Canaã dos Carajás quer despejar R$ 30 milhões em água e esgoto

Autarquia responsável por saneamento básico local defende necessidade de ampliar rede para preservar lençol freático e garantir que população se exponha menos a verminoses e doenças

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A saideira do prefeito Jeová Andrade da administração de Canaã dos Carajás será marcada com a pompa e circunstância de um registro de preços milionário. O governo do gestor, que passou oito anos consecutivos no comando de um dos municípios brasileiros que mais enriqueceram no Brasil – de acordo com pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada ontem (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, autorizou para o próximo dia 29 a conferência de propostas comerciais que miram a aquisição de tubos e conexões para uso na manutenção, ampliação e modernização das redes de água e esgoto da cidade.

O custo estimado dessa derradeira canetada do governo Jeová? R$ 30.146.959,57. É dinheiro mais que suficiente para sustentar por um ano inteiro pelo menos 17 das 144 prefeituras paraenses. Municípios como Pau D’Arco, Sapucaia, Brejo Grande do Araguaia, Palestina, Abel Figueiredo e Bannach arrecadam menos de R$ 30 milhões por ano. As informações foram levantadas nesta quinta-feira (17) pelo Blog do Zé Dudu, dia em que o custoso registro de preços foi disponibilizado no mural de licitações do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Na verdade, o processo é de autoria do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Canaã, uma controlada da prefeitura para cuidar do saneamento. O órgão justifica que são necessárias e urgentes a ampliação e a modernização do sistema de abastecimento local porque a atual infraestrutura de saneamento não dá conta de atender as demandas de uma cidade que não para de expandir-se. “O quantitativo de residências com acesso à rede pública de água e esgoto é sobremaneira aquém do esperado,” destaca o Saae em nota para justificar o serviço milionário.

A autarquia reforça que, por conta do alargamento habitacional de Canaã, grande parte dos esgotos produzidos tem sido despejada em fossas sépticas inapropriadas, o que propicia a contaminação do solo e do lençol freático e tem potencial de impacto nocivo à saúde da população. Doenças de veiculação hídrica decorrentes da ausência de saneamento básico são comuns no Pará, onde as pesquisas relacionadas ao setor revelam índices vergonhosamente alarmantes de oferta e atendimento de água encanada e esgotamento sanitário. Falta água para 54,4% da população do estado e esgoto para 94,8%, as piores taxas combinadas do país.