Câncer encerra a carreira do publicitário Duda Mendonça, aos 77 anos

Ele coordenou, em 2011, a campanha para a criação dos estados do Carajás e do Tapajós

Continua depois da publicidade

Brasília – Morreu, nesta segunda-feira (16), aos 77 anos, em decorrência de um câncer no cérebro, o publicitário Duda Mendonça — ícone do marketing político no Brasil. Desde a internação em São Paulo, a pedido da família, as informações sobre o estado de saúde do publicitário não estão sendo divulgadas. Casado com Aline Mendonça, ele deixa quatro filhos.

Famoso por sua atuação em campanhas petistas, e por ter criado o slogan “Lulinha, Paz e Amor”, em 2002, Mendonça também trabalhou com nomes como Paulo Maluf, Miguel Arraes, Ciro Gomes, e Paulo Skaf.

O publicitário baiano esteve afastado dos holofotes desde que teve nome envolvido no escândalo do mensalão, em 2005. Em 2011, Duda Mendonça volta aos holofotes coordenando a campanha do plebiscito sobre a divisão do Pará. Ele perdeu o plebiscito para a campanha vitoriosa coordenada pelo publicitário paraense Orly Bezerra. Duda defendendo a criação dos Estados de Carajás e Tapajós. Orly sustentando que o Pará não fosse dividido.

Duda Mendonça já tinha bom relacionamento com figurões da política paraense. Especialmente do sul do Estado, onde tem fazendas e financia vaquejadas.

Foi por meio de amigos feitos nas vaquejadas que Duda foi convidado para coordenar a publicidade da campanha do Sim, a favor da criação dos estados do Carajás e do Tapajós.

Problemas

Em 2005, em depoimento à CPI dos Correios, Duda Mendonça confessou ter recebido R$ 10,5 milhões pela campanha à eleição de Lula via caixa 2. Ele chegou a virar réu no processo do mensalão, mas foi absolvido em 2012 pelo Supremo Tribunal Federal. Os ministros concluíram que ele não teria como saber se era ilícita a origem de R$ 10,3 milhões que recebeu em 2002 na campanha de Lula ao Palácio do Planalto.

Anos mais tarde, em 2016, teve seu nome envolvido na Operação Lava Jato, sob suspeita de ter recebido R$ 10 milhões para o grupo político do presidente Michel Temer delatado por executivos da Odebrecht. Em 2017, seguindo o caminho de outros dois publicitários do PT, João Santana e Mônica Moura, o marqueteiro assinou um acordo de delação premiada
com a Polícia Federal.

Os petistas foram os primeiros a lamentarem a morte de Duda Mendonça. Pelo Twitter, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), escreveu: “Lamento a morte do baiano Duda Mendonça. Publicitário que teve o seu talento reconhecido no Brasil e no mundo. Meus sentimentos para familiares e amigos.”

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) usou a rede social para dizer que Mendonça foi um “grande publicitário.”

Até o fechamento da reportagem nenhum político do Pará havia se manifestado sobre a morte do publicitário.

  • Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.