Black Friday 2023 tem a segunda pior venda da história no Brasil

Quatro empresas ganharam e não têm do que reclamar, enquanto as demais tiveram declínio nas vendas
Centro de Distribuição do Mercado Livre, em Cajamar, São Paulo

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Juros nas alturas e queda na média salarial global dos brasileiros foram os ingredientes responsáveis pela receita amarga experimentada pelas empresas que apostaram na alta das vendas do Black Friday 2023. Os números consolidadas nesta segunda-feira (27) apontam que a data — uma das mais importantes para as empresas de varejo e e-commerce —, foi a segunda pior desde que a promoção antes do Natal, se estabeleceu no país.

Até a última sexta-feira (24), os dados de monitoramento do tráfego do comércio eletrônico indicaram sinais de uma demanda fraca do consumidor, atribuída ao cenário de juros ainda elevados, apesar do início do ciclo de cortes pelo Banco Central, e de endividamento das famílias.

Os players estrangeiros, principalmente asiáticos, confirmaram as expectativas do mercado de apresentarem um maior sortimento e ofertas mais competitivas, avançando no mercado brasileiro, diante da crise financeira que se abateu nos grupos nacionais, como a Americanas, que entrou em recuperação judicial em janeiro.

Além disso, redes brasileiras como Casas Bahia e Magazine Luiza enfrentam dificuldades com redução de rentabilidade e aumento das despesas financeiras com o custo bilionário de suas dívidas.

As gigantes estrangeiras Mercado Livre (argentina), Amazon (norte-americana), Shein e Shopee (chinesas) tiveram os maiores ganhos no tráfego da web e de aplicativos na semana da Black Friday no Brasil, enquanto Americanas, Carrefour Brasil e Petz (brasileiras), apresentaram os declínios mais acentuados, apontou um relatório do Itaú BBA com os resultados preliminares da temporada de descontos, que continua com a Cyber Monday nesta segunda-feira (27).

O relatório do Itaú BBA, assinado pela equipe liderada pelo analista Thiago Macruz, apoia sua análise inicial nos dados da SimilarWeb, que mede o tráfego na internet, referentes ao intervalo de 1⁰ a 19 de novembro.

Nesse período, houve um fraco crescimento de 2% no tráfego na comparação anual, considerando uma amostra de varejistas. Isso não significa necessariamente conversões de vendas. Sugere apenas sinais iniciais de uma demanda de consumo mais fraca na Black Friday, ressalvam os analistas do Itaú BBA.

Dados preliminares recebidos pela NielsenIQ Ebit, consultoria em informações e insights sobre o comércio eletrônico no Brasil, reforçaram a leitura feita pela equipe do Itaú BBA, apontando um cenário de retração no e-commerce como um todo.

“Números prévios recebidos no sábado (25) mostram que a sexta e a quinta-feira registraram faturamento negativo de dois dígitos na média do mercado, puxados para baixo pelo desempenho negativo das categorias de telefonia, eletrodomésticos e informática”, informou a NielsenIQ Ebit, em comunicado.

Houve, no entanto, três categorias que ganharam destaques positivos: alimentos e bebidas, moda e acessórios e perfumaria e cosméticos.

“O consumidor adotou uma postura mais cautelosa. Ainda assim, ele demonstrou que está cada vez mais confortável em fazer suas compras online, o que se reflete no crescimento, por exemplo, da categoria alimentos e bebidas, que é algo que tem ganhado tração durante todo ano”, afirmou Osanai, em nota.

“Dos principais setores movimentados pela Black Friday, o de livrarias e papelarias foi o que apresentou a maior retração, com queda de 2,8%. Supermercados e hipermercados (-1,9%) e materiais para construção (-1,2%) também registraram baixa”, disse a Cielo, em comunicado.

Em termos nominais, excluindo os efeitos da inflação, o resultado da Black Friday 2023 ficou 0,8% abaixo do faturamento da data em 2019, antes da pandemia do coronavírus, acrescentou a Cielo.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.