Cultura: Festival de Música Instrumental mobiliza artistas marabaenses

Os shows acontecem nos dias 6, 7 e 8 de maio, com entrada gratuita, no teatro do Carajás Centro de Convenções de Marabá

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Aos 16 anos, Itair Rodrigues começou a tocar baixo. Autodidata, se apresentou algumas vezes na Escola Acy Barros, até encontrar quatro amigos que se juntaram para formar um grupo de estudo de música.

Fabiano Rodrigues toca violão desde os cinco anos. Durante a infância e adolescência, ia para as bancas de jornal da cidade, folheava as revistas e tentava decorar os acordes para tentar tocar em casa.

Com 11 anos, Walkimar Guedes começou a participar das bandas da sua igreja. Desde então não abandonou o gosto pela música e a vontade de se aprimorar, até virar regente de orquestras.

Histórias de vida marcadas pelo amor à música se encontrarão no Carajás Centro de Convenções, nos dias 6, 7 e 8 de maio, no Marabá Jazz Festival 2022, o primeiro evento de música instrumental da região, com entrada gratuita. O festival conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale e do Banpará, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura e do Ministério do Turismo. Cada um deles integra uma das bandas da cidade que compõem a line-up do festival: Pirucaba Jazz, Carajazz Marabá Orquestra Popular e Choro e Harmonia.

Além das bandas marabaenses, o festival terá mais nove apresentações nacionais e regionais. Os shows acontecem nos dias 6, 7 e 8 de maio, com entrada gratuita. A programação do festival também promoverá oficinas, entre 2 e 6 de maio, para incentivar a para incentivar a formação e capacitação de artistas da cidade.

Durante os últimos 12 anos, Itair e os amigos têm pesquisado harmonias e estudado música.  Com as reuniões, iniciadas em 2010, logo surgiram algumas composições. Um ano depois, eles fizeram sua primeira apresentação, que deu origem à banda Pirucaba Jazz. O nome da banda remonta a uma pequena praia, localizada no Rio Itacaiúnas, que banha cidade de Marabá.

Pirucaba Jazz

A primeira música tocada pela banda também faz referência ao local: “Lá no Pirucaba”. Mas a maior parte das suas canções são relacionadas as lendas da região, como Porca de Bobes, Boiúna, Curupira, Matinta Pereira, entre outras. No show é apresentada a história de cada música, relacionando com a lenda correspondente. “A Porca de Bobes que é uma lenda exclusivamente marabaense, ressaltar nossa cultura é uma das missões da banda”, explica Itair.

Com a expectativa da proximidade do festival, aumenta também o ritmo dos ensaios. “Estamos sempre nos reunindo, periodicamente, mas com o evento temos buscado focar ainda mais. O festival fomenta e incentiva nosso trabalho, para continuarmos nossas pesquisas e compondo músicas novas”, comenta Itair.

O baixista ressalta que há poucas opções de locais para os produtores de músicas instrumentais na região se apresentarem e que esta será uma oportunidade para mostrar que existe produção musical diferente do mainstream das rádios no município.

“O público que vai experimentar essa música no festival, muitas vezes não do dia a dia, porque é algo novo e grande na cidade. Vamos mostrar que aqui existe produção de músicas próprias, com estilos diferentes e de qualidade. Não somos só nós que experimentamos da fonte externa, como esses artistas nacionais virão aqui para experimentar nossa música”, reforça Itair.

Carajazz

Há oito anos, visando a uma apresentação especial em homenagem ao centenário de Marabá, foi criada a Carajazz Marabá Orquestra Popular. O grupo é a única “Big Band” do sul e sudeste do Pará. O termo é utilizado em referência a grandes grupos musicais associados ao jazz, normalmente com 12 a 25 membros, muito populares entre as décadas de 1920 e 1950

Embora Walkimar, que atua como regente da Carajazz, afirme que evita o termo, por buscar fazer “um trabalho que seja bem brasileiro, bem nacional, pois o jazz é uma música popular”, explica.

A ‘Grande Banda’ marabaense conta hoje com 18 membros. São cinco saxofones, quatro trombones, quatro trompetes, e a base, feita pela bateria, percussão e guitarra. A banda começou ensaiando toda sexta-feira e pretende aumentar a frequência com a proximidade do festival.

“É uma injeção muito grande de cultura e ânimo para a gente. Para todos os músicos da cidade. As pessoas reclamam que não há opções diferentes. Agora temos um mega festival e a hora de dizer que sim, temos opções”, ressalta.

Ele afirma que 90% do repertório será composto por música brasileira e vê o evento como uma porta para o surgimento de novos artistas. “O Jazz é um estilo norte americano, mas temos o jazz bicado em todos os outros estilos. Por isso tenho certeza que após o festival outros grupos devem surgir. Essa é uma oportunidade que é gerada pelo Marabá Jazz Festival”, reforça.

Choro e Harmonia

Em 2014, Fabiano Rodrigues começou a estudar na Escola Arte Musical em Marabá. De aluno, passou a tocar com seus professores, que criaram a Banda Choro e Harmonia. Ele já era envolvido na música, mas a partir de então começou a realizar o trabalho de forma mais sistemática.

Choro e Harmonia

Choro e Harmonia é um projeto coletivo, que se apresentou em 2016 em um sarau organizado pela própria escola de música. A partir de então, a banda ganhou forma, marcando presença em eventos promovidos pelo Sesc, Unifesspa e Fundação Casa da Cultura (FCCM).

“A gente sonhava com esse tipo de festival na cidade. Para nós foi uma alegria ao sabermos da realização. Ter um ambiente propício para que as pessoas nos ouçam e conheçam nosso trabalho é um incentivo muito grande. Marabá tem muito instrumentista e é uma oportunidade única. Ainda maior em virtude do momento difícil que a cultura passou na pandemia”, celebra Fabiano.

Ele também não esconde a animação de ter contato com grandes nomes da música nacional que se apresentarão no festival, como Azymuth, Trio Corrente, Fernando Cesar e Regional entre outros. “Vão vir os feras para nossa cidade. Para nós será um encanto acompanhá-los e dividirmos o mesmo palco. Estamos ensaiando com frequência e desde o dia 15 intensificamos esse ensaio”, conclui.

Como participar?

O público deve adquirir o voucher, tanto para os shows, quanto para as oficinas, no link http://www.sympla.com.br/theroque.

A line-up completa do festival é composta por:

6 de maio: Duo Siqueira Lima, Thiago Espírito Santo e Sandro Haick, Carol Panesi e grupo e a lendária banda Azymuth.

7 de maio: Rafael Guerreiro Quinteto, Pirucaba Jazz, Jayr Torres Quarteto e Trio Corrente.

8 de maio: Choro e Harmonia, Aldo Sena e Mestre Curica + Clube da Guitarrada, Carajazz Marabá Orquestra Popular e Fernando César e Regional.

Oficinas

2 e 3 de maio (19h às 22h): Produção de Conteúdo e Relacionamento com a Imprensa

3 e 4 de maio (19h às 22h): Introdução Básica a Iluminação Cênica

4 e 5 de maio (19h às 22h): Canto Intuitivo

5 (19h às 22h) e 6 de maio (9h às 12h): Prática de Conjunto e Chorinho

6 de maio (14h às 18h): Jazzcomplicando: O Jazz com Escala Pentatônica  

Informações mais detalhadas podem ser encontradas no Instagram da produtora: @theroqueproducoes1.

(Texto: Osvaldo Henriques)