota. Ainda segundo a companhia, o aumento anunciado “observou tanto o desalinhamento nos preços quanto a elevada volatilidade no mercado”.

Defasagem

“Nesse momento, no entanto, o balanço global de diesel está impactado por uma redução da oferta frente à demanda. Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras”, disse a estatal.

A Petrobras diz que esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização do combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta. “Está escasso achar fornecedores”, justificou a estatal.

De acordo com a Abicom, a associação dos importadores, a defasagem do diesel hoje está em R$ 0,94, ou 17% em relação ao preço internacional. Ou seja, mesmo com a alta anunciada, o diesel vai continuar a ser vendido com defasagem. Em 27 de abril, a defasagem de preços chegou a 27%.

A Petrobras lembrou ainda que o refino nacional não tem capacidade para atender toda a demanda do país, aumentando as preocupações de um possível desabastecimento. Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel são atendidos por outros refinadores, disse a empresa.

Escalada de preços

Nas bombas, o consumidor vem encontrando o litro do diesel cada vez mais caro. Neste ano, o preço médio já subiu quase 24% no Brasil, segundo o último levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Na semana passada, o diesel subiu pela terceira semana seguida nos postos, passando de R$ 6,61 por litro para R$ 6,63, mantendo mais uma vez o preço em patamar recorde.

Segundo a pesquisa da ANP, o preço máximo encontro do diesel nas bombas chega a R$ 8,387 na Bahia.

Para especialistas, o patamar se deve ao fato de a refinaria de Mataripe, que pertence ao fundo árabe Mubadala, repassar os reajustes dos preços internacionais aos derivados quase que de forma instantânea.

A refinaria, chamada até então de Landulpho Alves (Rlam), pertencia à Petrobras e a venda foi finalizada no fim do ano passado.

Pressão inflacionária

Em nota, o Ministério da Infraestrutura confirmou que “participa de debates e de estudos de alternativas que possam atenuar as despesas e melhorar a situação dos trabalhadores autônomos de transporte, com quem o diálogo é constante e está sempre aberto.”

Mas, a  lista de serviços é muito maior. Com mais esse reajuste, na prática, o que ocorre, é um “efeito dominó” de aumentos em vários setores da economia. O custo do frete de carga, a movimentação das máquinas no campo para a produção agrícola e o custo com o transporte urbano e rodoviário.

Mais uma vez, o lado mais fraco da roda vai pagar a conta. O novo reajuste impacta diretamente na renda do trabalhador, que há seis meses está passando por um processo de perda de poder de compra.

Se ficar, o bicho come. Se correr, o bicho pega!

Dois indicadores apontam para a degradação do salário do trabalhador. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) afirmou que os reajustes do diesel este ano podem elevar as tarifas dos transportes coletivos nas cidades em 15,4%.

“Esse aumento é mais uma pressão sobre as passagens de ônibus num ano eleitoral”, afirma o economista André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em análise publicada hoje em grandes jornais. Ele lembra que as prefeituras andam subsidiando a passagem para atenuar esse impacto.

Numa outra conta, segundo a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), a medida acarretará a necessidade de reajuste adicional de no mínimo 3,10%, fator que deve ser aplicado emergencialmente nos fretes.

Governo emparedado

Depois do reajuste de 8,87% do preço do diesel pela Petrobras, o núcleo político do governo e aliados no Congresso renovaram a pressão para a concessão de um subsídio ao combustível antes da eleição. A medida se soma à discussão entre os ministérios uma proposta para mitigar o impacto dos reajustes das tarifas de energia autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Governistas querem evitar o desgaste em ano de eleição, num momento em que os adversários do presidente Jair Bolsonaro, entre eles o líder das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), focam as críticas ao governo na alta de preços e na perda de renda.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.