Brasil não economiza na COP-28 e leva maior delegação ao evento

Governo justifica gastos como estratégia para a COP-30 que será realizada no Brasil em 2025
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante participação em evento de diálogo com a sociedade civil organizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, na Expo City Dubai – Action Lab Al Shaheen. Dubai - Emirados Árabes Unidos.

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O governo brasileiro não economizou nos gastos para levar a maior delegação, entre as 195 nações que participam da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, distante 11.400 km do Brasil. Segundo a Assessoria de Imprensa do Palácio do Itamaraty, a comitiva brasileira somou 1.300 inscritos, dos quais 400 são integrantes do governo e autoridades. A Índia, segunda maior delegação, compareceu com 725 inscritos.

O governo não quis informar os gastos com o evento que começou no dia 30 de novembro e prossegue até 12 de dezembro. O Brasil sediará a COP-30 em Belém, no Pará, em 2025. Em Dubai, montou o segundo maior stand do evento com 400 m², só perdendo em tamanho para os anfitriões.

Os Emirados Árabes Unidos são sete territórios agrupados num único país em meio ao deserto do Oriente Médio, são o quarto maior produtor e exportador de petróleo do mundo e a população é de 9,365 milhões, portanto, do tamanho da população do estado de Pernambuco, de acordo com os dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No segundo dia de debates, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) apresentou as estratégias para uma Amazônia sustentável e sem pobreza. O Pavilhão Brasil contou ainda com a presença do enviado presidencial especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, que afirmou estar entusiasmado para a COP-30.

Segundo a Secretaria de Comunicação do Governo (Secom), o Pavilhão Brasil na Conferência das Partes (COP-28) vem se consolidando como um local privilegiado para a troca de experiências entre os mais de 2.500 brasileiros que têm acesso à Blue Zone da conferência, que requer uma credencial especial para se acessada, tanto nos painéis nos auditórios quanto em reuniões ministeriais e bilaterais.

Entre as reuniões bilaterais, teve destaque a realizada entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e o enviado presidencial especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, que apoiou integralmente a realização da COP-30 em Belém: “Acho fantástico uma COP na Amazônia”.

Dubai, Emirados Árabes Unidos – Encontro com povos indígenas para marcha de entrada conjunta na COP-28. Ministra Sonia Guajajara e a presidenta da FUNAI, Joenia Wapichana, participaram do evento

A discussão sobre a Amazônia e sua preservação foi o destaque no segundo dia de painéis da Apex-Brasil na COP-28, reunindo governo, sociedade civil e empresas para debater estratégias essenciais para combater a pobreza e o desmatamento na região.

Entre os painelistas do primeiro bloco, estiveram presentes o presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, o presidente do Banco da Amazonia, Luiz Cláudio Lessa, o governador do estado do Pará, Helder Barbalho (MDB), a deputada Célia Xakriabá e a ex-ministra de Estado do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira.

‘’O Brasil está de volta, criando uma sinergia com o nosso passado, com o nosso presente, para que a gente possa ter um futuro melhor”, afirmou Jorge Viana. “O fato de nós termos a responsabilidade de ser a sede da COP-30 nos impõe uma mudança de atitude, de resgatar tudo o que nós aprendemos, para não repetirmos os erros, e reconstruir um ambiente de protagonismo para o nosso país”, enfatizou ele.

Ainda sobre a Amazônia, o auditório ficou pequeno para a quantidade de pessoas que foi assistir ao painel “Restauração florestal e bioeconomia – estratégias para enfrentamento ao ponto de não retorno”, durante o qual o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Aloízio Mercadante, apresentou o programa Arco de Restauração na Amazônia, uma iniciativa construída em parceria com o Ministério do Meio Ambiente de Mudança do Clima (MMA), que inclui, como primeira ação, a abertura do edital Restaura Amazônia, que destinará R$ 450 milhões do Fundo Amazônia a projetos de restauração ecológica de grandes áreas desmatadas ou degradadas.

O programa contribuirá para a restauração florestal em 24 milhões de hectares do bioma amazônico, localizado no chamado Arco do desmatamento, uma área com degradação consolidada devido à aplicação de técnicas não sustentáveis de manejo.

O painel contou também com a presença da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dwek, Jorge Viana, o cientista e conselheiro de administração do BNDES, Carlos Nobre, a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi e a representante do Instituto Arapyau e Colisão em Clima Brasil Floresta, Renata Piazon.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva ao centro e o governador do Pará, Helder Barbalho, durante participação em evento de diálogo com a sociedade civil organizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, na Expo City Dubai

O painel ‘’O Brasil e a Agenda 2030: estratégias de implementação dos ODS e cooperação internacional” contou com a palestra da socióloga Janja Lula da Silva, que reforçou a importância de políticas públicas no avanço do desenvolvimento sustentável e fortalecimento de ações que ajudem o Brasil a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

‘’Essa união, essa interface das ações dos movimentos sociais, da sociedade civil, das empresas privadas para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável, são fortalecidas com políticas públicas. Através delas, conseguimos resultados maiores e um governo mais comprometido’’, afirmou a primeira-dama, que é socióloga.

O painel contou ainda com palestras do Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macedo, do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e do Diretor Geral Brasileiro da ITAIPU Binacional, Enio Verri. A participação da Apex-Brasil e dos líderes brasileiros na COP-28 se esforçou em reforçar o compromisso do Brasil com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da região amazônica.

Sobre o Pavilhão do Brasil

O Pavilhão do Brasil é dedicado a debates internacionais, exibição de projetos e soluções desenvolvidas pelo País, mostrando o comprometimento brasileiro com o futuro comum e apresenta o país como exportador de soluções climáticas.

Mais de 120 painéis acontecem no pavilhão, nos quais serão apresentados casos de sucesso sobre agendas verdes, novas tecnologias para a redução do efeito estufa, proteção ambiental e cumprimento das metas climáticas.

A Apex-Brasil é cocoordenadora do pavilhão brasileiro em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática e Ministério das Relações Exteriores.

O pavilhão conta com o patrocínio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil (BB). Confira aqui, a agenda completa dos painéis que serão organizadas na Blue Zone durante a COP-28.

Sobre a Apex-Brasil

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem como principal objetivo impulsionar as exportações de produtos e serviços do Brasil no mercado internacional, além de atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia nacional.

Para alcançar esses propósitos, a Agência executa diversas iniciativas de promoção comercial, como participação em eventos centrais, missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à presença de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais e visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.