Canaã e Parauapebas vão segurar as pontas da Vale após tragédia de Brumadinho

Não por acaso, mineradora vislumbra perspectiva de ampliar sua produção de minério de ferro em S11D para 150 milhões de toneladas. Em Parauapebas, devem ser abertos N1, N2 e N3.

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A gulodice da China pelo minério de ferro saído do complexo de serras localizadas em Carajás é descomunal, e a Vale mira ampliar negócios no Pará nos próximos anos para alimentar o mercado transoceânico. No último trimestre, o minério produzido em Parauapebas, Canaã dos Carajás e Curionópolis ganhou bônus de 13 dólares por tonelada em decorrência de sua qualidade ímpar. Em reportagem publicada ontem (24) na Revista Exame (veja aqui), analistas estimam que o prêmio pela alta qualidade do minério deve despejar no caixa da Vale 3 bilhões de dólares em 2019.

A informação vai ao encontro do que o Blog do Zé Dudu já havia divulgado em reportagem do dia 12 de fevereiro, quando antecipou que haveria aumento de produção no complexo minerador de Carajás nos próximos anos para compensar a baixa no mercado do volume de minério saído das operações localizadas em Minas Gerais, por conta de demandas judiciais (confira a reportagem aqui).

Em recente apresentação ao mercado, a Vale anunciou o desejo — que fatalmente se tornará realidade a partir de 2021 — de ampliar a capacidade do projeto S11D para 150 milhões de toneladas por ano. Hoje, a capacidade nominal da mina de Canaã dos Carajás é de 90 milhões de toneladas, ainda não atingida.

Ampliação e exaustão em Parauapebas

As operações da Vale situadas em Parauapebas também devem receber novidades. As atuais minas de N4E, N4W e N5, detentoras dos maiores volumes de minério da Serra Norte, estão caminhando para exaustão, o que deve ocorrer até 2036. Para não ficar de braços cruzados no município após esgotar esses corpos, a Vale já se antecipou a ir ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pedir licenças para lavrar os corpos de N1, N2 e N3, todos os quais encravados no meio da Floresta Nacional de Carajás. No atual ritmo de lavra, esses corpos só garantiriam à Vale mais cinco anos de minério, o suficiente para ela embolsar alguns muitos bilhões de dólares.

É por isso que, para a mineradora, Canaã dos Carajás garante a cereja do bolo, sem pressa. Em Canaã está o maior volume de minério já medido, provado e provável, nos blocos D, C, B e A do corpo S11 — praticamente meio século de atividade com o melhor produto conhecido no mundo. A Vale terá muito o que fazer em Carajás — mas na parte do Carajás que se concentra dentro do município de Canaã, a “Terra Prometida”.

Atualmente, a cotação da tonelada do minério de ferro está na casa dos 120 dólares. Antes do rompimento da barragem de rejeitos da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), o preço estava na casa dos 74 dólares.