Bolsonaro é transferido para São Paulo após exames constatarem obstrução intestinal

Médicos não descartam nova cirurgia
Bolsonaro despacha no Hospital Albert Einstein, após uma das cirurgias ao qual foi submetido, em 2019

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Brasília – Sentindo-se mal há vários dias com sintomas de refluxo e contínuos soluços, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será levado de Brasília a São Paulo para passar por exames complementares e pode ter de se submeter a uma nova cirurgia de emergência no intestino. Segundo o Palácio do Planalto, a equipe médica que acompanha Bolsonaro constatou uma obstrução intestinal.

O presidente havia sido internado nesta quarta-feira (14) pela manhã no Hospital das Forças Armadas de Brasília (HFA) com dores abdominais e uma crise de soluço.

O cirurgião Antônio Luiz Macedo, que operou Bolsonaro quando ele sofreu um atentado a faca em 2018, foi chamado a Brasília para examiná-lo logo após o presidente ter sido internado. Foi Macedo quem tomou a decisão de levar Bolsonaro a São Paulo para avaliar a necessidade ou não de uma cirurgia. O governo não informou para qual hospital o presidente será transferido.

Além de ter sido o cirurgião que operou Bolsonaro no dia da facada, em Juiz de Fora (MG), Macedo também foi o responsável por outras cirurgias em Bolsonaro decorrentes do atentado. O presidente já foi operado seis vezes no intestino por causa da facada.

Em abril, Bolsonaro já havia afirmado que possivelmente passaria por mais uma cirurgia em 2021 — no caso, para corrigir uma hérnia abdominal. Mas essa operação seria agendada previamente.

Além da obstrução intestinal, que causa as dores em Bolsonaro, o presidente vinha reclamando há pelo menos uma semana de crises de soluços. O problema pode ter relação com medicamentos que ele precisou tomar por causa de uma cirurgia para implante dentário. Outros especialistas dizem que as crises de soluço podem ser resultado de estresse, refluxo gastrointestinal e até mesmo de espasmos no diafragma decorrentes da facada.

Durante sua live semanal da última quinta-feira (8), Bolsonaro chegou a falar do problema dos soluços. “Estou há uma semana com soluço, talvez não consiga me expressar bem nessa live”, alegou o presidente. Já nesta terça-feira (13), ele voltou a tratar do assunto em conversa com apoiadores. “Pessoal, eu estou sem voz. Se eu começar a falar muito, volta a crise de soluço. Já voltou o soluço.”

Compromissos cancelados

Os compromissos oficiais do presidente foram cancelados nesta quarta-feira (14).

A agenda da manhã de Bolsonaro previa, às 11h, um encontro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Essa reunião havia sido agendada no início da semana, com o objetivo de apaziguar o ambiente entre os poderes da República. Falas de Bolsonaro de que o país poderia não ter eleições em 2022 se não for aprovado o voto impresso causaram atritos do presidente com o Judiciário e o Legislativo.

Bolsonaro também participaria, às 8h, de uma reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19. Às 10h, no Palácio do Planalto, ele participaria do lançamento de um programa chamado Ações para o Novo Ensino Médio.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.